O campeão dos campeões


                      O ano de 2012 foi inesquecível para os corintianos. O coração tomado de loucura dos apaixonados adeptos do ‘‘todo poderoso’’ foi colocado à prova em diversas ocasiões, sucedendo em todas elas. Angústia, ansiedade, aflição, desespero... Diversas sensações foram experimentadas, porém, nenhuma superou a alegria. Em 2012, o ‘‘maloqueiro sofredor’’, como o torcedor gosta de ser chamado, conheceu a felicidade como nunca antes. Apesar deste já ter se banhado de glórias e de ter se alegrado com cada uma delas, nunca houve sensação de liberdade maior do que neste ano. Na categoria dos anos eternos do calendário corintiano, 2012 acaba de se juntar a 77 e 90.

             No início do ano, o maior sonho ainda não passava disso, sonho. Distante e fantasioso sonho. Porém, o que é um sonho senão uma meta, ainda que regada de sentimento? E que meta é impossível para a garra e vontade de um time batalhador? Que meta é impossível para a torcida que nunca abandona, que canta até ficar rouca, e até depois disso? Nenhuma. Absolutamente nenhuma. A Libertadores veio. E como veio... Veio invicta, veio suada, veio demorada, veio aos poucos, veio incontestável. Veio e não vai mais. Veio para ficar eternamente na memória do torcedor.

            Pouco depois da euforia maior trazida pelo título, uma pergunta pairava sobre os loucos torcedores. O que faltava? Qual era o próximo passo? O que ainda havia para conquistar? Ninguém conseguia trazer uma resposta objetiva para esta tão singela pergunta, contudo, era de senso geral da nação corintiana o desejo de continuar. Continuar almejando o melhor, querendo repetir, com uma fome insaciável de tudo que houver pela frente. E, naquele momento, à frente estava o Mundial de Clubes, glória máxima que uma equipe de futebol pode conquistar neste planeta.

            E a hora chegou. A saída do Corinthians para o Japão se deu com um público de quinze mil adeptos gritando no aeroporto. A equipe embarcava com aquela energia, a fé no título, a garra de milhões, a vontade de uma nação. Após atravessar o mundo, os jogadores chegavam ao Japão com a maior bagagem já registrada por uma equipe de futebol. Já o adversário da final, o Chelsea da Inglaterra, trazia indiferença, soberba e um elenco milionário. Porém, o Corinthians possui o que dinheiro não compra: paixão. E foi suficiente. Aliado a um ótimo futebol, o torcedor que lotava e contaminava o estádio de Yokohama com sua loucura, transmitia a vontade necessária para a equipe se sagrar campeã. Cássio certamente captou-a. E a expeliu em cada defesa monumental que executou no gramado. Posteriormente, em bela jogada de Paulinho e Danilo, a bola sobrou para Guerrero - definição do espírito Corintiano - , que absorveu tal energia e cabeceou junto com mais de trinta milhões de privilegiados torcedores. Ninguém no mundo, naquele dia, esteve mais eufórico do que eles.

            O significado deste título é imenso. Todavia, a descrição do sentimento continua impossível, impensável, impraticável. Ainda mais quando se trata de Corinthians. Corinthians é, e continuará sendo, eternamente Corinthians. O que é isso? Mais de trinta milhões de privilegiados sabem. Já quem não é, não sente, não sabe, não vive. Olha abismado, tenta entender, mas não é capaz. Quem é, é. É apaixonado, é louco, é Corinthians. É bicampeão mundial.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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‘‘Só’’ falta o Chelsea


               O Corinthians avançou, nesta quarta-feira, 12, para a final do campeonato mundial de clubes. Ao vencer o Al-Ahly, do Egito, pelo placar mínimo, o alvinegro garantiu presença na decisão do título, na qual irá enfrentar o vencedor de Chelsea X Monterrey. A semifinal foi complicada em certos aspectos, mas o objetivo foi cumprido e o time estará em campo no domingo, em Yokohama, para lutar pelo cobiçado título mundial.

             O primeiro tempo do Corinthians foi bom. Ainda que este não tenha conseguido criar uma avalanche de oportunidades, os mais de vinte mil torcedores da equipe brasileira que compareceram ao estádio viram sua equipe dominar o jogo e não oferecer espaço ao adversário. A única finalização certa acabou por resultar no gol que decidiu a partida, após belo cruzamento de Douglas para a cabeceada certeira de Paolo Guerreiro.

            Já na etapa final de jogo, a história foi diferente. Nas poucas vezes que o ‘‘timão’’ chegou à frente, foi explorando o contra-ataque, pois quem tinha o controle da bola era o Al-Ahly. O ponto positivo desta postura mais cautelosa foi evidenciar a boa organização defensiva da equipe, porém, durante alguns momentos, o torcedor chegou a ficar apreensivo com a pressão do time egípcio. Já na parte final, Tite trocou os pontas, e Jorge Henrique e Romarinho entraram no time. A função principal dos dois foi acompanhar os laterais, sendo assim, a alteração teoricamente ofensiva funcionou para trancar mais o time, o que ajudou para a manutenção do placar e da vaga na final.

            O provável adversário da final será o Chelsea, da Inglaterra. Ainda que este tenha que passar pela equipe mexicana do Monterrey, o europeu é pleno favorito e deve marcar presença em Yokohama. O Corinthians, por sua vez, precisa evoluir, visto a semifinal, para poder fazer frente aos ‘‘blues’’, apelido da equipe de Londres. Contudo, o jogo contra o Al-Ahly não apresentou somente problemas, mas também aspectos positivos, e o Corinthians tem tudo para fazer um bom jogo e até mesmo voltar ao seu país com o segundo troféu de campeão mundial de sua história.

            Uma possível surpresa na semifinal foi eliminada, e a vaga na final é realidade. Cabe ao Corinthians esperar o adversário ser definido, e continuar os fortes treinos aos quais vem se submetendo. O Chelsea chega ao mundial em um processo de reconstrução de elenco, com uma mudança recente na vaga de treinador e uma eliminação na Champions League dessa temporada. O Corinthians vem focado, pronto, preparado e confiante. Tais fatores, aliados a um bom futebol, podem ser a fórmula do sucesso para a equipe brasileira.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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O presente





      Todo pai passa algo a seu filho. Tenho a sorte de conviver com um que me transmite inúmeras coisas positivas. No campo do esporte, embora nossos times de coração sejam diferentes, o gosto pela Fórmula 1 certamente foi compartilhado. Tal interesse se perpetuou não apenas por dividir os domingos de manhã assistindo corridas, mas também pelas histórias que ouço ele contar.

            Quando o assunto é F1, o sujeito é privilegiado. Acompanhou os anos áureos do esporte. Viu correr pilotos como Emerson Fittipaldi, Jack Ickx, Jackie Stewart, Niki Lauda, Nelson Piquet, Alain Prost, Damon Hill, Nigel Mansell e o maior de todos, Ayrton Senna. Este sim, faz escorrer lagrimas dos olhos de meu pai, que faz questão de citar vários capítulos da história do tricampeão. Como seu primeiro podium, conseguido a bordo de uma Toleman, debaixo da chuva de Mônaco. Ou a vez em que guiou sua McLaren com apenas duas marchas à vitória em Interlagos. Lembranças de Senna não faltam, e eu, mesmo sem ter acompanhado tais momentos, visualizo-os mediante os depoimentos que ouço.

            Hoje, ainda que com toda essa ‘‘parafernália tecnológica’’, expressão que meu pai insiste em usar, sou capaz de assistir a muitas corridas de alto nível, como a última, o grande prêmio de Interlagos de 2012. Vettel, que chegava à corrida como atual bicampeão, precisava de um quarto lugar, no mínimo, para garantir mais um título. O único que poderia tirar tal feito dele seria Fernando Alonso, caso este conseguisse uma combinação de resultados. Logo na largada, Alonso pula para quarto lugar, e na terceira curva, Vettel é tocado. Na contra mão, o alemão vê o restante dos carros do grid passar por ele. Aquela imagem do carro da Red Bull virado no sentido contrário, sendo ultrapassado por todos, certamente fez até o mais entusiasta torcedor pensar que o título não fosse mais possível. Principalmente depois de, uma volta mais tarde, a equipe anunciar à Vettel que as avarias no carro eram sérias e não poderiam ser consertadas.

            Bobagem. Para um piloto do calibre de Vettel, nada é impossível. Já na terceira volta, o piloto alemão era o mais rápido da pista, e na nona volta, estava em sexto, o que naquele momento era o suficiente para ser campeão. Mesmo assim nada estava fácil. A situação da pista era confusa e a previsão do tempo, incerta. Na volta 53, Vettel entra nos boxes para colocar pneu para pista seca. Começava a chover, e depois de duas voltas, seu carro voltava aos boxes para colocar pneu intermediário. Seu comunicador não estava funcionando, e sem poder avisar à equipe, esta demora para trocar os pneus. Esta cena dos mecânicos da equipe indo buscar o novo jogo de pneus, deixando Vettel esperando por preciosos segundos, fez aquele mesmo entusiasta torcedor desistir novamente.

La na frente, após um toque entre líderes e um jogo de equipe, Alonso pulava para segundo. Vettel saia dos boxes em décimo terceiro. Com Alonso marcando 18 pontos, o alemão precisava ser sétimo. Estava seis posições acima disso. Pela segunda vez na corrida, o título já não era seu. Foi neste momento que a pista de Interlagos, que já presenciou tantos shows por parte de Ayrton Senna, viu mais um, desta vez do novo tricampeão do mundo de Fórmula 1, Sebastian Vettel. Com a pista molhada pela chuva, o alemão segurava o carro, avariado desde a primeira volta, à medida que precisava de ultrapassagens. Raikkonen, Kobayashi, Vergne, Schumacher, todos viram passar a Red Bull de número 1, que no ano que vem continuará com esse número. Vettel terminou em sexto, e se consagrou o mais jovem tricampeão de Fórmula 1, naquele que foi descrita por meu pai, como uma das melhores corridas de todos os tempos. Um dia, caso a paixão pela Fórmula 1 se perpetue por mais uma geração em minha família, já tenho história para contar. Se meu pai enche os olhos de lagrimas e diz que viu Ayrton Senna, eu já posso encher o peito e dizer: Eu vi Sebastian Vettel.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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