A demissão de Mano Menezes
A política é, senão o maior,
um dos assuntos mais polêmicos nos dias atuais. Visões diferentes de membros da
população, discordâncias em determinada ideologia e escândalos recentes agitam
o cenário nacional, por exemplo. No entanto, o futebol não fica longe. Embora
menos ‘‘sério’’, e faço questão das aspas, o mais belo esporte é responsável por
inúmeras discussões por parte de apaixonados torcedores, que vão desde um pênalti
mal marcado a um ato suspeito de determinada direção de um clube. Porém, o que
acontece quando os dois assuntos se misturam? O presidente da CBF, José Maria
Marin, fez questão de exemplificar.
É inegável que o trabalho de Mano Menezes a frente da
seleção brasileira era questionável. O treinador enfrentou, em seu curto período
como técnico do Brasil, duas competições importantes, das quais não saiu
vitorioso. Na Copa América de 2011 a jornada estava apenas começando, é verdade,
mas o fiasco foi gigantesco. Já nas Olimpíadas desse ano, a medalha de prata
não foi suficiente para conter as críticas justificáveis à convocação e
escalação de alguns atletas. Porém, quando o assunto não é resultado, e sim o futebol
apresentado, Mano parecia oferecer algo novo e diferenciado, pelo menos nos
últimos meses de cargo. Um estilo de jogo fluido e ‘‘brasileiro’’ começava a
ser implantado, e quando este parecia render frutos em 2013...
Mano Menezes foi demitido do cargo, em uma das decisões
mais amadoras e irresponsáveis do nosso futebol. Apenas não cravo tal escolha como
primeira da lista porque a competição é grande, infelizmente. Poderia falar
aqui dos motivos futebolísticos pelo qual considero a demissão ridícula,
contudo, os fatores levados em conta pela cúpula da CBF foram outros. Mostrar
poder. Eliminar do caminho um dos últimos resquícios visíveis ao público da
administração Teixeira. Bancar para si uma mudança de rumo. Marcar território.
Marin, dividindo a decisão (ou talvez apenas respondendo por) com Marco Polo
Del Nero, vice-presidente, e deixando claro que Andrés Sanches, diretor de
seleções, foi voto vencido, confirma a cartada política e deixa o diretor com
os dias contados no órgão máximo do futebol brasileiro.
A data da demissão, dia 23 de
novembro, pode ser considerada o dia ‘‘D’’ para aqueles que achavam que os dias
de coronelismo na CBF haviam acabado. Enquanto houver gente da política, e não
do futebol, no comando da entidade, estamos sujeitos à decisões assombrosas
como esta. Desse jeito, fica difícil ganharmos a copa de 2014. Fica difícil
acreditar em mudanças estruturais, cada vez mais necessárias em nosso futebol.
Fica difícil torcer pelo Brasil.
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Yuri Coghe Carlos Silva