Redenção mineira


             Em 2013, os dois títulos mais desejados pelos clubes brasileiros ficaram em Minas Gerais. No primeiro semestre, a Libertadores viu o Atlético Mineiro levantar a taça após emocionantes disputas de pênaltis na semifinal e na decisão. Na liga nacional, o Cruzeiro foi quem pode comemorar o título, tornando-se tricampeão brasileiro após uma campanha avassaladora. As conquistas devolveram não apenas troféus ao solo mineiro, mas também o ideal ofensivo nas campanhas campeãs de equipes brasileiras, apagadas nas trajetórias de Corinthians e Fluminense, que privilegiavam o setor defensivo nas mesmas competições, em 2012.
              A veia ofensiva do quarteto de frente do galo foi o destaque do atual campeão da América em seu caminho para tal. A movimentação de Bernard, Ronaldinho, Jô e Tardelli deixou muitas defesas perdidas, além de fazer a torcida vibrar inúmeras vezes. Já o vizinho azul montou praticamente todo o seu time e elenco em 2013, sob a orientação do treinador Marcelo Oliveira, que também assinou em 2013. Nilton, Bruno Rodrigo, Ricardo Goulart, Dedé, Dagoberto, Éverton Ribeiro e Júlio Baptista são alguns dos nomes que chegaram neste ano ao Cruzeiro. Diego Souza, outra negociação badalada, não deu certo e foi trocado pelo ex-corintiano Willian - que se tornou importantíssimo na campanha cruzeirense - com o Metalist, da Ucrânia. O recheado plantel explica a principal característica da raposa no caminho para o título: a rotatividade do time titular. Os onze iniciais alteravam-se constantemente, apesar do técnico contar com uma base fixa.
            No fechamento do ano, contudo, o tão esperado jogo Atlético vs Bayern de Munique acabou por não acontecer. À exemplo do Internacional, em 2010, o representante sul-americano do mundial de clubes não passou da semifinal e não pode medir forças com o campeão europeu, classificado para a decisão. Ainda que a derrota do galo para o Raja Casablanca, campeão Marroquino, por 3 a 1, não represente a falência do futebol brasileiro, como proposto por alguns, esta mostra que a vitória do congolês Mazembe em 2010 era mais do que um infeliz episódio isolado de pequena probabilidade de acontecer novamente. Assim como, em Copas do Mundo, nenhuma grande seleção pode encarar como fácil uma partida contra Chile, Nigéria, México, Japão ou Croácia, por exemplo, a semifinal do mundial de clubes mais ser tomada como preliminar. A preparação de um time brasileiro para o torneio deve ser para os dois jogos, e não somente para o possível, mas não garantido, confronto com o campeão europeu.
          Deve entristecer-se sim, o torcedor atleticano. Porém, este deve também lembrar que esta mesma temporada abrigou a maior conquista de seu clube, e de maneira nenhuma as lágrimas de tristeza após a eliminação na semifinal do mundial devem ter mais significado do que as de alegria, derramadas pelo título da Libertadores. Se o futebol brasileiro continua no mesmo degrau, o de Minas Gerais subiu algumas escadas em 2013. Enquanto as taças não ganham outro dono, poderá se ler na bandeira do futebol mineiro a frase ''Libertadores e brasileirão também''.
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Não é pela copa


             Escreveria sobre o sorteio da Copa do Mundo, fato de grande importância para o mundial de 2014, pois os integrantes dos oito grupos foram definidos e pode-se começar a vislumbrar como será, dentro de campo, o torneio do ano que vem. No entanto, eventos da Fifa parecem sucumbir para outras pautas. Em junho deste ano, durante a Copa das Confederações, manifestações tomaram o país, colocando as duas semanas de jogos em segundo plano. Desta vez, algo bem diferente das reivindicações da população foi o motivo de, apenas 2 dias após as chaves da Copa serem definidas, as discussões sobre futebol no país estarem voltadas para outro acontecimento.
           Como é costumeiro na rodada final do campeonato brasileiro, os jogos acontecem simultaneamente. Neste ano, oito partidas dividiram a tarde de domingo. Optei por assistir o até então candidato ao rebaixamento Vasco visitar o Atlético Paranaense, que asseguraria a vaga para a Libertadores com uma vitória. Esperava um embate aberto, emocionante e atrativo, dado o viés decisivo para ambas equipes. Logo aos 4 minutos de jogo, os paranaenses abriam o placar, com o capitão Manoel, embora o gol tenha sido dado para o autor do cruzamento, o incansável Paulo Baier. Mensurava as consequências que o gol iria causar no jogo e como os cariocas seriam afetados tática e psicologicamente quando um lamentável confronto entre torcedores dos clubes transformou parte das arquibancadas da Arena Joinville em um campo de guerra, nas quais as violentas cenas preocupavam não só os telespectadores, mas também os atletas que estavam em campo, ao ponto de fazer o zagueiro atleticano Luiz Alberto chorar. Quatro torcedores acabaram no hospital, e a ausência de óbitos foi surpreendente, tamanha a violência da briga de repercussão internacional. O jogo, após paralisação, retornou quando as outras partidas da rodada já haviam terminado. Meu interesse pela partida, porém, tinha se tornado nulo perante o massacre transmitido nacionalmente, naquele que era um dos jogos mais aguardados da rodada decisiva do brasileirão.
             O Vasco busca a salvação do rebaixamento ao pedir os pontos da fatídica partida, alegando que esta ficou paralisada por mais tempo do que é permitido no regulamento da CBF. Ainda que o chamado ''tapetão'' seja digno de repúdio, a reflexão sobre as cenas de Joinville não pode ser substituída pela questão do rebaixamento. Confrontos como este são recorrentes e é inaceitável a incapacidade brasileira em extingui-los, chegando ao ponto de não haver policiais no palco do confronto em questão, sob a alegação de que um evento privado deve contar com segurança da mesma natureza. Tomemos cuidado, contudo, com o questionamento de como isso acontece no país da copa. Nossa motivação como povo não pode ser parecer civilizado perante a festa de uma das organizações mais questionáveis do mundo, e sim, não assistir mais à cenas nas quais uma ''pessoa'' pisoteia e agride outra caída, indefesa. Se as manifestações de outrora não foram pelos 20 centavos, que a reconstrução do futebol brasileiro, passando pela mentalidade do torcedor, não seja pela copa.
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A nação agradece


            Colômbia. Três de fevereiro de 2011. Os noventa minutos do Pacaembu não haviam sido suficiente para o Corinthians encontrar as redes, e o alvinegro paulista corria atrás do prejuízo em pleno território inimigo. O Estádio Manuel Toro, em Ibagué - cidade colombiana capital do departamento de Tolima - seria palco daquela que seria uma fatídica data no calendário corintiano, devido à um acontecimento o qual nem o mais pessimista dos torcedores havia sido capaz de prever. O maior sonho da apaixonada torcida alvinegra estava em jogo. Uma simples vitória classificava o campeão dos campeões para tentar a sorte no torneio de maior desejo do clube, enquanto uma improvável e inimaginável derrota privaria o Corinthians de ao menos tentar alçar voos maiores durante a competição.
            Já era segundo tempo quando o inesperado aconteceu. Santoya, após passe de Murillo, chutou no alto da meta, e a tentativa do arqueiro corintiano de evitar o gol foi em vão. Os torcedores do Clube de desportes Tolima estavam em festa. O time colombiano abrira o placar, fazendo diminuir a massa de torcedores do Corinthians que acreditavam na classificação. Desestabilizado, o time do parque São Jorge demorou menos de 15 minutos para ver o placar se alterar novamente. Medina, atacante do Tolima, mandava de cabeça a bola para o gol, e colocava fim na participação corintiana na Libertadores daquele ano.
            A pressão para demitir Tite, naquele momento, era grande. O treinador, contudo, foi mantido em seu cargo, e comandou a reformulação do elenco, que perdia suas grandes estrelas. No final daquele mesmo ano, o pentacampeonato brasileiro era conquistado pelo Corinthians, provando que a decisão de manter o técnico foi correta. Ainda assim, ninguém poderia imaginar que o sabor amargo da eliminação ainda na fase preliminar da Libertadores daquele ano seria transformado na mais doce conquista já provada por um torcedor do Corinthians já na temporada seguinte. A tão almejada conquista veio já na próxima edição do torneio, e o título continental foi vencido de forma invicta pela equipe de Tite. A classificação para o mundial de clubes foi devidamente honrada, e o título foi conquistado pelo agora bicampeão do mundo.
            Na primeira metade de 2013, o sucesso continuou, com o título do campeonato Paulista e o a conquista da Recopa Sul-Americana, fruto do histórico 2012. No segundo semestre, porém, resultados ruins e um futebol abaixo das expectativas selaram a passagem de Tite pelo Parque São Jorge, e sua história com o clube não foi suficiente para garantir-lhe a renovação de contrato. O final de sua passagem no timão foi anunciado e, após o jogo com o Náutico, na Arena Pernambuco, no sábado (7), às 7 e meia da noite, Tite deixa o comando do Corinthians para entrar na história alvinegra como o maior treinador da história do clube. A palavra que melhor define Adenor Leonardo Bachi é vencedor, porém, só há um vocábulo que transmite o sentimento de cada corintiano para com Tite: obrigado.
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O título inesperado e repentino do Flamengo


     A primeira edição da Copa do Brasil em seu novo formato, que agora conta com os times que participaram da Libertadores do mesmo ano, além de ser mais longa, tendo seu fim em novembro, e não mais no meio do ano, teve como campeão o Flamengo, agora tricampeão do torneio. Após empatar fora de casa com o Atlético Paranaense, por 1 a 1, a equipe carioca venceu os visitantes na primeira decisão entre clubes do novo Maracanã, na quarta-feira (27), construindo o placar de 2 a 0 nos minutos finais de jogo. Elias e Hernane, artilheiro da competição com oito bolas na rede, foram os autores dos gols.
       Sem lugar garantido na fase final da Copa do Brasil, como os clubes provenientes da Libertadores 2013 e o Vasco, que herdou a vaga do São Paulo, que precisava disputar a Sul-Americana por ser o atual campeão da competição, o Flamengo passou por Remo, Campinense e o ASA (de Arapiraca) até chegar entre os 16 times classificados para as oitavas-de-final, única fase em que o time foi comandado por Mano Menezes. Até então, Jorginho, atualmente na Ponte Preta, tinha sido o treinador da equipe. Na caminhada flamenguista das oitavas até a final, os cariocas enfrentaram quatro dos cinco melhores colocados no campeonato brasileiro no momento do segundo jogo da final. Por ordem, Cruzeiro, Botafogo, Goiás e Atlético Paranaense caíram frente ao campeão rubro-negro.
       Peça chave para a conquista rubro-negra, Jayme de Oliveira assumiu o time seis jogos depois de o Flamengo conseguir a classificação contra o Cruzeiro, nas oitavas-de-final da Copa do Brasil, após demissão de Mano Menezes. Jayme estreou na Copa do Brasil frente o Botafogo, em seu segundo jogo como técnico do clube carioca. O até então interino havia perdido tal rótulo horas antes da partida, quando foi efetivado pela diretoria até o final da temporada. O treinador, já confirmado para o ano que vem, definiu um time titular e o fez jogar futebol, algo que seu antecessor não foi capaz, e pediu para sair por não se achar na competência de consegui-lo. Revelou-se, depois, que Mano havia sido contatado pelo Corinthians, insatisfeito com o trabalho de Tite.
        Dentro de campo, a recém-restabelecida confiança teve papel fundamental nos gols do oportunista Hernane, nas jogadas e dribles de Paulinho, que se revelou um bom segundo-atacante, e nas aparições surpresas - e decisivas - do volante Elias, campeão com o Corinthians em 2009, assim como Felipe, Chicão e André Santos, membros da defesa do atual campeão da Copa do Brasil. O time do Flamengo alegrou o reformado Maracanã, que recebeu 68 mil pessoas, ao levantar o troféu da Copa do Brasil, o qual conta agora com mais importância, após a inclusão dos participantes da Libertadores. O Flamengo de 2013 deixa lições para o próprio clube que, se seguidas da maneira correta, podem fazer o histórico estádio vivenciar muitos mais títulos do rubro-negro carioca.
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Não há mais vagas para 2014


          As 32 seleções que disputarão a Copa do Mundo do ano que vem estão definidas. Após inúmeros confrontos pelas eliminatórias continentais, completaram-se as vagas para o torneio que trará a atenção do mundo para o Brasil no período de junho e julho de 2014. O Brasil, de presença confirmada desde o anúncio da sede da competição, por ser o país-sede, terá a companhia da atual campeã Espanha no grupo dos cabeças de chave, além de Alemanha e Argentina, que completam a lista dos quatro favoritos com seu futebol leve e ofensivo, capitaneado, no caso dos sul-americanos, pelo atual melhor jogador do mundo, Lionel Messi. O pote um ainda conta com o bicampeão Uruguai, além dos menos assustadores Bélgica, Colômbia e Suíça, país que selecionou o Guarujá como centro de treinamento.
             A questionável escolha dos cabeças de chave feita pela FIFA, baseada no ranking da entidade, deixou Itália, Holanda e Inglaterra fora do primeiro pote do sorteio, e tais seleções podem figurar no grupo do Brasil, por exemplo. Portugal e França também fazem parte das equipes capazes de transformar uma chave em ''grupo da morte'', após conseguirem a classificação para a Copa na repescagem. Os portugueses contaram com quatro gols do fenomenal Cristiano Ronaldo para vencer os dois confrontos contra a Suécia de Ibrahimovic, autor dos gols de seu país no jogo de volta, em Estocolmo. 1 a 0 e 3 a 2 foram os placares. Já a França conseguiu reverter, em casa, a derrota de 2 a 0 sofrida em Kiev, após vencer os ucranianos por 3 a 0. Grécia e Croácia são os outros representantes europeus que precisaram da repescagem para ir à Copa do Mundo. Já a Bósnia-Herzegovina, única seleção estreante em mundiais que estará presente no Brasil, não precisou da segunda chance e garantiu a vaga direta, assim como a Rússia, que voltará a disputar uma Copa após não estar presente nas últimas duas edições. Os soviéticos, vale lembrar, já estão garantidos também para a próxima edição do torneio, por abrigar o evento.
           Os representantes africanos em 2014 serão os mesmos da última Copa, com a exceção da África do Sul, país-sede em 2010. Nigéria, Costa do Marfim, Camarões, Gana e Argélia são as equipes que carimbaram o passaporte para o Brasil. A Oceania, que não tem direito a uma vaga direta para o torneio, será representada pela Austrália, que migrou, no mapa da FIFA, para a Ásia, interessada em fugir da repescagem. As ''outras'' seleções asiáticas classificadas são Japão, Irã e Coreia do Sul. A manobra australiana foi executada em bom momento, pois o adversário do franco atirador oceânico, na repescagem deste ano, foi o México. Não deu para a Nova Zelândia. Estados Unidos, Costa Rica e Honduras, goleada pelo Brasil por 5 a 0 em um recente amistoso, completam os classificados das Américas do Norte e Central. Na América do Sul, apenas Chile e Equador vêm para a Copa além dos quatro cabeças de chave sul-americanos.
                Todos os oito campeões mundiais marcaram presença para o mundial do ano que vem, o que, além de engrandecer a conquista do campeão, garante o espetáculo dentro de campo. A brazuca, nome oficial da bola da copa, só volta a rolar no dia 6 de dezembro, às 13h, na Costa do Sauípe, na Bahia, para o sorteio dos grupos.
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Resta saber


      Alexandre se destacou cedo em sua profissão. Logo em seu primeiro ano como contratado profissional, seu potencial foi notado pelo grande mercado do seu campo de atividade, onde começara a atuar na metade do ano seguinte, levando o talentoso jovem para fora do seu país de origem. Lá, esperava-se que o prodígio atingisse o ápice, se tornando um dos maiores especialistas do mundo em sua área, além de encantar milhões com seu dom natural.
         Se o começo saiu como planejado, e o desenvolvimento gradual estava dentro dos parâmetros aguardados, o resto da trajetória de Alexandre no exterior foi desapontante. Impedido frequentemente de trabalhar devido à suas condições físicas, o brasileiro parecia sucumbir perante as altas exigências que seu trabalho demandava de seu corpo. A solução? Retornar para casa e voltar a trabalhar no Brasil, ainda que em outra empresa, e não aquela que inicialmente o revelou como um engenhoso funcionário.
          O novo contratante, no auge de sua história centenária, pagou rios de dinheiro para contar com os serviços do novo empregado, preparando-lhe um planejamento que visava restabelecer seu vigor físico, possibilitando mais dias de trabalho do que vinha sendo comum no exterior. O início, novamente, foi um sucesso. A adaptação foi rápida e cada vez mais Alexandre voltava a plenitude de sua forma. Seu bom desempenho ajudou seu grupo de trabalho em duas conquistas, uma delas internacional. Ainda assim, o funcionário não figurava na lista de empregados que iniciava a jornada de trabalho, pois o gerente relutava em recruta-lo para tal. Alexandre funcionava como uma peça de reposição de luxo, ainda que sua presença fosse pedida por grande parte dos clientes da empresa, a qual, até então, era líder de mercado.
          Quando o bom operário se tornou presença constante em tal lista, porém, a engrenagem entre os contratados já não funcionava como antes. Atingir o objetivo se tornou difícil, e dias e mais dias de labuta foram concluídos sem os resultados de outrora. A culpa estava longe de ser exclusiva dele, no entanto, o nome forte do empregado parecia atrai-la. Já longe de ser unanimidade, o peso caiu em suas costas quando, em uma reunião de cinco funcionários, Alexandre foi o último de três que falharam em sua função, fazendo sua empresa perder a vaga em um processo de licitação para um concorrente gaúcho.
           O insucesso foi o suficiente para irritar clientes e tira-lo da lista dos que iniciavam a jornada de trabalho. Desprestigiado, chegou a ter a sua demissão cobrada por alguns. Pouco mais de 15 dias dali, contudo, a situação mudou. A mesma tarefa em que falhou, naquela fatídica reunião, estava disponível. Alexandre pediu a caneta e, dessa vez, assinou o êxito como ninguém. Ao fim do expediente, disse para quem quisesse ouvir: Podem comparar os resultados: quando eu trabalho, eles são melhores.
       Resta saber se Tite e a diretoria corintiana vão entender o recado de Pato e permitir que Alexandre faça aquilo para que foi contratado: jogar futebol. Isso ele sabe de sobra para ficar sentado no banco até os 17 minutos do segundo tempo de um empate sem gols, vendo um jogador de meio-campo atuar na sua função de centroavante, ou ser queimado por um penal desperdiçado após inúmeros jogos de pífio futebol apresentado pela equipe.
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Enquanto isso, na Série C


        Em meio as necessárias discussões promovidas pelo Bom Senso F.C. visando a melhoria do futebol brasileiro, tornando-o mais profissional e rentável a partir de pontos que atingem majoritariamente a primeira divisão, 60 mil pessoas lotaram o Arruda para assistir a vitória do Santa Cruz por 2 a 1 sobre o Betim, pela Série C, no jogo que garantiu o acesso da equipe pernambucana à segunda divisão nacional após 6 anos de aflita espera, na qual o clube chegou a amargar a quarta divisão por três temporadas seguidas.
        O Santa Cruz atravessou 3 rebaixamentos em sequência a partir de 2006, algo até então inédito no futebol brasileiro. Rebaixado da Série A naquele ano, o desfiladeiro não teve fim até a equipe se encontrar na estreia da Série D, em 2009. Após três temporadas na quarta divisão, o Santa conseguiu se reerguer, sendo vice-campeão e conquistando a vaga para a Série C do ano seguinte, na campanha que teve a maior média de público do futebol brasileiro de 2011: 36.916 espectadores por partida. Em 2012 viria o segundo título do atual tricampeonato pernambucano, e o acesso para a Série B conquistado na atual temporada já faz os torcedores sonharem com a classificação para a elite do futebol nacional no ano que vem, que marca o centenário do clube.
        No jogo decisivo para o acesso, valido pelas quartas de finais da competição, o empate prevalecia até os 42 minutos de jogo, quando o xodó da torcida Flávio Caça-Rato colocou os mandantes na frente e deu números finais ao embate. Como na partida de ida a equipe Pernambucana venceu fora de casa por 1 a 0, um gol do adversário enquanto o 1 a 1 se mantinha significaria mais um ano na terceirona para o Santa Cruz, e seria do mineiro Betim a vaga para a Série B, pois o agregado dos confrontos terminaria em 2 a 2, e o critério de desempate (gols fora de casa) favoreceria o visitante. Além da vaga para a segunda divisão, o Santa conquistou lugar entre os semifinalistas do torneio, que disputam o título já com o acesso garantido.
        Pelas semifinais da Série C, o goiano Vila Nova empatou sem gols com o Sampaio Correia (MA), campeão da quarta divisão de 2012. A partida de volta acontece em São Luís, às 19h do sábado (9), com transmissão da TV Brasil. Já o Santa Cruz visita o Luverdense, do Mato Grosso - que chegou perto de conseguir o acesso no ano passado, quando perdeu nas quartas de finais para a Chapecoense, atual vice-líder da Série B - neste domingo (10), às 17h. O jogo de volta acontece no outro domingo (17), no mesmo horário. Ambos confrontos tem transmissão do SporTV.
        Com o título das duas primeiras divisões do futebol brasileiro virtualmente decididos, a Série C se torna prato cheio para o telespectador que busca por partidas decisivas e cheias de emoção, além de agradar os saudosistas que ainda clamam pelo formato de mata-mata. Enquanto o clima esquenta lá em cima, nas discussões por mudanças no nosso futebol, vale a pena acompanhar as partidas finais da Série C de 2013.
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Quatro vezes Vettel e contando


          36 vitórias, 43 pole-positions, 56 pódios e quatro títulos mundiais. Os impressionantes números se tornam ainda mais assombrosos pelo fato de Sebastian Vettel ter alcançado tais conquistas com 177 GPs disputados, o que lhe confere um aproveitamento de 30,7%, só atrás dos irreais números de Juan Manuel Fangio, que venceu 24 das 51 corridas que disputou na década de 50. Além de inegável fenômeno, o alemão também é prodígio, adjetivo que o acompanha desde a sua primeira corrida na categoria mais alta do automobilismo. Nela, a oitava colocação no GP dos Estados Unidos de 2007 garantiu ao piloto ser o mais jovem pontuador da F1, com 19 anos e 349 dias. Desde então, a trajetória de Vetel tem sido um prato cheio para qualquer amante do esporte que saiba reconhecer um gênio. O agora tetracampeão é o mais jovem piloto a conquistar tanto uma pole position quanto uma vitória e um pódio, no chuvoso e memorável GP de Monza de 2008. Já no ano seguinte, se tornou o mais jovem vice-campeão e, de lá pra cá, registrou seu nome como o mais jovem bi, tri, tetra e ''apenas'' campeão da categoria.
            Vettel é o quarto piloto que mais venceu corridas na história, atrás apenas dos grandes Ayrton Senna, Alain Prost e Michael Schumacher. Tetracampeão em sequência, feito que apenas Schumacher e Fangio tinham alcançado, Sebastian pode igualar dois recordes do compatriota heptacampeão ainda nesta temporada, caso vença as três corridas que faltam, totalizando 13 vitórias em uma temporada. O maior número de pódios e pole positions em um ano já é de Vettel. O marcante número de sete vitórias consecutivas, pertencente a Ascari e Schumacher, também pode ser derrubado, já que o atual número um vem de seis triunfos seguidos.
            Incontestáveis números e recordes servem para ilustrar o mágico talento de Vettel, porém, é ao assisti-lo pilotar que se é brindado pela chance de acompanhar o seu raro e grandioso talento. Sebastian oferece momentos únicos para o espectador, e emociona ao personificar a definição de pilotagem, como no último GP, na Índia. Ao cruzar a linha de chegada como tetracampeão, Vettel afirmou que ''um branco'' tomou sua mente, tirando-lhe as palavras. A ausência delas foi compensada na comemoração. O alemão brincou com o carro da Red Bull, levantando fumaça ao fazer ''zerinhos'' na reta do circuito. Enquanto o mundo saudava o tetracampeão, Vettel ajoelhava-se de frente para seu carro, aclamando a máquina que tão bem funciona como a extensão de seu corpo, que funde-se perfeitamente ao monoposto desenhado por Adrian Newey. A cena já faz parte da história do fenomenal alemão no livro das lendas das pistas, no qual o capítulo de Vettel está longe de ter um ponto final, assim como a sua parte no registro dos campeões do mundo. Neste, já pode-se ler o nome do grande piloto em alto e bom som por quatro vezes, em uma sequência que se assemelha ao cântico entoado por fãs do piloto e da Fórmula 1: Sebastian Vettel, Sebastian Vettel, Sebastian Vettel, Sebastian Vettel...
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Mudar para não esgotar


      Há quatro semanas, classifiquei o momento do Corinthians como uma ''entressafra''. De fato, o segundo semestre do clube neste ano ofereceu poucas memórias positivas para o mesmo torcedor que comemorou dois títulos na primeira parte do ano, e a expectativa para a temporada seguinte, ainda que a não participação na Libertadores amargue certo vazio em cada adepto alvinegro, não assusta. Porém, para que a virada do ano traga uma nova era de bons resultados, o rumo a ser tomado pelo clube não pode ser o da omissão cega e crente na resolução dos problemas com o simples passar do tempo. Ao contrário da minha análise anterior, novas técnicas de plantio são muito bem vindas pela lavoura corintiana, que aparenta não ter mais de onde retirar nutrientes do solo arado por Tite.
      Definição do termo ''esgotado'', não parece haver mais uma gota de onde se extrair algo novo do atual Corinthians. Adversários já não são mais surpreendidos e a equipe não consegue reencontrar o futebol de outrora. Tite promete, em cada entrevista coletiva pós jogo, buscar uma novidade. A escalação e o esquema tático, contudo, mantêm-se os mesmos, além da incapacidade de criar de jogadas e de mudar o jogo desinteressante que acompanha o time recentemente. O que não muda, também, é o status de Tite como ídolo do clube. Este sim é intocável, e não o emprego do treinador. A grandeza de saber a hora de encerrar uma trajetória, por mais bela que seja, deve existir, e cabe à diretoria corintiana tomar o próximo passo.
      Parte da direção do clube está disposta a tal desde que o atual e o ex-presidente se distanciaram quanto a permanência do treinador. Andrés tem de reconhecer que não é mais o homem forte do Corinthians, enquanto Mário Gobbi não pode deixar que orgulho e demonstração de poder político interfiram em uma eventual importante decisão. Enquanto a situação da cúpula esquenta, o elenco também atravessa os efeitos do desgaste. Danilo e Emerson já não produzem tanto como em outros tempos, enquanto Cássio e Guerrero, contundidos, devem voltar só no ano que vem. Se o atual momento pede ação, assistir a crise não é remédio para cura-la. Escolhas são necessárias, e nomes tem de ser riscados caso o destino do clube seja, novamente, o topo.
      O ápice atingido por este Corinthians, no ano passado, não foi a última cartada da atual era do clube. Em 2013, a temporada rendia bons frutos até agosto, quando a queda de produção culminou na falta de vitórias que tomaram setembro. Desde então, Tite sobreviveu a duas reuniões que questionaram sua permanência no comando da equipe, e nada de o time responder em campo. Os nove pontos conquistados até o momento em outubro foram suficientes para aliviar a situação corintiana quanto a zona de rebaixamento, mas os números estão longe de serem satisfatórios. Eliminado da Copa do Brasil, o Corinthians agora espera o ano acabar em meio a uma crise cercada por mal futebol e por um cabo de guerra político, no qual a corda já arrebentou e atingiu em cheio o clube. Só mesmo os mandatários que não notaram.
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Torcedores: contra ou a favor


      Ao ver o seu time bem, ganhando títulos e jogos e apresentando um bom futebol, os torcedores assumem papel essencial na boa fase da equipe, sendo presença constante na arquibancada, vibrando e apoiando o clube do coração. O amor, contudo, em uma má sequência de jogos, torna-se ódio e raiva. Não ao clube - o qual nunca perderá a estima que recebe -, mas a situação que este enfrenta. Um cenário como este, que passa longe de ser o único que motive brigas em um estádio, é a ocasião ideal para furiosos se juntarem com esquentados e protagonizarem não só uma lamentável cena que fere o bom comportamento e a ética esportiva, mas acaba por prejudicar o time que deveria estar sendo apoiado.
      Dentro dos estádios, confrontos não são raros e marcam indesejável presença nos campeonatos nacionais. Além das precauções que são tomadas pelos responsáveis pela segurança dos jogos, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), neste ano, não vem hesitando em punir a equipe dos torcedores envolvidos na confusão, o que ajuda a evitar os entreveros. Ao atingir o clube, a mensagem é passada aos que vão as partidas de suas equipes com a disposição de brigar. Ao faze-lo, estes serão causadores de árduas punições que prejudicarão os seus times. A ideia, pouco atrativa, acabará por se fixar na cabeça de quem frequenta as partidas, ainda que, para tal, este necessite ver a sua equipe perder alguns mandos de campo.
         Em 2013, o Corinthians foi quem mais sofreu com o punho firme das decisões do STJD. O clube, que no primeiro bimestre também foi punido na Libertadores, perdeu mandos de campo tanto no brasileirão, após a briga entre torcedores do alvinegro e do Vasco, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, como na Copa do Brasil. Nesta, a pena, aplicada por conta do uso de sinalizadores na partida de ida contra o Luverdense, foi retirada após recurso. Já na liga nacional, o campeão mundial só volta ao Pacaembu na 33ª rodada, contra o Fluminense, no dia 10 de novembro. Na Série B, o Palmeiras também não escapou das sanções após torcedores de duas organizadas do clube brigarem no jogo contra o Guaratinguetá, em julho. O clube perdeu o mando de duas partidas, ambas já disputadas, e só voltará a jogar no Pacaembu em 26 de outubro. O outro grande da cidade de São Paulo também pode ser punido, e não receber alguns jogos no Morumbi após o confronto entre torcedores do São Paulo e policiais militares no clássico contra o Corinthians, no dia 13.
       Todavia, não são apenas os torcedores que precisam entender que seus atos podem acarretar sérias consequências para seus times. As próprias entidades tem de sentirem-se responsáveis, até certo ponto, pelo comportamento de seus torcedores nos estádios. A dose de rigidez tomada pelo STJD tem de ser servida também aos clubes. Se a ideia é aniquilar as confusões nos estádios, emitir uma nota oficial que repudia as ações ocorridas e afirma não ter participação nas ações violentas cometidas por seus torcedores não é mais suficiente.
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A passos largos



        Ronaldo avisou. Ainda que o agora empresário preferisse que a joia fosse para o maior rival de seu atual time, o ex-atacante deixou claro o seu ponto de vista. Mano Menezes, enquanto técnico da seleção brasileira, partilhava da opinião e, mesmo após sua demissão, reforçou a análise. Enquanto ambas declarações dividiram torcedores e analistas esportivos, Neymar deu fim as conversas sobre os prós e contras de sua ida para a Europa e assinou com o Barcelona para testar na prática os efeitos de atuar pela equipe catalã.
        Neymar saiu um ano antes do término de seu contrato, que sempre era dado como o prazo de validade do atleta com a camisa do Santos. A antecipação foi aceita por todas as partes envolvidas e caiu muito bem ao ex-clube do atacante, que não o deixou escapar sem nenhuma compensação financeira. Aos torcedores do alvinegro praiano, não houve resquícios de nada além da gratidão pelas alegrias trazidas pelo craque. Neymar saiu pela porta da frente e agora era hora de encantar a Europa.
        Era justamente essa a dúvida que pairava entre aqueles que defendiam a permanência do camisa 11, que questionavam se Neymar estaria preparado para encarar o futebol europeu, visto o distinto ritmo de jogo, a marcação diferenciada, o forte poderio físico e o fato de ter de recompor o sistema defensivo. A preocupação era legítima. Entregar o maior talento futebolístico brasileiro do novo milênio para os cuidados de outros sem ao menos levantar tais questões seria um tremendo descaso. Porém, a Europa vem se mostrando uma ótima escola para o craque, e seu ensino terceirizado parece ter sido a melhor escolha visando a Copa do Mundo do ano que vem.
      Inquieto, Neymar comandou as ações ofensivas na partida contra o Celtic, da Escócia, pela Copa dos Campeões. O atacante encantou os espanhóis ao cumprir o papel que foi lhe dado na ausência de Messi, ao iniciar a jogada do único gol da partida e motivar a expulsão de um atleta adversário, além de exibir seus característicos dribles. A atuação digna de homem do jogo é uma prova de que o atleta amadureceu o suficiente para ser um dos principais nomes do Barcelona e liderar a seleção brasileira. Quando atuava pelo Brasil, a capacidade do jogador para tal era colocada em xeque.
        Com a genialidade que possui, nada é exagero para Neymar. A boa adaptação à e ao Barcelona vem deixando o craque a vontade no time, e os grandes jogadores que atuam ao seu lado tem grande parte neste processo. Agora, resta ao Brasil acompanhar Neymar pela televisão, enquanto o camisa 11 desfruta de melhores gramados e estruturas de treinamento, calendário e campeonatos mais organizados, viagens mais curtas, um só treinamento por dia e menos compromissos comerciais, encantando não só a Europa, mas também os compatriotas que chegaram a questionar o potencial da estrela que hoje brilha longe e caminha a passos largos para ser o melhor do mundo.
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Bom senso


         Parece lógico que a entidade responsável por um tesouro nacional cuide de seu produto, conhecido mundialmente como uma das marcas do país, mantendo-o, assim, como sinônimo não só do Brasil, mas também de excelência, além de lucrar com as ações implementadas visando a melhoria de tal relíquia. Contudo, a falta de planejamento e profissionalismo do futebol brasileiro obrigaram mais de 70 jogadores a reunirem um grupo que cobra nada mais do que o nome de tal organização: bom senso.
        Anunciado pela Confederação Brasileira de Futebol, CBF, na última sexta-feira (20), o calendário proposto para a próxima temporada não satisfez atletas da série A e B do campeonato brasileiro, o que serviu como estopim de um movimento que possui total potencial de representar um marco no desenvolvimento de nosso futebol, iniciando uma série de reformas necessárias, como a profissionalização dos árbitros e monitoramento eficiente nos estádios, além de poder ser o responsável pela reformulação da atual estrutura de marcação de jogos e campeonatos.
             Dentre os pontos citados pelo grupo, que já possui logotipo, página no facebook e no twitter, um planejamento especial para o pagamento dos salários dos atletas é um dos principais, além da instituição do limite de sete jogos por clube para cada trinta dias e de uma eventual adequação ao modelo europeu, no qual a temporada tem início no meio do ano. O pouco tempo de pré-temporada, período de preparação entre as férias e o início dos estaduais, também está na pauta. Neste ano, o Atlético Paranaense abdicou de jogar o estadual com o time principal, delegando a equipe sub-20 para a tarefa. O maior tempo e a preparação adequada parecem ter surtido efeito, visto a grande campanha da equipe no brasileirão.
          Alex, do Coritiba, é um dos membros do grupo, assim como seu xará do Internacional, os tricolores Rogério Ceni e Luís Fabiano, o zagueiro Edu Dracena e o atacante Alexandre Pato. Os experientes Zé Roberto, Júlio Baptista, Dida, Alessandro e Léo Moura também contribuem para o movimento, que ainda conta com pouco mais de 60 nomes. A CBF já avisou que aceita discutir tais questões com o grupo, mas nega qualquer mudança para o ano que vem, pois as datas serão limitadas devido a interrupção para a Copa do Mundo.
         As legítimas reivindicações do Bom Senso F.C. mostram que a CBF não reina o futebol brasileiro sem a fiscalização atenta de outros olhos esportivos mesmo após a implosão do grupo dos treze. Ações devem ser tomadas pela entidade caso esta queira ter jogadores entrando em campo em partidas de seus campeonatos. É evidente que uma greve ainda nem entra em cogitação, mas para que continue assim, é preciso reaver um princípio que muitas vezes parece estar em falta na mesa de comando do futebol brasileiro: o bom e agora renovado bom senso.
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Entressafra


         O Cruzeiro não serve para comparação. A fenomenal campanha da equipe mineira não funciona como base para avaliar o aproveitamento de outro time deste campeonato brasileiro. Por este motivo, não era desesperador o fato de o Corinthians ter virado o turno dez pontos atrás do líder da liga nacional. Contudo, com apenas três rodadas disputadas no returno, a distância entre os clubes aumentou para 19 pontos, e embora as três vitórias anotadas pela raposa não surpreendam, a ausência de pontos conquistados ligaram o sinal de alerta do atual campeão mundial.
       Antes da atual ''crise'' começar, o Corinthians emendou uma série de onze jogos sem perder no brasileirão. Ainda que cinco destes foram empates, os quais abusavam da paciência dos torcedores, os resultados eram inegáveis. Apenas três gols foram tomados em tais partidas, e a defesa, que não era vazada mais de duas vezes em um mesmo jogo desde o campeonato paulista, era um dos pontos fortes da equipe. Os números, porém, enganavam. Quem assistia a equipe atuar percebia a notável falta de criatividade que tomava o meio-campo e deixada os atacantes - que também tem sua parcela de culpa - pouco munidos.
      Os mesmos números que antes mascaravam um time apático agora traem o clube. A seca de vitórias, iniciada após a ilusória goleada sobre o Flamengo, já dura cinco jogos. Os numerais são ainda mais cruéis. Cinco gols foram tomados nas últimas três partidas e apenas três pontos separam o São Paulo, que virou o turno na zona de rebaixamento, do rival que ainda sonha com uma vaga para a Libertadores. A torcida, impaciente, clama por mais vontade dos atletas. A imprensa, por sua vez, cobra inovação do treinador, que já alertou para o elenco fragilizado com o qual trabalha, se comparado com o passado recente do clube. Já os jogadores falam em levantar a cabeça e trabalhar forte para recuperar o caminho das vitórias. Nesta ordem.
          Demitir Tite não é a solução. Se Muricy fez renascer o São Paulo com a sua contratação, o efeito no Corinthians seria o contrário. Não há ninguém no mercado com tamanho conhecimento do elenco e do clube como o que ocupa o cargo atualmente, enquanto a capacidade do treinador não precisa ser comentada. Trocar o semeador da plantação faria a lavoura ter de se acostumar com novos métodos e técnicas, alterando a próxima safra, que muito possivelmente não tardará, além de ser frutífera. Não há dúvidas de que o alvinegro achará o caminho do sucesso novamente, deixando a atual entressafra para trás. Em um campeonato com o meio de tabela tão equilibrado, uma vitória contra o líder Cruzeiro, no domingo (22), pode significar a retomada do timão no ano, ainda que o mais provável seja uma derrota. Neste caso, há quem diga que o Cruzeiro não sirva para comparação.
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Vermelho cor de gelo


         Felipe Massa não resistiu a mais um ano de desempenho abaixo do esperado na Ferrari. Após oito temporadas na Fórmula 1 pela equipe, Kimi Räikkönen substituirá o brasileiro após assinar por dois anos com a escuderia pela qual foi campeão mundial em 2007. Massa passa agora a procurar por uma vaga no grid, para garantir que a bandeira brasileira não fique sem representantes no início de uma temporada da categoria máxima do automobilismo pela primeira vez desde 1970.
           No entanto, a situação não é desesperadora. O assento vago deixado por Räikkönen, na Lotus, é a melhor opção para Massa, e os dirigentes da equipe já disseram que o vice-campeão de 2008 está na lista de prováveis contratados. O alemão Nico Hulkenberg é o maior concorrente pelo carro. Ainda entre as equipes do ''primeiro escalão'', a McLaren pode pintar como surpresa. A inconstante temporada do mexicano Sergio Pérez com os ingleses pode contar a favor do brasileiro. Com Mercedes e Red Bull sem vagas disponíveis, qualquer outro contrato assinado por Massa implicaria em um carro teoricamente não competitivo.
         Já a Ferrari sai da zona de conforto estabelecida pela própria equipe em 2010, ano em que a escuderia antecipou a engatilhada contratação de Fernando Alonso devido à incerteza do retorno de Felipe após o grave acidente da temporada anterior. Com Massa recuperado, Räikkönen perdeu a vaga para o espanhol, deixando claro a opção dos italianos por não ter dois ''primeiros'' pilotos em seus carros, diretriz que imperou na equipe durante todo este milênio. Ainda sob contrato, o que impossibilitou o acerto imediato com outra equipe do grid, Kimi continuou recebendo salário da Ferrari durante o primeiro dos dois anos em que permaneceu fora da F1.
         Retornando à escuderia em que se sagrou campeão após dois anos de pilotagem soberba pela Lotus, Räikkönen deixa Alonso sozinho no que diz respeito a seus resultados. Enquanto a função de Massa na equipe era privilegia-lo, chegando a lamentável função de servir de escolta nas seções de classificação, fornecendo o vácuo e fazendo Alonso andar mais rápido, Kimi chega para tentar repetir o feito conseguido em sua primeira passagem pela equipe vermelha: ser campeão. Agora o espanhol não contará com as ultrapassagens ordenadas pelo rádio em cima do companheiro de equipe, por exemplo.
         Alonso terá de ser o homem que não foi em 2007, quando saiu de sua casa, a Renault, para se unir a McLaren. Lá, Lewis Hamilton, em seu primeiro ano de F1, não permitiu ser tratado como segundo piloto. No ano seguinte, Hamilton se tornava campeão mundial enquanto Alonso estava de volta à Renault. Não é à toa que muitos o chamem de mimado.
         Alonso deveria aprender com Vettel, seu carrasco dos anos de Ferrari. O fenomenal alemão - que não conta com a ajuda descarada de seu companheiro - prefere pilotar ao invés de apelar para polêmicos jogos psicológicos via imprensa. Esse é o caminho para Alonso finalmente ser campeão com o carro vermelho. Ironicamente, tais características se encaixam mais em Räikkönen. Não é à toa que muitos o chamem de ''homem de gelo''.
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A semente: Quem manda no futebol brasileiro?


       Dentro de campo, Alex dispensa apresentações. O meia, após fazer história no Palmeiras e no Cruzeiro, desfilou seu futebol em gramados turcos por pouco mais de oito temporadas. Já com 35 anos, retornou ao clube que o revelou, o Coritiba, e vem conduzindo a equipe paranaense na campanha que coloca o time entre os quatro melhores colocados do Campeonato Brasileiro. No entanto, quem pensa que a complacência é o segredo de tanto sucesso, se engana. Alex, não tendo receio de expressar sua opinião, afirmou, em recente entrevista, que a CBF é apenas uma sala de reuniões, e quem realmente cuida do futebol brasileiro é a Globo.
       Entre outros desabafos concedidos ao diário Lance!, este se sobressaiu, por expor uma suposta e preocupante condição de nosso futebol, o qual, apesar de todo o potencial econômico e esportivo que apresenta, fica aquém do aceitável em quesitos de organização, estrutura, planejamento e formulação de um produto que interesse aos mais variados países fãs do esporte que o Brasil tem como preferido. Quando algo de positivo acontece, por aqui, o motivo de tal melhora costumeiramente está longe de ser uma ideia planejada pela Confederação Brasileira de Futebol, com o claro intuito de promover a evolução das competições nacionais.
       A ilustração desse lamentável panorama são alguns dos estádios construídos para a Copa do Mundo do ano que vem. O Brasil assistiu à reformulação do conceito de arenas futebolísticas ao redor do mundo calmamente, e só ''decidiu'' fazer parte deste movimento de modernização quando lhe foi imposto. Não há um projeto verdadeiramente funcional voltado ao desenvolvimento dos clubes, seja em suas estruturas, condução financeira ou venda de ingressos. A falta de metas a serem atingidas comumente pelos clubes e, assim, pelo futebol brasileiro como um todo, é grave e assusta.
       A situação é ainda mais alarmante, pois o problema dos estádios continua. Alguns dos recém construídos foram entregues a consórcios de administração privados. Altamente criticados, os grupos não são capazes de organizar simples partidas da liga nacional em suas posses - erguidas com dinheiro público, vale lembrar -, e aberrações, como o Consórcio Maracanã estudar devolver o estádio de mesmo nome ao governo do estado acontecem. Jogos com públicos pífios, algo corriqueiro, acontece até mesmo nas novas arenas. Um estádio de última geração abrigando uma partida com um décimo de sua capacidade total é a imagem perfeita do grande potencial que o futebol brasileiro possui, mas que lhe é negado atingir pelo descaso do órgão ''competente'', que trata o que deveria cuidar com enorme zelo com negligência, menosprezo e desdém.
       Ao expressar seu ponto de vista, Alex abre portas para um possível futuro em que pessoas realmente interessadas em cuidar do rumo de nosso futebol façam-no. Quem sabe, quando pendurar as chuteiras, o meia possa se aventurar no venenoso mundo que ajudou a expor, e ajudar a semente que plantou a não morrer no podre terreno contaminado por anos e anos de má gestão, desonestidade e completa negligência para com o futebol brasileiro.
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Para quem gosta de mata-mata


          O ano de 2013 trouxe um novo formato da Copa do Brasil para o futebol brasileiro. Mais longa, a competição agora inclui os participantes da Libertadores do mesmo ano, que entram direto na fase de oitavas-de-final, que se iniciará no dia 21 de agosto. Antes, ambos torneios aconteciam no mesmo período da temporada, o que enfraquecia a importância da taça caseira por deixar algumas das melhores equipes brasileiras fora da disputa.
           O Vasco, melhor colocado do Campeonato Brasileiro do ano passado dentre as equipes que ainda não contavam com a vaga direta para a taça nacional, preencheu o lugar deixado pelo São Paulo, que não participará da Copa do Brasil por ter de disputar a Sul-Americana, após vencer a edição anterior do torneio e garantir vaga para a deste ano. O clube carioca junta-se a Corinthians, Atlético-MG, Grêmio, Fluminense e Palmeiras na lista de seis times diretamente classificados para as oitavas.
           Com o sorteio realizado, os confrontos da fase que reúne os dez sobreviventes de algumas rodadas da Copa do Brasil com os seis previamente classificados estão decididos. Corinthians e Internacional devem ter vida fácil por enfrentarem os menores Luverdense e Salgueiro, respectivamente. Já o Santos, que confronta o Grêmio, pega um adversário mais próximo de seu nível, assim como o Palmeiras, que jogará contra o Atlético-PR. Do outro lado da chave, as partidas entre Atlético-MG x Botafogo e Flamengo x Cruzeiro deixam o teórico favoritismo para o lado de Minas Gerais, enquanto os cariocas devem triunfar nos encontros entre Fluminense x Goiás e Vasco x Nacional.
           No entanto, apesar de o novo formato tenha trazido os participantes da Libertadores, este também criou um novo dilema: A Sul-Americana virou prêmio de bonificação para as equipes que caírem antes das oitavas da Copa do Brasil, que oferece vagas do torneio internacional para os oito melhores classificados no Brasileirão anterior. Este sistema fez com que o rebaixado Sport, que enfrenta o rival Náutico na fase preliminar do torneio, ganhasse vaga na Sul-Americana, além de promover os novos integrantes da série A Criciúma e Vitória, que jogaram contra Ponte Preta e Coritiba, respectivamente, para a competição. Tais confrontos fazem de Portuguesa x Bahia o único jogo da fase nacional da competição em que não há um clube que não foi rebaixado ou promovido na última temporada. Os vencedores destes quatro jogos se unem ao São Paulo nas oitavas-de-finais da Sul-Americana.
           Embora os participantes brasileiros da Libertadores agora participem da Copa do Brasil, as vagas da Sul-Americana serão preenchidas por equipes mais fracas do que as qualificadas pelo formato anterior. Se um grande problema foi anulado, criou-se outro que precisa de correção imediata. Ainda assim, o segundo semestre agora conta com outra importante competição nacional além do Brasileirão, e a Copa do Brasil será prato cheio para quem gosta de mata-mata.
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Santos de casa



         Quando a mais recente joia criada na Vila Belmiro acertou sua transferência para a Europa, para jogar no poderoso Barcelona, muito se falava sobre a decadência que a equipe santista iria sofrer. Era inegável que a perda de Neymar significaria muito para o Santos, e alguns até alertavam para a possibilidade de rebaixamento, fato inédito na história do clube. Porém, após a demissão do ex-treinador Muricy Ramalho, muita coisa mudou no alvinegro praiano, não só eliminando o pessimismo de alguns torcedores, mas dando-lhes uma nova esperança para a continuidade da temporada.
         Um pedido comumente feito por torcedores, ao ver o seu time apresentar um futebol abaixo da média, é que sua equipe ''jogue simples''. Essa dica foi aplicada não no time, mas na diretoria do Santos que, após não conseguir acertar com os internacionais Marcelo Bielsa e Gerardo Martino, agora técnico do atual clube de Neymar, resolveu tocar a bola de lado e manter os negócios em família quando promoveu Claudinei Oliveira, ex-treinador da base, para o time principal. Além de diminuir e muito os gastos anteriormente exorbitantes com a comissão técnica, os resultados apareceram dentro de campo: foram quatro vitórias, três empates e apenas uma derrota nos primeiros nove jogos sob a tutela do novo comandante.
     Nessa caminhada surpreendente, uma nova geração de meninos da Vila vem tendo papel fundamental. Os jovens jogadores passaram a ter chances na equipe titular, e pouco a pouco foram sendo relacionados e aproveitados em confrontos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. Leandrinho, Neilton e Giva, os mais utilizados, se juntam a Gabriel (Ex-Gabigol), Léo Cittadini, Alan Santos e Victor Andrade nos nomes que podem agregar qualidade e opções ao bom elenco santista. Se do meio pra frente, um time só de ''gente grande'' contaria com Renê Júnior, Arouca, Cícero, Montillo, Thiago Ribeiro e Willian José, que formam uma equipe no mínimo competitiva, cabe a Claudinei a tarefa de mesclar as gerações, criando um time forte e equilibrado, e guiar seus comandados a uma classificação final respeitável na liga nacional.
         Fonte aparentemente inesgotável de novos talentos, a Vila Belmiro parece ter recebido uma nova leva que pode levar o Santos a grande lucros, seja na sala de troféus ou nas contas bancárias do clube. Dentro de campo, a molecada pode agregar muito à equipe santista, colocando o time novamente na lista de melhores do Brasil, além de continuar invalidando ditos populares quando o assunto é o Santos. Lá, um raio cai mais de uma vez em um mesmo lugar, e não há milagre mais frequente do que um feito por um santo de casa.
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Eu não acredito!


        O Atlético Mineiro se juntou ao seleto grupo de clubes brasileiros campeões da América ao vencer o Olímpia por 2x0 e ganhar, nos pênaltis, a decisão da Libertadores de 2013. O título representa a maior glória de uma das maiores e mais apaixonadas torcidas nacionais, que agora pode sentir um orgulho diferenciado ao vestir a camisa de seu time. Ainda que o uniforme atleticano sempre foi alegremente estampado no peito de milhões, a sensação de pertencer ao lado alvinegro de Minas Gerais nunca foi tão satisfatória como agora, momento em que o Galo se torna o décimo time brasileiro a possuir o título de campeão continental.
        O título liberta não só o Atlético do rótulo de ''cavalo paraguaio'', adquirido pela falta de grandes e recentes conquistas, mas representa um marco na carreira de seu treinador, Cuca, que mesmo fazendo belos e constantes trabalhos, ouvia constantemente o adjetivo ''azarado''. Ronaldinho Gaúcho, ao faturar a Libertadores, adicionou o troféu a sua vasta lista de conquistas, fazendo com que o majestoso futebol apresentado pelo craque deixe de fugir dos livros de história temporada após temporada e fique marcado como peça fundamental na equipe atleticana que conquistou a América.
        Se a forte e leal marcação do Corinthians campeão do ano passado mostrou que a quantidade de faltas cometidas não é sinônimo de sucesso, e um time moderno e organizado pode erguer o troféu, o Atlético Mineiro de 2013 propôs que a ideia de ter o ataque como prioridade não é tão inviável na Libertadores. Foi dessa forma que o Galo ampliou a sequência de títulos conquistados por clubes brasileiros para a inédita marca de quatro troféus seguidos.
        Acidentado, o percurso do Atlético Mineiro na Libertadores poderia ter terminado no pênalti que Victor defendeu no segundo jogo das quartas-de-finais. Caso convertido, o Galo não iria para as semifinais. Foram nelas que a frase ''Eu acredito'' veio à tona. O placar de 2x0 do jogo de ida foi revertido pelo Atlético no tempo normal do segundo jogo, antes de Victor se agigantar nas cobranças de pênaltis e colocar seu clube na Final, na qual a difícil tarefa de reverter o 2x0 se repetiu, assim como o grito de fé dos torcedores. Grito este que fez o Galo cantar, acordando a torcida atleticana de um sonho, transformando-o em realidade. O título estava conquistado, e o troféu estava lá, para os jogadores erguerem.
        Contudo, acreditar nos placares revertidos pelo Atlético, nas defesas históricas de cobranças de pênaltis que acabaram nas mãos de Victor e na história do título não é tarefa fácil. É algo que, assim como muito do que se passa no futebol, necessita de tempo para ser assimilado. É por isso que, talvez, a frase que melhor descreva a trajetória do Galo na Libertadores de 2013, seja parecida, porém diferente da ecoada pela torcida. É possível que ela seja: ''Eu não acredito''.
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Altos e baixos


  O futebol é feito de altos e baixos para equipes e jogadores. Seria incomodo e desencantador se o destino e o resultado de jogadas, partidas e campeonatos fossem facilmente previstos antes do momento de maior emoção do esporte: o jogo. No onze contra onze, caem os tabus, as estatísticas, as análises e o que ''deve ser''. O placar passa a ser tão imprevisível quanto a vitória é desejada por torcedores e atletas. Talvez seja este um dos fatores que constituem o indescritível momento de estar no topo, podendo gritar ''É campeão''. Para os torcedores do Corinthians, a sensação, que já perdura há algum tempo, continuará após o inédito título da Recopa Sul-Americana.
  O pentacampeonato brasileiro, seguido do título da Libertadores e do Mundial, se juntam ao Paulista e a Recopa de 2013 para representar o ponto mais alto da história do clube alvinegro. Seu adversário na decisão da última glória, o São Paulo, atravessou anos similares de 2005 a 2008, sendo campeão Paulista, da América e do mundo antes de levantar três troféus do campeonato nacional em sequência. Uma seca de títulos acompanhou o clube desde então, até a conquista da Sul-Americana de 2012 credenciar o tricolor para disputar a Recopa. No momento de tal confronto, uma má-fase frequentemente confundida com crise só atrapalhou a equipe, que chegou a demitir o antigo treinador no período entre as duas partidas da final. Porém, não tardará para que o time do Morumbi reencontre seu caminho e saia de baixo, embora o tempo para ascender ao topo possa ser um pouco mais demorado.
  Outro clube que busca uma glória jamais atingida é o Atlético Mineiro, que decide a Libertadores da América de 2013 na próxima quarta, 24. A equipe avançou heroicamente nas duas etapas anteriores, necessitando dos pênaltis para garantir a classificação em ambas oportunidades. Porém, para o título dos mineiros, um milagre maior do que o da semifinal, quando o Galo reverteu a derrota de 2x0 sofrida no jogo de ida, é necessário. O placar do primeiro jogo da final contra o Olímpia foi o mesmo, e ainda que, na final, a ausência de gols fora de casa como critério de desempate ajude o Atlético, dando o mesmo valor para os gols marcados na decisão independente do mandante da partida, um velho observador do esporte diria que final é final, e vice-versa.
  Sabendo disso, o torcedor do Atlético tem consciência de que a missão de sua equipe é a mais difícil a ser enfrentada pelo Galo na Libertadores. Sabe que o duro golpe sofrido no Paraguai pode significar a perda do título, o distanciamento do sonho. Porém, seria incomodo e desencantador se o destino e o resultado de jogadas, partidas e campeonatos fossem facilmente previstos antes do momento de maior emoção do esporte: o jogo. No onze contra onze, caem os tabus, as estatísticas, as análises e o que ''deve ser''. O placar passa a ser tão imprevisível quanto a vitória é desejada por torcedores e atletas. Será sabendo disso que a torcida do Atlético Mineiro encontrará esperanças para, quem sabe, vivenciar um dos fatores que constituem o indescritível momento de estar no topo, e gritar pela primeira vez em sua história na Libertadores: ''É campeão''.
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América para os Brasileiros


            Após obter a melhor campanha na fase de grupos, ganhando cinco de seis partidas, o Atlético-MG continuou a caminhada na Libertadores passando por São Paulo e Tijuana, nas oitavas e quartas-de-final, respectivamente. Com a vantagem de decidir seus jogos em casa, o Galo se tornou, na fase semifinal, o único representante brasileiro na competição. Classificado para a final, é do clube alvinegro a chance de trazer a taça pela quarta vez seguida para o Brasil, fato tão inédito quanto a conquista do torneio por parte da equipe mineira.
            Precisando reverter o placar do jogo de ida, no qual o Newell’s Old Boys venceu por 2x0, na Argentina, o Atlético-MG não poderia esperar por um início melhor. Logo aos 3 minutos, Ronaldinho Gaúcho deu belo passe para Bernard abrir o placar e trazer o sonho da torcida para mais perto da realidade. Porém, a distância foi aumentado conforme a equipe do técnico Cuca criava chances e mais chances, sem convertê-las em gol. O primeiro tempo foi de superioridade de um Galo capaz de colocar em prática o seu futebol, ainda que seu adversário representasse um perigo constante, marcando bem e saindo ao contra ataque em várias oportunidades.
        O cenário não se alterou na segunda etapa, contudo, o tempo ia passando e a apreensão da torcida, crescendo. Esta atingiu o ápice da aflição quando os refletores da Arena Independência pararam de funcionar, há pouco menos de 15 minutos para o final da partida. O treinador usou o tempo para colocar os ânimos em ordem, além de promover, já com o jogo retomado, duas alterações que mudariam o rumo do resultado. Guilherme e Alecsandro entraram no Galo, que já tinha Luan, que foi a campo pouco antes da paralisação, como novidade. Com as luzes ainda apagadas, a torcida gritava ainda acreditar na equipe que, dentro de campo, representava o único meio de realizar o sonho dos milhões de atleticanos que poucas vezes estiveram tão desejosos por um gol em sua história.
           A finalização salvadora veio, após um bate e rebate na área que fez a bola encontrar Guilherme. O atacante, de fora da área, dominou e emendou para o gol de um vencido Guzmán. O sonhado placar não se alterou até o término da partida, levando a decisão para os pênaltis. Quando a série estava empatada em 2x2, um raro desperdício de quatro cobranças em sequência fez a última antes das alternadas ser decisiva. Ronaldinho fez o dele, se curvando para a torcida na comemoração. Victor, herói das quartas-de-finais, defendeu o chute de Maxi Rodrigues e colocou o Atlético Mineiro na primeira final da Libertadores de sua história.
           A equipe brasileira enfrenta na próxima quarta-feira, 17, o uruguaio Olímpia, tricampeão da Libertadores, pelo primeiro jogo da final. O embate entre Corinthians e São Paulo, valendo a Recopa Sul-americana, estranhamente marcado para o mesmo dia, trará outro triunfo continental para o Brasil, que poderá pintar a Libertadores de verde e amarelo por quatro vezes consecutivas pela primeira vez.

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O gigante acordou


        A derrota frente o Uruguai, que calou o Maracanã na decisão da Copa do Mundo de 1950, não é a única memória que ficou da Copa que poderia representar a primeira estrela na camisa do Brasil. A semifinal, jogada três dias antes no mesmo palco da fatídica decisão, credenciou a equipe nacional para a final após aplicar uma goleada de 6x1 na Espanha. Quando a partida estava 4x0, a torcida celebrou cantando a marchinha ''Touradas em Madrid'', em um episódio que ficou na história do futebol brasileiro.
        De lá pra cá, muito mudou no futebol, incluindo cinco Copas conquistadas pelo Brasil, o que transformou o país no mais respeitado quando o assunto é futebol. Gerações encantaram o mundo com equipes marcantes e jogadas que só a seleção canarinho era capaz de fazer. Após o tri da era de ouro do considerado país do futebol, 82 encantou, mas foi 94 que conseguiu o tetra. Oito anos depois, lá estava a seleção no alto, novamente, conquistando seu último título mundial até hoje, o exclusivo pentacampeonato.
        Nos anos mais recentes, contudo, outra seleção vem fazendo aquilo que o Brasil conseguiu por tantas vezes: encantar o mundo e dominar o cenário do futebol mundial. A caminhada da Espanha começou na Eurocopa de 2008, conquistada assim como na edição seguinte, em 2012. No meio das competições a fúria ainda conquistou seu primeiro mundial. O único título que faltava para essa vencedora geração, a Copa das Confederações, poderia ser tentada em 2013, e quis o destino que a decisão fosse justamente contra a única seleção de peso que a fúria ainda não havia enfrentado nesta recente história: o Brasil.
        Não existia palco melhor para a partida, e o mesmo Maracanã - ainda que reformado e parcialmente desfigurado - de 63 anos atrás estava lá para receber o atual bicampeão do torneio e dono da casa contra o ''o Brasil de hoje'', como supôs Fernando Torres, atacante da Espanha na véspera do jogo. A desconfiança da mídia e da torcida era grande, e a vitória estava imensamente longe de ser uma certeza. Mas, como nenhuma certeza entra em campo, o onze contra onze começou, e menos de dois minutos de partida depois, o Brasil já liderava o confronto. O domínio brasileiro permaneceu durante o resto do primeiro tempo, e no final deste o placar se alterava, ampliando a vantagem brasileira. No comecinho da segunda etapa a rede balançava novamente: Brasil 3, Espanha 0, resultado final.
        Acabando com a série de 29 jogos sem perder do adversário, o Brasil engoliu a Espanha por todos os 90 minutos e o 3x0 refletiu o domínio conseguido pela equipe brasileira. De um dia para o outro, a seleção havia recuperado o seu prestígio futebolístico no cenário mundial, fazendo qualquer um que assistiu à partida lembrar o que representa a eterna camisa amarela. A frase que mais ecoava do lado de fora dos estádios, durante manifestações que reivindicavam um país melhor, caiu muito bem para representar o 30 de julho de 2013. Dia em que, diante de uma histórica e vencedora equipe, o gigante acordou.
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O que vale é competir



Quem nunca ouviu esta frase, sobretudo, nos tempos de infância? Eu, contudo, nunca concordei com essa afirmação. Pensava que, ao entrar em uma competição de qualquer tipo, o objetivo é a vitória, e menos do que isso não serve para se sentir satisfeito. Não que a competitividade me cegava, longe disso. Apenas falhava em ver a lógica de sentir-se realizado quando a meta não tinha sido alcançada. Porém, a ideia do dito popular nunca caiu tão bem quanto nesta Copa das Confederações.
Convenhamos que o fato de sermos tricampeões do torneio não é lembrado como motivo de orgulho da seleção nacional por ninguém, ainda que todos comemorem o momento da entrega da taça para as mãos do capitão brasileiro. Por essas e outras, o mundo não estará acabado se o Brasil perder a final, no domingo, 30. De fato, tenho certeza que nenhum torcedor se importaria de assinar um contrato que confirmasse o vice campeonato para a equipe de Felipão, se uma das cláusulas do documento garantisse o título do mundial do ano que vem.
Não nega-se a importância de ser campeão deste torneio de cinco jogos. O título seria uma injeção de confiança na equipe e a confirmação que a direção tomada por Felipão é a correta, além de fazer o torcedor gritar ''É campeão'' por mais uma vez. Todavia, o que foi agregado à equipe pelo simples fato de competir é o grande legado que a Copa das Confederações deixa para a seleção brasileira, dentro das quatro linhas. A torcida comprou o papel de apoiar a seleção, e o show do público brasileiro já começa no hino, cantado a plenos pulmões antes da partida, enquanto a equipe brasileira, perfilada e unida pelos braços, também entoa o símbolo nacional com orgulho. Alguns jogadores até fecham os olhos. O calor sentido pelos atletas neste momento é fundamental para a raça e vontade de ganhar, visíveis durante a partida. A ligação gramado-arquibancada fortalece o time de uma maneira que só é possível quando se joga em casa, e a simbiose ainda acrescenta experiência e conjunto para o Brasil, ajudando Scolari a definir e trabalhar cada vez mais o esquema de jogo, os onze titulares e a equipe como um todo.
Cada vez mais, o grupo para a Copa do Mundo do ano que vem está fechado. Contudo, se olharmos um pouco para o passado, veremos que Felipão assumia a seleção brasileira sob dúvidas, com ''pouco'' tempo para trabalhar sua equipe. De alguma forma, quando chegarmos ao mundial de 2014, estaremos preparados dentro e fora de campo, sabendo o que fazer, com sede de erguer a taça e alcançar o sonho do hexacampeonato. Quando este momento chegar, a Copa das Confederações, independente do resultado da final, tem de ser olhada como o momento em que tudo virou. Foi ali que a camisa amarela começou a se tornar forte o bastante para caminhar de volta ao topo do mundo.
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Pra não dizer que não falei da Copa


        A veia revolucionária dos jovens sempre esteve presente. Tristes foram as épocas em que a chama da juventude anarquista e valente esteve apagada. Quando esta esteve acesa - quase na totalidade dos tempos -, foi justamente este calor que acendeu a vela da mudança, a qual rumou os barcos da história para a vontade do povo. Até pouco tempo, concebia as ''Diretas já'' como algo distante, que não consideraria minha geração capaz de realizar. Parece que estava errado, guardando as proporções. Uma revolta nacional iniciada pelo aumento das passagens de ônibus na maior metrópole da América latina se tornou muito mais do que isso. Um basta foi tomado. Não dava mais para aguentar passivamente notícias de abuso da população brasileira por parte dos governantes, nas diversas esferas que estas podem ocorrer. Era insustentável a bola de neve formada por ações estúpidas e descompromissadas com o povo, ao contrastar com a falta de infraestrutura do Brasil, como um todo. Era necessário um passo, tomado por quem? Os jovens.

        Estudantes (não somente, mas em sua maioria) tomaram as ruas de São Paulo, e quem não pode, acompanhava e se manifestava pelas redes sociais, seja por receio ou por distância geográfica. Outras capitais, como o Rio de Janeiro - onde se viu mais de cem mil pessoas protestando em vias públicas -, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília entraram na onda. O movimento cresceu para além do imaginado, cimentando o fato da revolta ser maior do que o aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus em SP.

        O curioso é o fato dos protestos acontecerem durante a Copa das Confederações. Não que exista momento melhor para faze-los, visto os gastos excessivos e superfaturados com estádios e obras do evento. Porém, o futebol, que sempre é tido como o culpado por distrair a população de fatos políticos e relevantes, está sendo ignorado pelos manifestantes, preocupados com o futuro do país. As principais manchetes não são referentes a competição, e sim, as reivindicações propostas nas ruas. O esporte, portanto, a partir desse marco, não pode mais ser visto como inimigo da utopia de uma população politizada. A paixão nacional pode até, inclusive, andar junto dos ideais de mudança.

Para o viés histórico, a Copa da Confederações de 2013 não significa nem uma pequena parte do que os protestos atuais podem vir a representar para o futuro do país. Conseguir a revogação do aumento da passagem em São Paulo e no Rio de Janeiro é apenas o primeiro passo, o início da mudança. O Brasil, como diz uma marcha cantada pelos participantes do evento, acordou, e isso vale mais do que o tão sonhado hexacampeonato mundial. Para não dizer que não falei da Copa das Confederações, o Brasil lidera o grupo A com 6 pontos, após vencer o Japão por 3x0 e o México, por 2x0.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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Falando de Copa


         O maior evento futebolístico a ser sediado pelo Brasil desde a copa de 1950 finalmente chegou. Após muitos meses de espera, seis sedes abrigarão a copa durante 15 dias. Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Salvador e Rio de Janeiro receberão oito seleções que se dividirão em dois grupos. Ainda que a seleção brasileira não convença ou encante, a atenção agora se volta para os gramados, pois, além de um título estar em jogo, a competição será um passo de grande importância para a preparação brasileira visando o sonho maior, o hexa campeonato em território nacional.

         O Brasil, atual campeão da competição, terá de enfrentar a desconfiança de sua própria torcida para progredir na copa, tentando montar um time competitivo para o verdadeiro objetivo do ano que vem. Os recentes amistosos serviram para dar um início de forma à equipe de Felipão, e a goleada contra a França parece ter funcionado para fazer as pazes com os apoiadores brasileiros nas arquibancadas. Agora que a troca de treinador foi realizada, assim como a convocação final, discutir tais fatores é inútil. O fato é que a competição chegou e nosso time tem condição de ganhar, caso coloque em campo o potencial que nele existe.

         Contudo, os adversários não deixarão o caminho fácil para os brasileiros, e a atual campeã do mundo, a Espanha, chega como favorita para conquistar o inédito título. Mesmo com a contusão do experiente volante Xabi Alonso, a ''fúria'' vem ao Brasil para espantar o fantasma de 2009, ano no qual a seleção foi eliminada pelos EUA na semifinal da competição. Já a maior campeã de Copas do Mundo depois do Brasil, a Itália, vem numa crescente que pode culminar com a conquista do torneio, enquanto nosso vizinho Uruguai, animado pela conquista da Copa América, pode acabar beliscando a taça, apesar de vir abaixo das seleções já citadas.

         A Nigéria é a seleção que disputará com o Uruguai a classificação para a segunda fase, pelo grupo B, afinal, a Espanha não deve encontrar maiores dificuldades na primeira fase, e o Taiti deve tirar boas férias, além de fotos no território brasileiro. Os africanos podem tirar proveito do mal momento dos pampas e conseguir uma classificação para o mata-mata. Já México e Japão, presentes no grupo A, de Brasil e Itália, podem aprontar pra cima dos campeões do mundo e, como qualificados adversários que são, tem todo o potencial de pintar na segunda fase.

         O momento chegou, e será interessante ver um clima de copa em nosso país, mesmo que a atmosfera do evento não se compare ao mundial do ano que vem. Os 15 dias servirão para ver grandes craques atuarem em gramados nacionais, além de amadurecer a equipe brasileira, que poderá sair fortalecida e até mesmo, pela quarta vez na história da Copa das Confederações, campeã.


Obs: Relatos diários serão publicados nesta seção do blog, que trará Informações, análises e curiosidades de forma diferente, fazendo do ''Falando de Copa'' a sua central  diária da Copa das Confederações. A cobertura começa no dia 15 de junho, dia que marca o início do evento.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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Seedorf e o caminho inverso

  Para o futebol brasileiro, o caminho mais comum nos mercados de transferências é a saída de craques. Nas duas últimas aberturas para contratações, por exemplo, Lucas e Neymar deixaram de abrilhantar os gramados do país, passando a agregar as ligas europeias. Porém, ainda que o caminho inverso esteja longe de virar realidade, já começamos a ver estrelas internacionais vestindo camisas de clubes brasileiros. É verdade que estes são poucos e vêm com a idade já avançada, mas fechar os olhos para o que Clarence Seedorf vem fazendo pelo Botafogo é ignorar uma bela história sendo construída diante de negociações mais badaladas.

  O holandês de 37 anos poderia se aposentar no Milan, clube pelo qual tem mais de 300 jogos. Poderia. Não satisfeito com a sua vitoriosa carreira, o meia assinou pelo Botafogo de Futebol e Regatas em julho de 2012, e após uma adaptação assombrosa para um jogador com 19 temporadas na Europa, Seedorf abraçou o desafio de ser grande em outro continente. Comandando o clube dentro de campo, o nível do futebol apresentado pela equipe subiu de imediato. A técnica imposta pelo craque, embora ainda no começo de trabalho, surtiu efeito no time carioca, embora este só iria colher os frutos na temporada seguinte.

  Em 2013, o treinador Oswaldo de Oliveira já tinha um time mais definido e conciso do que o apresentado no campeonato anterior. A estrutura estava formada e, Seedorf, principal jogador da equipe, liderou o clube da estrela solitária nas conquistas da Taça Guanabara e da Taça Rio, tornando desnecessária a final do Campeonato Carioca. O Botafogo havia ganhado tudo. O mesmo poderia ser dito do holandês, dono de carreira recheada de medalhas, mas para quem é realmente um vencedor, nunca falta espaço para uma conquista a mais. Lágrimas foram derrubadas pelo camisa 10, que não conteve a emoção ao se sagrar campeão, mais uma vez. Já nas partidas do campeonato brasileiro, Seedorf imprime um futebol extremamente técnico, tipo extremamente raro nos gramados brasileiros. Limitando-se a tocar na bola, o jogador distribui o jogo com facilidade digna de gênio, fazendo o time todo jogar. Toques secos e rápidos dão o tom da equipe, que parece envolver-se no alto nível do holandês. Confiante, o time responde, colocando o alvinegro carioca na grande lista de potenciais campeões da liga.

  Ao abraçar o desafio de entrar para a história de um dos maiores clubes do Brasil, Seedorf demonstra que não é suficiente ser o único jogador da história a ser campeão da Liga dos campeões da Europa por três clubes diferentes, sendo dois títulos pelo Milan e um por Real Madrid e Ajax. O também bicampeão da Holanda e da Itália, campeão mundial de clubes e espanhol, para citar algumas de suas inúmeras conquistas, prova que é um verdadeiro vencedor dos gramados, e permite que o Brasil todo veja de perto a fome de bola e de taças do craque que fez o caminho inverso, e mesmo perto de sua aposentadoria, continua fazendo o que melhor sabe: ser campeão.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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