Estaca zero


         Dunga fez sua primeira convocação em sua segunda passagem como técnico do Brasil. Embora as listas de selecionados nunca agradarão a todos, o certo é que Dunga não era o nome para conduzir a reforma necessária na Seleção Brasileira. A equipe nacional não precisa de um xerifão, e sim de alguém que projete um trabalho voltado a devolver o futebol bem jogado, competitivo e moderno à camisa que diversas vezes encantou o mundo com a bola nos pés. Porém, como José Maria Marin e Marco Polo Del Nero não são os caras a comandar uma reformulação no futebol brasileiro, reestruturando-o de forma completa, fazendo da seleção a consequência da somatória de inúmeros pontos, o capitão do tetra ganhou, novamente, a chance de ocupar o cargo de treinador.

         Seu objetivo é claro: vencer a Copa do Mundo de 2018, ainda que o necessário seja implantar uma filosofia e modo de trabalhar e jogar que renda frutos para a seleção a médio e longo prazo, alcançando sucessivos mundiais da FIFA. A visão curta e estreita de quem o incumbiu de tal missão faz reiniciar o ciclo da seleção brasileira: esperança e promessa de mudança ao anúncio do novo treinador, boas partidas e eventuais títulos e expectativa para a Copa, seguida de fracasso, que resulta na saída do técnico como vilão, ou em conquista, a qual o tornaria herói. Para os dirigentes, a conquista da Copa de 2018 resumiria a contratação de Dunga como sucesso. Para o futebol brasileiro, o título seria mais um buraco tapado - prática tão comum na CBF quanto nos clubes - que, na superfície, aparenta melhoras substanciais, mas esconde, submerso, todas as necessidades de mudança que o futebol brasileiro clama, atualmente.

         Em meio a opiniões similares e diferentes, Dunga convocou sua primeira lista, marcando o suposto início de novo ciclo. Dos 22 nomes, dez estavam no grupo que disputou a última Copa, o que indica certa renovação, embora não exista caça às bruxas. Destes, apenas Maicon e Hulk deveriam ter ficado de fora para dar lugar aos mais jovens Rafael, do Machester United, e Lucas Moura, do PSG. Das novidades, o olhar atento ao futebol nacional levou os destaques do Cruzeiro Everton Ribeiro e Ricardo Goulart à seleção, assim como Diego Tardelli, do Atlético-MG e Gil e Elias, do Corinthians. "Da Europa", Philliphe Coutinho, camisa 10 e destaque do Liverpool, Miranda, Filipe Luis e os campeões da Libertadores com o Santos em 2011 Danilo e Alex Sandro, hoje no Porto, além de Marquinhos, promissor zagueiro do PSG, foram chamados.

         Com a convocação, o clima de "nova era" toma novamente a Seleção Brasileira, mostrando o quão circular é o caminho da equipe nacional, que inicia tudo do zero após o fracasso do mundial de 2014. Que analisemos os anos, partidas e convocações de Dunga como treinador do Brasil sem perder de vista as necessidades tão expostas e discutidas após a vexatória eliminação para a Alemanha. Do contrário, após a próxima Copa, o que deve mudar no futebol brasileiro voltará a ser discutido apenas até que o novo técnico anuncie sua primeira convocação, e o erro se repetirá mais uma vez.
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Pela supercopa do Brasil


         Um formato comum de torneio pela Europa é a chamada "supercopa". A taça, disputada em jogo único, na maioria das vezes, é o encontro entre o campeão da liga e da taça nacional da temporada anterior, em partida que, geralmente, abre o ano futebolístico de determinado país. Ainda que o clube vencedor não comemore a conquista da supercopa como um grande título e a torcida não considere o ano bem sucedido apenas por ter visto sua equipe levantar tal troféu, a data é muito aguardada pelos entusiastas do futebol dos países que contam com o torneio. No Brasil, porém, o formato não existe, embora a CBF estude implanta-lo já no ano que vem.

         Na supercopa do Brasil de 2014, por exemplo, o atual campeão brasileiro, o Cruzeiro, enfrentaria o Flamengo, que venceu a Copa do Brasil do ano passado. A data mais própria para o embate, de acordo com o "modo de fazer" dos europeus, seria antes mesmo dos estaduais, colocando a partida como a primeira de uma nova temporada do futebol brasileiro, e o encontro, disputado em jogo único. Após a Copa do Mundo no país, o que não faltam são estádios de alto nível para abrigar a taça, sendo a sede itinerária, sempre neutra perante as duas equipes. Outra hipótese seria usar o estádio nacional de Brasília para abrigar a partida ano após ano, fazendo da capital o palco do torneio.

         O Brasil já contou com a supercopa em sua história. Em 1990, o Vasco, campeão brasileiro, teria de enfrentar o Grêmio, vencedor da Copa do Brasil do ano anterior, pela primeira edição da taça no país. Por falta de datas no calendário, ficou acertado que os encontros das equipes na primeira fase da Libertadores daquele ano decidiriam o campeão. Após ter vencido em casa por 2 a 0 e empatado fora sem gols, o Grêmio espera até hoje o troféu da CBF. No ano seguinte, o Corinthians, campeão brasileiro, bateu o Flamengo, vencedor da Copa do Brasil, por 1 a 0 para ser supercampeão. A equipe carioca chegou a vencer uma espécie de supercopa em 1992, mas o embate com o vencedor da segunda divisão do ano anterior, o Paraná, foi definido como um troféu amistoso, e não oficial.

         Embora a criação da supercopa do Brasil seja necessária dentre os passos de adequação do futebol brasileiro, os comandantes da CBF não fazem mais do que a obrigação ao estudar a reativação do torneio. Após aumentar o período de pré-temporada dos clubes ao achatar as datas de jogos do futebol nacional e falsamente livrar as datas fifa de partidas de clubes brasileiros, ao marcar os encontros para um dia antes, a supercopa pode vir a ser tratada como um ponto positivo da entidade máxima do futebol no país. Na verdade, a competição já vem tarde. O atraso, ao ser eventualmente corrigido, fará bem ao esporte no Brasil, mas sãos os problemas estruturais que devem ser colocados como prioridade. O clube que vencer a supercopa de 2015, se esta realmente for realizada, se colocará prontamente a almejar objetivos maiores já no mesmo ano. O mesmo deve fazer a confederação brasileira de futebol, com ou sem a criação do torneio.
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De volta ao Brasileirão


  Durante o período de Copa do Mundo, o brasileiro não apenas pode assistir a futebol de alto nível, como o viu de perto, já que o Brasil sediou o mundial da FIFA. Com o fim do torneio, porém, a realidade do futebol brasileiro atual volta a ser exposta. Além do anseio de mudança por parte de muitos, as competições nacionais voltam e trazem consigo a discussão da qualidade da bola jogada no país, que tem sido abaixo da média.

  Claro que há exceções. O Cruzeiro, por exemplo, continua praticando o futebol ofensivo e atrativo que o conferiu o título do ano passado. Por isso, o lado azul de Minas Gerais é franco favorito para comemorar mais uma conquista na liga brasileira no fim do ano. Assombroso para os rivais, o sucesso do Cruzeiro passa pelo recheado elenco, uma vez que o clube não tem poupado fundos para trazer jogadores de boa qualidade e que seriam fundamentais em qualquer equipe do brasileirão, e pelo treinador. Marcelo Oliveira, no cargo desde dezembro de 2012, é o responsável pela movimentação e coesão da equipe. Além da capacidade do técnico, o tempo na função é tão fundamental quanto. Marcelo é quem está a mais tempo no cenário nacional na mesma cadeira de treinador.

  Segundo colocado, o Corinthians tem um elenco de qualidade, bastante elogiado pela mídia. De fato, há grandes jogadores no alvinegro paulista, dando ao treinador Mano Menezes o material humano necessário para grandes conquistas. Contudo, é necessário paciência. Em seu primeiro ano de trabalho na volta ao clube, e com o Cruzeiro como rival, parece não ser dessa vez que Mano comemorará o primeiro título do brasileirão de sua carreira. A Copa do Brasil, porém, é uma boa frente para o clube comemorar não só um título na temporada, mas também a vaga na Libertadores.

  Na briga pelo G4, por hora, Internacional, Santos, Sport e Fluminense se juntam as duas equipes já citadas para batalhar pelo grupo de acesso à Libertadores. De nomes renomados na parte ofensiva, como Kaká, Pato, Alan Kardec, Ganso e Luís Fabiano, o São Paulo deve criar uma equipe para se credenciar a tal disputa. A tarefa não é fácil, e Muricy Ramalho tem um desafio pela frente. Tarefa mais complicada tem Ricardo Gareca, do Palmeiras. O treinador que tem recebido mais atenção da imprensa pelo fato de ser estrangeiro do que pelo cargo que ocupa, não conta com uma equipe qualificada, e passar longe do rebaixamento pode ser considerada uma boa campanha para o alviverde.

         A torcida agradece a volta do futebol nacional, após a parada para a Copa do Mundo. Para quem quer ver um espetáculo de alto nível com as estrelas do futebol mundial jogando o fino da bola em gramados perfeitos e estádios lotados, porém, o futebol europeu retorna em agosto. Campeonatos inglês e alemão, além da Champions League, são boas pedidas.
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Piada de mal gosto


         É uma utopia pensar que, após o vexame encarado pelo Brasil na semifinal da Copa do Mundo, José Maria Marin e Del Nero seriam os caras a comandar uma reformulação no futebol brasileiro. Não serão os ultrapassados líderes da CBF, que alternarão a presidência e a vice do cargo no ano que vem, após eleição estrategicamente antecipada para antes do mundial de 2014, que liderariam a reestruturação e fariam da seleção a consequência da somatória de inúmeros pontos que precisam urgentemente de uma revisão.

      Contudo, a situação ficou ainda pior. Em uma decisão apressada e de visão estreita, Gilmar Rinaldi e Dunga foram anunciados como coordenador de seleções e treinador da seleção principal, respectivamente, quando Leonardo e Tite pediam passagem para tais funções. Tetracampeão mundial em 1994, assim como Dunga, Rinaldi foi empresário de jogadores por 14 anos, função que exerceu até um dia antes de ser anunciado como o novo coordenador de seleções. A incongruência dos dois ofícios foi tema de uma carta aberta do deputado Romário, que criticou ferrenhamente a contratação de Gilmar, a quem classificou de incompetente e sem personalidade, além de expressar o desprazer de terem sido companheiros de trabalhado no Flamengo, em 1999. Já Dunga representa um passo atrás. O treinador, que comandou a seleção brasileira de 2006 à 2010, não era o nome para conduzir a reforma necessária na equipe nacional, que, no momento, não precisa de um xerifão.

          Após o trauma das negativas de José Mourinho, do Chelsea, e Manuel Pellegrini, do Manchester City, Del Nero limitou a procura da CBF para técnicos brasileiros. Nesse ponto, Tite era o mais preparado. Após ser campeão brasileiro, sul-americano e mundial com o Corinthians, passou o ano de 2014 inteiro apenas estudando futebol, comparecendo a partidas na Europa e adquirindo mais conhecimento para sua certa contratação pós-copa por parte da seleção brasileira - o que não ocorreu. Ninguém estava mais preparado que o treinador, que é um dos poucos do panorama nacional que demonstra o interesse em evoluir e estudar, grupo do qual Dunga não faz parte. Já Leonardo vive o futebol europeu como dirigente desde 2002, e conhece o modelo que tem de ser humildemente seguido pelo Brasil como poucos. Depois de trabalhar no Milan por 7 anos e ter uma passagem pela rival Inter de Milão, ajudou o rico Paris-Saint-Germain a compor o bom elenco que hoje possui.

          A contratação de Leonardo para a função de coordenador de seleções dependia de uma conversa com Marin e da definição dos últimos detalhes, segundo jornais. Tais detalhes nunca foram acertados. Gilmar Rinaldi e o treinador Dunga não convencem a ninguém. É mais do mesmo para a seleção, que clamava por uma reestruturação do futebol brasileiro para este voltar a ser a melhor do mundo. Se isso não vem pelas mãos dos atuais comandantes, pensava-se que estes ao menos seriam capazes de colocar funcionários capacitados para as duas funções mais importantes da seleção. Tite e Leonardo serem preteridos por Gilmar Rinaldi e Dunga parece uma piada de mal gosto.
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Deu Alemanha


         A Copa no Brasil já é passado. A frase causa um sentimento de tristeza em quem a escuta, tamanha a adesão da população ao mundial. Dentro de campo, o futebol de alto nível apresentado, aliado a paixão do brasileiro pelo esporte e as surpresas e histórias inesquecíveis que a Copa trouxe, explica tal sentimento. Contudo, fora das quatro linhas, os problemas amplamente discutidos antes do torneio não deixaram de existir. O preço superfaturado dos estádios não diminuiu durante o campeonato, e não surgiu público que justifique as arenas construídas em Manaus, Natal e Cuiabá, além da reforma do Mané Garrincha, em Brasília. No âmbito da infraestrutura, fez-se menos e gastou-se mais do que o previsto na Matriz de Responsabilidade da Copa, anunciada em 2010. Agora que já não estão aqui os estrangeiros, felizes, e a FIFA, com um lucro bilionário - que antes do torneio girava em torno de 6,3 bilhões de reais -, a realidade do país e do futebol nacional começam, lentamente, a ser perceptíveis novamente.

          Na organização e na imagem que ficou, deu Brasil, até que se olhe mais profundamente. No futebol, Deu Alemanha, e a conquista é incontestável. Em todas as quatro copas do mundo deste milênio, os germânicos fizeram os sete jogos, caindo na semifinal duas vezes - alcançando o terceiro lugar em ambas as oportunidades -, e nas outras duas avançando para a final. A perda do título para o Brasil, em 2002, fez os alemães repensarem o seu futebol, caçando os dirigentes corruptos e dando atenção para as categorias de base e a pratica do ofensivo e atrativo esporte. Gerações após gerações de craques nascem no país, que conseguiu, em seu tetra campeonato, o seu primeiro título como nação unificada. Nesse ponto, a glória teve ainda mais significado. Os donos da assistência e da finalização do gol do título foram os primeiros jogadores a vestirem a camisa da equipe nacional alemã tendo nascido no país pós queda do muro de Berlim.

          De brinde, a Alemanha ganhou o maior artilheiro das copas. Miroslav Klose, de 36 anos e quatro mundiais disputados, passou Ronaldo, de 15 gols, e marcou dois no Brasil para chegar as 16 bolas na rede em copas do mundo. Outro recorde em termos de gols foi atingido por James Rodrigues. O jovem colombiano encheu os olhos de quem o viu jogar, marcando seis gols no mundial, não passando em branco em nenhum dos cinco jogos que disputou, fato inédito na história das copas. A surpresa ficou com a Costa Rica, que após ser a primeira colocada no grupo da morte, que contava com três campeãs mundiais, só parou nas quartas, e nos pênaltis. Já o Brasil dividiu com a Espanha o posto de decepção da Copa. Após tomar dez gols nos últimos dois jogos, que a humilhação sirva de lição para o país tomar a Alemanha como exemplo e reestruturar seu futebol. Que esse seja o legado da Copa, além das memórias das Costas Ricas, das mordidas de Luis Suares e das farras alemãs na Bahia, entre outro momentos memoráveis, além da atmosfera que tomou o país durante o mês de disputa do torneio.
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Humildade



        Não fiquei irritado com a goleada alemã em cima do Brasil. Me senti, na verdade, anestesiado. O apagão que tomou conta da seleção brasileira após o primeiro gol da Alemanha fez com que, aos 29 minutos, o 5 a zero estampasse o placar do Mineirão. O sonho do hexacampeonato em casa acabou rápido e de maneira irreversível, ainda que 60 minutos de bola rolando ainda estavam por vir. Perder nos pênaltis, por exemplo, seria mais doloroso, pela proximidade da vaga para a final que tais circunstâncias trariam. O elástico 7 a 1, porém, fez com que a mais famosa e vencedora camisa do futebol mundial fosse reduzida a nada. O resultado traz consequências e escancara necessidades do futebol brasileiro.
           
         O momento não é de caça às bruxas ou de argumentos que aparecem em todo fracasso brasileiro em Copa do Mundo, como a exigência de que os jogadores selecionados atuem no país ou a ausência de um ou dois nomes, preteridos pelo treinador em sua derradeira lista de convocados. A palavra da vez é revolução. Há tempos, o futebol brasileiro é comandado por pessoas que, antes de escolher o sucessor a dedo, com a certeza de que este será reeleito através de um sistema completamente falho no qual a federação estadual ou o clube que for contra aquele candidato não terá vida fácil no futuro, enriquecem até não poder mais e pouco fazem pela estrutura do esporte no Brasil. São infinitas as ótimas consequências que pessoas voltadas ao melhoramento, o qual hoje não é prioridade, do futebol nacional, trariam.

Mais catastrófico que 1950, o ''Minerazzo'' acabou com a atmosfera que se criou acerca da camisa amarela durante décadas, após brilhantes conquistas e bom futebol. Até antes do jogo, quem encarasse o Brasil, o via de uma maneira. Após a maior derrota da seleção brasileira em sua história, teremos de nos acostumar com a ideia de que nossos rivais não temerão jogar contra nós tanto como antes. Se o 7 a 0 no agregado de Barcelona e Bayern pela semifinal da Champions League de 2012-2013 decretou o fim do domínio do clube espanhol e colocou em xeque o seu estilo de jogo, a moral da seleção brasileira terá de ser inteiramente reconstruída após o vexame. Não se perde uma semifinal de copa do mundo por tal placar e continua-se no maior patamar do futebol mundial.


Quem tentar negar tal fato deve repensar seus conceitos. Para nos reerguermos - o que significa voltar a ser exemplo e referência de formação de jogadores e de prática do futebol arte, ou ao menos moderno -, é necessário humildade. Citar o histórico vencedor da seleção brasileira não é mais suficiente. Que o desastre sirva para colocar abaixo toda a prepotência de sermos o país do futebol, o qual pode amontoar 23 atletas de quatro em quatro anos e ser favorito a conquistar o mundial. Além de uma total reformulação no futebol brasileiro, passando por pontos como estádios, público, arbitragem, violência entre torcidas, e a qualidade do futebol praticado, que as categorias de base ensinem a jogar bola a quem tem talento, e não a ser pragmático para vencer por 1 a 0 dando prioridade à destruição de jogadas e a bolas aéreas para jovens empresariados. Que a humildade para reconhecer que há muita coisa errada em nosso futebol seja o tão falado legado da Copa.
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Para quem sabe sintonizar


           A Copa do Mundo não nos brinda apenas com emocionantes jogos de alta qualidade e, no caso de sediar o mundial, com a inflamada e agradável presença de turistas oriundos de outras nações em terras nacionais. Há também como se deliciar com o material produzido pela imprensa no período do torneio. Além das inesgotáveis pautas que focam curiosos personagens, animados fãs de futebol de todo o mundo e outros aspectos que fogem das quatro linhas, é possível assistir à análises futebolísticas e do jornalismo em si, como ocorreu no programa Linha de Passe na Copa, da ESPN Brasil, de segunda-feira (30).

           Logo ao início do programa, a presença de Juca Kfouri e Paulo Vinícius Coelho foi anunciada com uma informação que fez a introdução dos comentaristas, ao vivo da Granja Comary, ser diferente das outras edições da atração. Os jornalistas haviam participado, ainda naquele dia, de uma seleta reunião com a comissão técnica da seleção brasileira. A primeira pergunta que lhes foi feita, logo de cara, pelo mediador Paulo Andrade, questionava como foi a reunião e para que esta serviu. Pedir para que a imprensa brasileira fosse mais solidária com a seleção. Assim respondeu Kfouri, definindo o principal propósito do encontro.

        PVC, tratando neste momento de futebol, disse estar satisfeito por entender que a comissão técnica do Brasil sabe que uma melhora é necessária. O assunto logo voltou para o pedido de parceria entre imprensa e equipe nacional, como classificou Arnaldo Ribeiro. De acordo com o jornalista, o desejo expresso no encontro não é papel dos profissionais da área. A opinião foi partilhada por Kfouri, que fez a ressalva de classificar como absolutamente legítimo que Felipão queira contar com um papel solidário da imprensa. Cabe ao jornalista não faze-lo, por saber do ideal da profissão.

          A informação dada com isenção é precisa, e tem que ser para os dois lados. A seleção brasileira não tem de ser tratada na Copa do Mundo de maneira melhor ou pior do que as outras, ela tem que ser analisada por todo o contexto, elucidou PVC. O próximo a entrar no debate foi Mauro Cezar Pereira, tecendo, com exemplar didática, os motivo de certas pautas serem mais relevantes do que outras para o público brasileiro. José Trajano, então, questionou o fato de não haver jornalistas da TV Globo no encontro. A ausência causou espanto no jornalista, que indagou se a emissora pertence a outro grupo, do qual não é necessário pedir. A reunião, com eles, seria outra.

          Kfouri encerra o que trago neste artigo sobre a agradabilíssima conversa veiculada no programa, do qual só lamento a ausência de Paulo Calçade e Antero Greco, ao deixar a seguinte questão para o telespectador. Em nome de aparentar uma isenção absoluta, deveriam ele e PVC terem recusado o convite? Ele pergunta se esta seria uma atitude jornalista, completando depois que, para ele, assim não lhe parece, explicando que, no final das contas, o técnico da seleção brasileira convidou alguns jornalistas para ter uma conversa sobre um time de futebol, apenas. Já o programa foi uma aula de jornalismo.
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A taça do mundo, de fato, pode ser nossa


          É impressionante a capacidade de Neymar como jogador de futebol. Ainda que a grandiosa habilidade do camisa 10 brasileiro não seja novidade para os apaixonados pelo esporte no país, basta um bom lance do craque para que um espanto misturado com euforia tome conta de cada torcedor da seleção nacional. É notável, também, como o ex-santista dá o troco na mais redonda bola quando é alvo de faltas violentas, provocações e até mesmo agressões. Talvez seja esse o ingrediente que fez o atacante comer a bola contra Camarões. Certo mesmo é que Neymar acabou com o jogo, marcando dois golaços e aplicando dribles e jogadas que só faz, quem sabe.

          Os tentos somaram-se aos dois marcados pelo jogador na partida contra a Croácia, totalizando quatro bolas na rede já em sua primeira Copa do Mundo. O genial Ronaldinho Gaúcho, em suas duas participações em mundiais, marcou dois gols, número que Messi precisou de um jogo de sua terceira copa para atingir. Cristiano Ronaldo, titular de Portugal em 2006 e 2010, fez dois gols nessas participações. Os números de Neymar falam por si só. Aos 22 anos, o brasileiro pode ser legitimamente chamado de gênio, e prova isso ao desempenhar o mais belo futebol, mesmo ao carregar a incalculável pressão de ser o principal nome e a esperança de o país mais vezes campeão do mundo levantar, em casa, a taça pela sexta vez. Soma-se a isso ao fato deste ser seu primeiro mundial. Não é mole, mas o jovem não está sozinho.

          Segundo melhor jogador do Brasil na fase de grupos, Luís Gustavo deu o passe para o primeiro gol de Neymar contra Camarões, após desarmar um adversário, conduzir a bola por alguns metros e cruzar rasteiro e de forma precisa para o camisa 10 abrir o placar. O volante, apesar de sua aventura ofensiva na jogada do gol, é o cão de guarda da defesa brasileira, jogando a frente da dupla de zaga. Mesmo sendo meio campo, faz parte do bloco defensivo da seleção, e suas fantásticas atuações como marcador faz qualquer meia ofensivo torcer para não enfrentar o Brasil, só para não ter a difícil missão de passar o incansável camisa 17.

          Seu companheiro na linha de volantes, porém, não está bem. Paulinho foi substituído por Fernandinho no segundo tempo da partida contra Camarões. A imensa melhora na equipe brasileira se deve à alteração. A função tática da posição é de enorme importância para haver um peso morto em campo. A responsabilidade de fazer a transição entre meio campo e ataque, carregando a bola e fazendo passes incisivos, compartilhando tanto ações ofensivas como defensivas, não pode ser ignorada. Quando o Brasil finalmente teve um atleta desempenhando tais obrigações, a significativa mudança até resultou em uma melhora substancial, além de dois gols: um do próprio Fernandinho, e um do criticado Fred, que ganhou novo folego após desencantar.

          Classificado para o mata-mata, o Brasil tem grandes chances de ir longe e acabar por vencer a competição. Felipão provou que sabe a hora certa de mudar, tirando Paulinho do time e recuperando a moral de Fred, que só marcou seu gol porque não foi sacado da equipe. A escalação de Fernandinho, porém, é essencial para a evolução do time e para a vitória contra o Chile, nas oitavas-de-final de sábado. Com o apoio das arquibancadas, mudanças pontuais sendo feitas na equipe titular e Neymar jogando o que sabe, não há outra equipe com mais chances de erguer o troféu do que o Brasil.
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Está tendo Copa



        Da África do Sul pra cá, o futebol girou um ciclo completo em torno dos fãs do esporte e desembarcou seu mais importante torneio em solo brasileiro.  Mas enquanto a fase de mata-mata da Copa do Mundo não chega, a torcida vibra - e se preocupa - com o grupo A. Pela primeira partida da chave, e também da Copa, o Brasil mostrou força para ganhar a partida após sair atrás no placar, com um infeliz gol contra do lateral esquerdo Marcelo. Estrear em casa, na tão aguardada Copa do Mundo e sob desvantagem é pressão suficiente para se misturar à emoção trazida pelo hino nacional, entoado à capela pelo estádio inteiro antes da bola rolar, e complicar a atuação do time. O Brasil, porém, com ajuda do juiz ou não, foi capaz de tomar conta da partida com as próprias pernas e quebrar a defesa da Croácia, equipe que se trancou após obter a vantagem e apenas saia nos contra-ataques.

      O Brasil, mostrando maturidade, virou a partida. Neymar fez o que se espera de um craque e chamou o jogo, marcando dois gols - sendo o primeiro fruto de bela jogada individual. O camisa 10 se igualou a Ronaldinho Gaúcho em gols em Copa do Mundo, e Messi precisou de um jogo desta Copa, sua terceira na carreira, para alcançar a marca de Neymar. A confiança, porém, ainda não era lei entre a torcida brasileira. E não foi com o México que está veio, também. Um 0 a 0 foi abrigado pelo Castelão, em Fortaleza, no embate entre as seleções mexicana e brasileira. A partida explicitou que Paulinho e Fred ainda não vieram para a Copa, fazendo o Brasil se virar mesmo com pesos nulos em posições de grande importância no esquema brasileiro.

        Paulinho é a única peça do meio-campo entre Luís Gustavo - de Copa impecável até agora -, o cão de guarda que só tem obrigação de marcar, e a linha de três homens que coordena as jogadas ofensivas.  É dele a responsabilidade de fazer a transição, carregar a bola, desafogar o jogo e ainda aparecer como homem surpresa na área. Tantas funções não podem ser ignoradas, e se o ex-corintiano não disser para que veio, há Ramires e Fernandinho no banco, só esperando o chamado de Felipão. Fred joga a frente, no time titular, de Hulk, Oscar e Neymar. Os três nomes, principalmente os dois últimos, quebram o argumento de quem exime o camisa 9 de culpa por ''a bola não estar chegando nele''. O centro avante deve se movimentar para achar espaços na costa da defesa e receber bolas em velocidade. Jô, em um lance contra o México, já fez mais do que Fred na partida toda, neste quesito. O reserva, porém, está longe de ser o atacante dos sonhos do Hexa, mas sua escalação pode ser de bom grado se o ídolo do Fluminense continuar imóvel no comando de ataque brasileiro.

   Contra Camarões, nesta segunda-feira (23), o Brasil não deve encontrar maiores dificuldades para encontrar uma fácil vitória. O último jogo da fase-de-grupos deve, ainda, trazer confiança para a torcida brasileira. Felipão, porém, tem de usar o jogo como uma chance de observar a atuação de alguns de seus jogadores que ainda não estrearam no mundial. Em um campeonato de tiro curto, deve se dar passagem a quem vem do banco, se for para o bem geral da seleção. Que Scolari saiba o que se deve fazer antes que seja tarde.
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Bósnia ficará no Guarujá, mas não vem à passeio para a Copa


Só com o país sediando uma Copa do Mundo de futebol é que a população pode ter noção do que envolve receber um evento esportivo deste tamanho e importância. Entre os vários aspectos de organização que cabem à nação e não exclusivamente à FIFA, há as chamadas sub-sedes, cidades escolhidas para recepcionar, oferecendo hospedagem e local de treinamento, para uma ou mais das 32 equipes nacionais que disputarão o torneio no Brasil.

Guarujá não ficou fora dessa. O município, que recebeu a visita de delegações sul-coreana e suíça, por exemplo, foi confirmado, ainda no ano passado, como sub-sede da Bósnia e Herzegovina, única seleção estreante em mundiais que vem para o Brasil. A inexperiência da equipe em copas, porém, passa longe de significar que a seleção bósnia não consiga um bom desempenho na competição.

Com o quarto melhor ataque das eliminatórias europeias e com apenas seis gols sofridos, a Bósnia liderou o grupo G da fase classificatória do velho continente.  A chave, do qual também fazia parte a Grécia, que conseguiu vaga para a copa através da repescagem, não possuía uma campeã mundial, fato do qual os dragões souberam tirar vantagem. O grupo dos europeus na Copa do Mundo, porém, possui uma seleção campeã do mundo, e trata-se de uma bem conhecida por brasileiros. A Argentina faz seu primeiro jogo na copa contra os bósnios, no Maracanã. O adversário e o palco são uma honra para a estréia dos únicos caçulas desta copa, que tem chance de surpreender os rivais brasileiros. Irã e Nigéria completam o grupo, o que deixa a seleção que treinará no reformado Estádio Municipal Antônio Manuel Fernandes em boas condições de passar para a próxima fase logo em seu primeiro mundial.

Toda essa confiança no plantel bósnio tem seus fundamentos. Onze jogadores dos vinte e três convocados da seleção européia jogam nas principais ligas do velho continente. Sete na Alemanha, dois na Inglaterra e dois na Itália. Os outros doze atletas se dividem entre Sérvia, Croácia, Turquia, Ucrânia e China, além de Turquia e Áustria.

Da lista final bósnia, quatro jogadores merecem destaque. Qualquer relação dos atuais dez melhores centroavantes do futebol mundial sem Edin Dzeko, campeão inglês com o Manchester City, é inválida. O atacante tem calibrado faro de gol e é o matador que sua equipe pode contar para alterar o placar nos jogos da Copa do Mundo. No outro lado do campo, Asmir Begovic, que também disputa a liga inglesa, pelo Stoke City, é um bom goleiro que disputa uma liga muito mais competitiva que Júlio César, titular da seleção brasileira, por exemplo. Miralem Pjanic, desde 2011 no Roma, acabou de renovar seu contrato com a tradicional equipe italiana até 2018. O bom meia divide a armação das jogadas com Zvjezdan Misimović. Hoje na china, o camisa dez da seleção bósnia tem em seu currículo dez temporadas no campeonato alemão.

Comandados por Safet Susic, ex-jogador da seleção bósnia, o que confere respeito ao treinador e mais patriotismo à seleção, a simpática e estreante Bósnia tem tudo para fazer uma boa Copa e sair do Brasil trazendo orgulho nacional na bagagem. Que o banho de mar nas praias da Pérola do Atlântico e o apoio e a recepção do povo guarujaense inspirem os dragões a fazer bonito em terras nacionais. E ganhar da Argentina no Maracanã.
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O ‘‘erro’’ de Rosberg


O clima na equipe Mercedes de F1 estava muito tranquilo para assim permanecer. Dominante na atual temporada da categoria máxima do automobilismo, os carros da equipe alemã lideraram todas as voltas dos seis grandes prêmios até agora disputados, colecionando todos os troféus de primeiro colocado das corridas deste ano. A situação é cômoda para os fãs da equipe, que cansam de ver a flecha de prata ganhar, estabelecendo um início de temporada que Sebastian Vettel, atual tetracampeão, nunca teve o privilégio de vivenciar. Nico Rosberg e Lewis Hamilton, porém, começam a dar sinais do desgaste promovido pelo fato de um carro da Mercedes ser a única competição que ameaça o outro carro da Mercedes.

A partir do momento que se evidenciou o domínio da equipe germânica, um verdadeiro bombardeio da história de Rosberg e Hamilton juntos foi promovido pela imprensa. Os atuais líder e vice-líder do campeonato de F1, respectivamente, até competiram juntos no kart, quando ainda estavam bem longe de ter uma habilitação, e mais distantes ainda de dividir o Box de uma grande equipe de fórmula 1. A Mercedes aproveitava a onda, e divulgava peças publicitárias que mostravam sua dupla de pilotos sorrindo e brincando entre si. Aí chegou Mônaco.

Ao melhor estilo do seu compatriota Michael Schumacher, que tem a frase ‘‘continue lutando’’ seguida de seu nome estampada no carro da Mercedes – desejo o qual esta coluna compartilha, bem como sua total recuperação – Rosberg ‘‘errou’’ em sua última volta lançada da sessão classificatória do Grande Prêmio de Mônaco, saindo da pista. A primeira posição, devido à volta anterior, era sua, e não mais seria se Hamilton completasse sua volta rápida, ao que tudo indica. A bandeira amarela causada pela escapada de Nico, ironicamente, o garantiu a comemoração da pole position após o treino, enquanto o rosto de seu companheiro de equipe não escondia o incômodo causado pela situação.

As aspas de Hamilton no dia seguinte também denunciavam a nova situação da Mercedes. Para citar apenas uma, Lewis disse ‘‘gostar da maneira que Senna lidou’’, referindo-se ao embate Senna-Prost, que dispensa mais comentários ao definir até onde pode chegar um confronto entre pilotos de uma mesma equipe, sugerindo que o leite cor-de-prata da Mercedes pode azedar a tal ponto. O que é certo, porém, é que o clima na virtual campeã de construtores de 2014 não é mais o mesmo. O verdadeiro paraíso entre os dois pilotos que foi o início de temporada terminou, e Mônaco tem tudo para se confirmar como o divisor de águas entre uma boa relação de amigos que passam a ser somente companheiros de equipe.

O domínio da equipe alemã é tão grande, que uma muito potencial guerra não deve evitar os títulos da equipe e de um de seus pilotos, mas o campeonato de F1 de 2014, antes monótono, ganha um ingrediente que o torna um dos mais atrativos dos últimos anos. Caso o embate se confirme, não será possível prever o que cada corrida reserva na disputa pessoal dos dois pilotos da flecha de prata, ainda mais com a última etapa do ano valendo o dobro dos pontos. A Mercedes que não se meta a tentar um ‘‘jogo de equipe’’, dando ordens aos seus pilotos. Até porque, não há dúvidas de que estas serão prontamente ignoradas. Sorte do telespectador.
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Nos pés de vinte e três


Felipão escalou sua seleção. Foram anunciados os 23 nomes responsáveis por tentar manter no Brasil a taça do mundo, dando o hexacampeonato ao país cinco vezes campeão da Copa. Ao assumir, Scolari pegou a equipe nacional sem uma base definida, e longe de existir uma lista com boa parte dos nomes garantidos no mundial. Já na Copa das Confederações, pouco tempo depois do início de seu trabalho, o experiente treinador conseguiu não só formar o time titular da Copa de 2014 como recuperou – ou encontrou – jogadores como Fred, centroavante que Mano Menezes tardou a convocar frequentemente. Definiu, também, a dupla de volantes, formada por Luis Gustavo, não lembrado pelo ex-técnico, e Paulinho, que sai pro jogo e marca como poucos. Neymar nunca jogou tão bem pela seleção como sob o comando de Felipão, Oscar carimbou sua passagem, apesar de ter trocado o número da camisa com o craque do Barcelona, e até Hulk deixou de ser constantemente criticado pela torcida.

A diminuição das criticas é um dos pontos de maior relevância trazido por Luiz Felipe Scolari. A história do treinador no futebol o conferem respaldo necessário para haver menos dúvidas sobre o trabalho que se conduz na seleção. Deixou de existir o clima de incerteza que era comum na época do atual técnico do Corinthians, devido à falta de conquistas em sua ‘‘gestão’’ e pelo fato de aquele ser seu primeiro trabalho com uma equipe nacional. Nenhum desses fatores sobreviveu à parceria Felipão-Parreira.

Mas nem a quase certeza da lista final, o título da Copa das Confederações e as costas largas de Luiz Felipe excluíram certa polêmica na relação dos 23 nomes escolhidos para a Copa do Mundo. Porém, quando o nome mais criticado é o suplente não imediato dos zagueiros reservas, percebe-se que a tempestade pode estar acontecendo em um copo d’água. Dante é a primeira escolha na necessidade de se substituir Thiago Silva ou David Luiz. Miranda seria uma escolha mais viável para o lugar de Henrique, sem dúvidas, uma vez que o ex-beque do São Paulo é virtual campeão espanhol com o Atlético de Madrid, clube finalista da atual edição da Champions League. Mas, potenciais injustiças a parte, Henrique não comprometerá.


De resto, a lista dos vinte e três nomes está na boca do povo de maneira tal que me abstenho de aqui citá-la em sua totalidade. Os que lá estão garantiram sua vaga de alguma maneira durante a segunda passagem de Felipão na equipe brasileira. Terão a chance de provar, na Copa do Mundo, o motivo não só de tal confiança, mas também o de terem conseguido um lugar no mundial. A força desta equipe, porém, terá de vir de fora. Não só das arquibancadas, mas das ruas, do clima que terá de envolver o país durante o evento. Longe do discurso ufanista da ‘‘Copa das Copas’’, a equipe de futebol nacional precisa disso. No caso da improvável ausência da energia petiscada na Copa das Confederações, outra nação pode ser a dona da festa no Maracanã, no dia 13 de julho. O grande favorito, porém, acima de Espanha, Argentina e Alemanha, não poderia ser diferente: É o Brasil, representado pelos pés dos escolhidos a dedo por Felipão.
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Os grandes que se mordam


  No ano em que nenhum dos grandes paulistas participou da Libertadores, o Ituano foi campeão paulista. Quem ouvisse tal frase em janeiro, mês do início da competição, se espantaria, mas o fato é que mesmo sem outro campeonato de maior importância para dividir o foco, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, em ordem, caíram no estadual, e quem aproveitou foi o clube de Itu, agora bicampeão.

  O potencial da equipe era desconhecido até mesmo nas últimas rodadas da primeira fase do Paulista. Quando o Ituano derrotou o São Paulo no Morumbi, por exemplo, Mano Menezes chegou a colocar em xeque a vontade do mandante em vencer o jogo. Nas duas seguintes partidas do vencedor daquele confronto contra grandes do estado, o mesmo placar se repetiu, e o futuro campeão paulista de 2014 derrotou Palmeiras e Santos, no Pacaembu, pelos mesmos 1 a 0 do encontro com o São Paulo. No final, parece que se os jogadores do time de Muricy Ramalho tiveram problemas para dormir na noite do jogo, foi pela derrota sofrida, e não por consciência pesada, como sugeriu o treinador corintiano.

  Devido a sua bela campanha, o Ituano, que entrou na competição sem estar em nenhuma divisão do campeonato brasileiro, recebeu vaga na série D da liga nacional, a qual deve disputar sem parte dos atletas campeões, já que alguns devem ser negociados. Anderson Salles é um deles. Único integrante do Ituano na seleção do campeonato, o bom zagueiro interessa ao Palmeiras. Mesmo assim, o título, somado à confiança e ao ''grupo fechado'' que vieram com a taça, faz do clube do interior de São Paulo um dos potenciais candidatos a conseguir a promoção.

  Já os grandes devem ter atenção no Brasileiro. O vice-campeão Santos, de bela campanha no estadual, tem potencial para ser frequentador assíduo do G4, assim como o Corinthians, que vivenciou uma curta crise durante o torneio, a qual culminou na eliminação do campeão do ano passado na primeira fase. O torcedor do Palmeiras não deve esperar grandes feitos. Alan Kardec e Bruno César são nomes que podem decidir jogos a qualquer momento, mas o time precisa de mais qualidade para almejar títulos na temporada, apesar do elenco robusto e enorme. O São Paulo evidenciou fraquezas, remanescentes da equipe do ano passado. Novos nomes, como Pato, Souza e o volante Hudson, destaque do Botafogo-SP no Campeonato Paulista, porém, devem ajudar o tricolor a nem passar perto da zona de rebaixamento, incômodo lar do clube do Morumbi em várias rodadas do último brasileiro.

  Os grandes citados devem se curvar diante do Campeão Paulista de 2014. O bom time do Ituano foi ganhando corpo com o andamento do torneio e chegou na final com união e vontade dignas de campeão, e mesmo sem o favoritismo, fizeram história. Cada grande paulista que caía era prato cheio para os torcedores rivais. ''Quieto em seu canto'', o Ituano prevaleceu e agora, apenas comemora. Os grandes que se mordam.
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Que venha a Croácia


          Felipão entrou para o amistoso da seleção brasileira contra a África do Sul com poucas dúvidas sobre o grupo de 23 atletas que representará o Brasil na Copa do Mundo. Desde que assumiu a posição de treinador, o time foi tomando corpo e forma, até adquirir confiança e credencial com o título da Copa das Confederações. De lá pra cá, apesar dos onze titulares permanecerem inalterados, alterações pontuais foram tomadas na composição do elenco, como as convocações de Rafinha e Fernandinho para a partida contra os sul-africanos, o que prova a atenção de Scolari com aqueles que merecem chance embora não figurem em seus corriqueiros convocados. 
         No Soccer City, palco da final da Copa de 2010, a seleção não deu chance para os bafana bafana. Oscar abriu o placar após belo passe de Hulk, e ao final do primeiro tempo, o placar apontava 3 a 0 para os brasileiros. Neymar marcou os outros dois. Na etapa complementar de jogo, um dos destaques da bela temporada do Manchester City, Fernandinho, contestado quando era convocado por Mano Menezes em seu tempo de Shakhtar Donetsk, encheu o pé de fora da área para marcar o quarto e arrancar um indicativo sorriso de Felipão, o qual pode lhe garantir uma vaga na convocação final. Neymar encerrou a contagem com seu trigésimo gol pela seleção principal, o que coloca o craque do Barcelona na décima quarta colocação na lista de artilheiros do Brasil. O segundo hat-trick do atacante com a amarelinha o fez passar Adriano, Luís Fabiano, Robinho, Kaká e Careca.
            À parte os promissores números de Neymar, a lista para a Copa está quase pronta. Júlio César e Jefferson já garantiram os postos de goleiro titular e reserva, a terceira vaga da posição deve ficar com Diego Cavalieri. Na defesa, Daniel Alves e Marcelo, laterais assegurados, devem ter a companhia de Rafinha, de um jogo com Felipão. Thiago Silva, David Luiz e Dante são os zagueiros que não perderão seus espaços. Um beque, provavelmente Marquinhos, e Maxwell, ambos do PSG, devem completar a defesa brasileira, caso Scolari não abra mão do lateral para contar com mais uma opção no ataque. A linha de volantes do 4-2-3-1 de Felipão está definida: Luís Gustavo, Paulinho, o recém testado Fernandinho e Ramires são os nomes. Os mais avançados são Hulk, William, Oscar, Hernanes, Neymar e Bernard. Fred, centroavante de espaço confirmado, deve ter Jô ou Robinho como alternativa, ou os dois, caso Maxwell seja preterido. Lucas deve mesmo ficar de fora.
         Definição de bem encaminhada, a convocação final de Felipão contará com jogadores resgatados ou fisgados pela observação do treinador em sua primeira lista, como Hernanes, Dante, Luís Gustavo e a aposta em Júlio César, além de merecidas inclusões de última hora, caso de Rafinha e Fernandinho. Scolari soube montar o elenco dando tranquilidade aos jogadores, pré garantindo atletas em vários momentos. Porcentagens calculadas por si de ''grupo fechado'' pautavam a imprensa, e as dúvidas que restam são, na verdade, da parte de quem tenta prever a relação derradeira. Na cabeça do técnico, salvo alguma lesão, os nomes estão certos. Dentro de campo, o time está preparado. Só melhora mesmo jogando a Copa, com o calor da torcida e o clima de hexa. Até lá, que contemos os dias, e que venha a Croácia.
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Um pra lá, um pra cá


             No momento da contratação de Alexandre Pato pelo Corinthians, nunca um clube brasileiro havia investido tamanho montante para contar com um jogador. Um ano e dois títulos conquistados pelo clube depois, Pato foi trocado com um dos maiores rivais de seu ex-clube por um meia de 30 anos, antes encostado no agora novo contratante do ex-camisa 7 corintiano.

            Pelo Corinthians, Pato nunca foi propriamente titular. Ganhava jogos esporádicos, sequências ocasionais, mas não a confiança do ex-treinador, Tite, e da torcida, que teve a impaciência, por assim dizer, volumosamente aumentada durante a pífia campanha do clube no segundo semestre do ano passado, quando todo o time estava abaixo da média. A nota fiscal de 40 milhões de reais, valor de sua contratação, explica a cobrança exacerbada. O episódio do pênalti sofridamente batido contra o Grêmio, nas quartas de final da Copa do Brasil do ano passado, foi decisivo para a diretoria admitir a irreversível falta de identificação com o clube. Já em 2014, Pato comunicou ao Corinthians o desejo de se transferir após ser um dos principais alvos de repúdio dos vândalos que invadiram o centro de treinamento do clube. O Corinthians, então, pôs-se a tentar negocia-lo. O papo sobre a troca com Jadson com o São Paulo era antigo, e foi revitalizado após a ausência de interessados com boas propostas no atacante. O acordo foi selado pouco tempo depois.

          No aspecto técnico, ambas equipes se desfazem de ''pesos mortos'' em seus elencos. Pato não tinha mais clima no Corinthians, enquanto Jadson nem ao menos atuou pelo São Paulo neste ano. Em seus novos clubes, porém, os jogadores ganham vida nova. Jadson vem para suprir a falta de criatividade no meio-campo corintiano e ainda pode herdar a 10 de Douglas. O bom meia ainda tem lenha para queimar, e só não atuava mais pelo São Paulo por ter perdido espaço para Ganso, que parece contar com a relevante preferência do capitão são paulino. O jogador de 30 anos, que receberá seu salário de seu novo clube, vem para o Corinthians por empréstimo até o final de seu contrato. Depois de 31 de dezembro, já sem vínculo com seu ex-clube, Jadson assina com o em definitivo com o timão. O atleta pode jogar contra o São Paulo, mas só poderá estrear quando o Corinthians quitar sua dívida de R$1,5 milhão referente a direitos de imagens com Pato. O atacante, por sua vez, vai para o São Paulo por empréstimo de dois anos, não podendo atuar contra seu ex-clube sem o pagamento de uma multa de R$1 milhão. O novo atleta do Morumbi, que terá metade do seu salário bancado pelo Corinthians, não poderá atuar no campeonato paulista, por já ter sido relacionado em mais de três partidas. Alexandre, porém, ainda tem seu passe vinculado ao Corinthians, que tem liberdade para negocia-lo durante o período de empréstimo. O São Paulo terá direito a 10% de qualquer proposta que ultrapasse 15 milhões de euros, o que evidencia a vontade do Corinthians em vende-lo, além do preço que estampa sua etiqueta.

            A quantidade absurda de clausulas foi necessária para ambos times chegarem a um bom acordo. O Corinthians diminui em 50% os vencimentos do jogador, além de engatilhar uma negociação que lhe devolveria boa parte do que foi investido. O risco é vê-lo estourar pelo rival. Já o São Paulo receberá um bom atacante em troca de um meia que já estava fora dos planos. Para isso, precisou apenas trocar o salário de Jadson por metade do de Pato. Assombrosamente, o negócio foi bom para ambos os clubes e os jogadores, e ninguém dançou neste um pra lá, um pra cá.
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Fora o baile


         Sob a temperatura de 35 graus e sensação térmica de 39, o Santos recebeu o Corinthians no primeiro teste de maior exigência da temporada 2014. Sem Montillo, negociado, e ainda sem Leandro Damião, que aguarda o pagamento da segunda parcela de sua transação com o Internacional para poder atuar, o alvinegro praiano encarou o rival da capital, que veio com o time titular das duas primeiras partidas do Paulistão, quando derrotou Portuguesa e Paulista. A exceção foi Edenilson, vendido à Udinese. Diego Macedo foi escalado em seu lugar. Já contra o São Bernardo, na terceira rodada, o treinador Mano Menezes promoveu um rodízio no elenco corintiano. Mal escalado, o time acabou perdendo o jogo.
         Já com bola rolando na Vila Belmiro, pouco mais de oito mil pessoas acompanharam um belo início de partida, jogando para escanteio a crença de que a marcha lenta do início de temporada impediria um bom espetáculo. Empurrado pela torcida, o Santos abriu dois a zero em vinte e dois minutos, com gols do homem do jogo, Arouca, e Gabriel, ex-Gabigol, de cabeça. O dois a zero em tão pouco tempo fazia uma goleada passar pela cabeça de quem acompanhava o embate. Contudo, logo no minuto seguinte, Guerrero fez a parede para Guilherme encher o pé de fora da área e diminuir para o Corinthians. O placar permaneceu inalterado até o fim da etapa inicial de jogo, na qual o Santos se mostrou superior. Os donos da casa conseguiam chegar com mais perigo e envolver o adversário com boa movimentação ofensiva. O peixe chegava a exibir um admirável ''dois toques'' quando rodava a bola, aspecto promissor para a equipe litorânea. Já os corintianos, quando tinham a posse, trocavam passes sem a mesma organização do adversário. Romarinho e Rodriguinho incorporaram o diminutivo de seus apelidos no futebol apresentado pela dupla, enquanto Danilo ofereceu ao torcedor mais uma rotineira e fraca atuação. Ralf se mostrou frágil na marcação - o que é incomum, faça-se justiça -, e Diego Macedo provou ser necessária a contratação de Fagner, já integrado ao elenco. Paulo André e Uendel também estiveram abaixo da média.
         Foi no segundo tempo que o desastre defensivo do Corinthians se agigantou. Roubadas de bolas eram raras e a ineficiência para conter contra ataques definiu o confronto. Os gols de Thiago Ribeiro, intercalado por um de Bruno Peres, fecharam o cinco a um. Nem o olé da torcida praiana atiçou os corintianos quando a questão era jogar bola. Serviu apenas para esquentar a cabeça de Guerrero. No pós-jogo, Mano classificou o resultado como inadmissível. Não poderia ser diferente. Já Oswaldo de Oliveira, técnico do Santos, preferiu conter o ânimo dos adeptos, chegando a lembrar que, em 2005, foi demitido pouco tempo depois de um 3 a 0 do Santos frente ao Corinthians, na mesma Vila Belmiro. De fato, o elástico placar não define até onde poderão chegar estas equipes na temporada. Não pode ser ignorado, porém, os defeitos do Corinthians, herança do ano passado, além do potencial do peixe em 2014. Sorte do torcedor do Santos e de quem gosta de futebol e pode ver um belo cinco a um. Fora o baile.
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Os três melhores: o atual, o futuro e o de todos os tempos


      O mundo do futebol tem outro número um. Cristiano Ronaldo desbancou Lionel Messi, tetracampeão do prêmio de melhor jogador do planeta, que sofreu com lesões no ano passado, e Frank Ribery, impulsionado pela grande temporada do Bayern de Munique. O astro português, apesar de não alcançar nenhum título no ano de 2013, continuou a elevar seus impressionantes números e a encantar fãs do esporte bretão ao redor do mundo. Foram 66 bolas na rede em 56 jogos em 2013, incluindo os quatro gols do fenomenal atacante nos dois jogos com a Suécia pela repescagem europeia, o qual definiria qual das duas seleções viria ao Brasil em 2014.
         A conquista é a segunda do atleta, que em seus tempos de Manchester United levantou o troféu em 2008. Cristiano se junta ao seleto grupo de futebolistas considerados pela FIFA os melhores do mundo por mais de uma vez. Ronaldinho Gaúcho também ganhou o prêmio em duas oportunidades, Ronaldo e Zidane, em três, enquanto Messi recebeu a honra quatro vezes. O camisa 7 esteve presente como segundo colocado em três das conquistas de Messi, estando ausente apenas em 2010, quando a copa pesou e os campeões do mundo - e companheiros do craque argentino no Barcelona - Xavi e Iniesta completaram o Top-3. O duradouro auge do português é ainda mais impressionante. Em 2007, ano da conquista da honraria por Kaká, a última por um brasileiro, o atual vencedor ficou na terceira colocação.
       Merecida pelo grandioso ano de 2013, a Bola de Ouro tira um enorme peso das costas de Cristiano Ronaldo. O domínio de Messi levantava questões sobre a possibilidade de o jogador do Real Madrid ganhar o prêmio novamente, enquanto a falta do título individual desde sua contratação pelos galáticos incomodava os vaidosos merengues. Aos 28 anos, o português não dá sinal de que o corpo começa a limitar seus gols e números impactantes. Não só pelo segundo título de melhor do mundo, mas também pela formidável perspectiva de futuro, o atacante tem seu lugar na história guardado como um dos grandes, assim como Lionel Messi. Sorte de quem pode apreciar ambos os craques encantando o planeta com o mais fino futebol.
        O maior de todos, porém, se aposentou há muito tempo. Quando o único atleta a vencer três Copas do Mundo jogava, a Bola de Ouro, ainda não organizada pela FIFA, limitava-se à Europa. A injustiça, corrigida, completou a coleção de troféus de Pelé, que, emocionado, dividiu o prêmio com todos que fizeram parte de sua trajetória. Edson Arantes do Nascimento fincou novamente a bandeira brasileira no alto do mundo, através do futebol. Em julho, teremos a chance de mantê-la. Já que nunca o eleito melhor do mundo pela FIFA venceu a Copa no ano seguinte, Cristiano Ronaldo não deve ser um problema, caso a ''tradição'' se mantenha. Já o gênio sul-americano que atua com a camisa do Barcelona tem caminho livre. Para aqueles que acreditam em superstição, não há razão para temer. Refiro-me a Neymar, que conta os dias para se juntar a Cristiano Ronaldo e aos outros vencedores da Bola de Ouro. Que a FIFA não tarde, como fizeram com Pelé.
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Fragilidade


Já foi o tempo em que se encontrava com facilidade os atletas do grande clube de futebol da cidade na padaria, no açougue ou no bar da esquina. Hoje, o status de estrela – dentro e fora do campo – adquirido pelos mais badalados esportistas impede que o contato com o público seja feito de forma mais próxima. Curtir a mais nova foto publicada nas redes sociais é uma das maneiras de interação mais comuns dos fãs da nova geração de atletas. Tal distanciamento afasta os ídolos do esporte da vida cotidiana, para qual o tratamento da mídia também contribui. Quando raramente o encontro do admirador com o idolatrado acontece, é inevitável a surpresa expressada pela frase ‘‘ele existe!’’.
         De fato, existem sim. E são tão de carne e osso como qualquer trabalhador ‘‘comum’’ do dia a dia, não importa o quão impressionante seja o seu desempenho em determinado esporte ou os incríveis limites que atingem com o corpo humano. A derrota, por sua vez, faz parte do vocabulário de um atleta, até mesmo para alguém invencível por quase toda a carreira. Porém, o modo surpreendente com o qual Anderson Silva perdeu a revanche para Chris Weidman, em 28 de dezembro do ano passado, consumou o impensável para um dos grandes do esporte. Ao aplicar um golpe característico, Anderson chutou o adversário, que bloqueou a tentativa do brasileiro com a lateral do joelho. Weidman não imaginava que a defesa fosse decisiva para sua vitória, e muito menos que quebraria os ossos da tíbia e da fíbula da perna esquerda do desafiante. As imagens do momento da fratura chocaram o mundo não só pela forte cena, mas também por representar que o maior lutador de MMA de todos os tempos, para muitos, também é abalável, quebrável, frágil.
Não demorou muito para outro ícone do esporte assustar o mundo, dessa vez de forma mais grave. Na manhã seguinte à luta de Anderson, Michael Schumacher sofreu um acidente de esqui, na França, bateu a cabeça numa pedra e foi levado ao hospital com traumatismo craniano. Até o momento, o heptacampeão passou por duas cirurgias, esta em coma induzido e sua situação é crítica. Segundo os próprios médicos, Michael está lutando pela vida. O ex-piloto é dono dos maiores números e recordes da Fórmula 1, por ter dominado o esporte por soberanos cinco anos. Além dos sete títulos mundiais, marca máxima da categoria, o alemão tem 91 vitórias, 155 pódios e 68 pole positions em 306 largadas, divididas em 19 temporadas na categoria máxima do automobilismo. Verdadeiro fenômeno.
E só. Tanto não abordarei mais de seus impressionantes números quanto não tratarei de suas controvérsias. Abstenho-me também da infeliz discussão que envolve a prática de Anderson Silva, a qual alguns afirmam não ser esporte. Nada disso importa, no momento. Não só essas duas figuras existem fora de sua área de atuação, como são passíveis de acidentes. A operação de Anderson foi bem sucedida e sua recuperação deve durar de cinco a 12 meses. O lutador de 38 anos conta com o apoio da torcida brasileira para encerrar sua carreira de maneira digna, no octógono. Já as orações ficam para o complicado caso de Schumacher, que completa 45 anos nesta sexta-feira, dia 3. Sim, eles também fazem aniversário.
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