O campeão dos campeões


                      O ano de 2012 foi inesquecível para os corintianos. O coração tomado de loucura dos apaixonados adeptos do ‘‘todo poderoso’’ foi colocado à prova em diversas ocasiões, sucedendo em todas elas. Angústia, ansiedade, aflição, desespero... Diversas sensações foram experimentadas, porém, nenhuma superou a alegria. Em 2012, o ‘‘maloqueiro sofredor’’, como o torcedor gosta de ser chamado, conheceu a felicidade como nunca antes. Apesar deste já ter se banhado de glórias e de ter se alegrado com cada uma delas, nunca houve sensação de liberdade maior do que neste ano. Na categoria dos anos eternos do calendário corintiano, 2012 acaba de se juntar a 77 e 90.

             No início do ano, o maior sonho ainda não passava disso, sonho. Distante e fantasioso sonho. Porém, o que é um sonho senão uma meta, ainda que regada de sentimento? E que meta é impossível para a garra e vontade de um time batalhador? Que meta é impossível para a torcida que nunca abandona, que canta até ficar rouca, e até depois disso? Nenhuma. Absolutamente nenhuma. A Libertadores veio. E como veio... Veio invicta, veio suada, veio demorada, veio aos poucos, veio incontestável. Veio e não vai mais. Veio para ficar eternamente na memória do torcedor.

            Pouco depois da euforia maior trazida pelo título, uma pergunta pairava sobre os loucos torcedores. O que faltava? Qual era o próximo passo? O que ainda havia para conquistar? Ninguém conseguia trazer uma resposta objetiva para esta tão singela pergunta, contudo, era de senso geral da nação corintiana o desejo de continuar. Continuar almejando o melhor, querendo repetir, com uma fome insaciável de tudo que houver pela frente. E, naquele momento, à frente estava o Mundial de Clubes, glória máxima que uma equipe de futebol pode conquistar neste planeta.

            E a hora chegou. A saída do Corinthians para o Japão se deu com um público de quinze mil adeptos gritando no aeroporto. A equipe embarcava com aquela energia, a fé no título, a garra de milhões, a vontade de uma nação. Após atravessar o mundo, os jogadores chegavam ao Japão com a maior bagagem já registrada por uma equipe de futebol. Já o adversário da final, o Chelsea da Inglaterra, trazia indiferença, soberba e um elenco milionário. Porém, o Corinthians possui o que dinheiro não compra: paixão. E foi suficiente. Aliado a um ótimo futebol, o torcedor que lotava e contaminava o estádio de Yokohama com sua loucura, transmitia a vontade necessária para a equipe se sagrar campeã. Cássio certamente captou-a. E a expeliu em cada defesa monumental que executou no gramado. Posteriormente, em bela jogada de Paulinho e Danilo, a bola sobrou para Guerrero - definição do espírito Corintiano - , que absorveu tal energia e cabeceou junto com mais de trinta milhões de privilegiados torcedores. Ninguém no mundo, naquele dia, esteve mais eufórico do que eles.

            O significado deste título é imenso. Todavia, a descrição do sentimento continua impossível, impensável, impraticável. Ainda mais quando se trata de Corinthians. Corinthians é, e continuará sendo, eternamente Corinthians. O que é isso? Mais de trinta milhões de privilegiados sabem. Já quem não é, não sente, não sabe, não vive. Olha abismado, tenta entender, mas não é capaz. Quem é, é. É apaixonado, é louco, é Corinthians. É bicampeão mundial.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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‘‘Só’’ falta o Chelsea


               O Corinthians avançou, nesta quarta-feira, 12, para a final do campeonato mundial de clubes. Ao vencer o Al-Ahly, do Egito, pelo placar mínimo, o alvinegro garantiu presença na decisão do título, na qual irá enfrentar o vencedor de Chelsea X Monterrey. A semifinal foi complicada em certos aspectos, mas o objetivo foi cumprido e o time estará em campo no domingo, em Yokohama, para lutar pelo cobiçado título mundial.

             O primeiro tempo do Corinthians foi bom. Ainda que este não tenha conseguido criar uma avalanche de oportunidades, os mais de vinte mil torcedores da equipe brasileira que compareceram ao estádio viram sua equipe dominar o jogo e não oferecer espaço ao adversário. A única finalização certa acabou por resultar no gol que decidiu a partida, após belo cruzamento de Douglas para a cabeceada certeira de Paolo Guerreiro.

            Já na etapa final de jogo, a história foi diferente. Nas poucas vezes que o ‘‘timão’’ chegou à frente, foi explorando o contra-ataque, pois quem tinha o controle da bola era o Al-Ahly. O ponto positivo desta postura mais cautelosa foi evidenciar a boa organização defensiva da equipe, porém, durante alguns momentos, o torcedor chegou a ficar apreensivo com a pressão do time egípcio. Já na parte final, Tite trocou os pontas, e Jorge Henrique e Romarinho entraram no time. A função principal dos dois foi acompanhar os laterais, sendo assim, a alteração teoricamente ofensiva funcionou para trancar mais o time, o que ajudou para a manutenção do placar e da vaga na final.

            O provável adversário da final será o Chelsea, da Inglaterra. Ainda que este tenha que passar pela equipe mexicana do Monterrey, o europeu é pleno favorito e deve marcar presença em Yokohama. O Corinthians, por sua vez, precisa evoluir, visto a semifinal, para poder fazer frente aos ‘‘blues’’, apelido da equipe de Londres. Contudo, o jogo contra o Al-Ahly não apresentou somente problemas, mas também aspectos positivos, e o Corinthians tem tudo para fazer um bom jogo e até mesmo voltar ao seu país com o segundo troféu de campeão mundial de sua história.

            Uma possível surpresa na semifinal foi eliminada, e a vaga na final é realidade. Cabe ao Corinthians esperar o adversário ser definido, e continuar os fortes treinos aos quais vem se submetendo. O Chelsea chega ao mundial em um processo de reconstrução de elenco, com uma mudança recente na vaga de treinador e uma eliminação na Champions League dessa temporada. O Corinthians vem focado, pronto, preparado e confiante. Tais fatores, aliados a um bom futebol, podem ser a fórmula do sucesso para a equipe brasileira.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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O presente





      Todo pai passa algo a seu filho. Tenho a sorte de conviver com um que me transmite inúmeras coisas positivas. No campo do esporte, embora nossos times de coração sejam diferentes, o gosto pela Fórmula 1 certamente foi compartilhado. Tal interesse se perpetuou não apenas por dividir os domingos de manhã assistindo corridas, mas também pelas histórias que ouço ele contar.

            Quando o assunto é F1, o sujeito é privilegiado. Acompanhou os anos áureos do esporte. Viu correr pilotos como Emerson Fittipaldi, Jack Ickx, Jackie Stewart, Niki Lauda, Nelson Piquet, Alain Prost, Damon Hill, Nigel Mansell e o maior de todos, Ayrton Senna. Este sim, faz escorrer lagrimas dos olhos de meu pai, que faz questão de citar vários capítulos da história do tricampeão. Como seu primeiro podium, conseguido a bordo de uma Toleman, debaixo da chuva de Mônaco. Ou a vez em que guiou sua McLaren com apenas duas marchas à vitória em Interlagos. Lembranças de Senna não faltam, e eu, mesmo sem ter acompanhado tais momentos, visualizo-os mediante os depoimentos que ouço.

            Hoje, ainda que com toda essa ‘‘parafernália tecnológica’’, expressão que meu pai insiste em usar, sou capaz de assistir a muitas corridas de alto nível, como a última, o grande prêmio de Interlagos de 2012. Vettel, que chegava à corrida como atual bicampeão, precisava de um quarto lugar, no mínimo, para garantir mais um título. O único que poderia tirar tal feito dele seria Fernando Alonso, caso este conseguisse uma combinação de resultados. Logo na largada, Alonso pula para quarto lugar, e na terceira curva, Vettel é tocado. Na contra mão, o alemão vê o restante dos carros do grid passar por ele. Aquela imagem do carro da Red Bull virado no sentido contrário, sendo ultrapassado por todos, certamente fez até o mais entusiasta torcedor pensar que o título não fosse mais possível. Principalmente depois de, uma volta mais tarde, a equipe anunciar à Vettel que as avarias no carro eram sérias e não poderiam ser consertadas.

            Bobagem. Para um piloto do calibre de Vettel, nada é impossível. Já na terceira volta, o piloto alemão era o mais rápido da pista, e na nona volta, estava em sexto, o que naquele momento era o suficiente para ser campeão. Mesmo assim nada estava fácil. A situação da pista era confusa e a previsão do tempo, incerta. Na volta 53, Vettel entra nos boxes para colocar pneu para pista seca. Começava a chover, e depois de duas voltas, seu carro voltava aos boxes para colocar pneu intermediário. Seu comunicador não estava funcionando, e sem poder avisar à equipe, esta demora para trocar os pneus. Esta cena dos mecânicos da equipe indo buscar o novo jogo de pneus, deixando Vettel esperando por preciosos segundos, fez aquele mesmo entusiasta torcedor desistir novamente.

La na frente, após um toque entre líderes e um jogo de equipe, Alonso pulava para segundo. Vettel saia dos boxes em décimo terceiro. Com Alonso marcando 18 pontos, o alemão precisava ser sétimo. Estava seis posições acima disso. Pela segunda vez na corrida, o título já não era seu. Foi neste momento que a pista de Interlagos, que já presenciou tantos shows por parte de Ayrton Senna, viu mais um, desta vez do novo tricampeão do mundo de Fórmula 1, Sebastian Vettel. Com a pista molhada pela chuva, o alemão segurava o carro, avariado desde a primeira volta, à medida que precisava de ultrapassagens. Raikkonen, Kobayashi, Vergne, Schumacher, todos viram passar a Red Bull de número 1, que no ano que vem continuará com esse número. Vettel terminou em sexto, e se consagrou o mais jovem tricampeão de Fórmula 1, naquele que foi descrita por meu pai, como uma das melhores corridas de todos os tempos. Um dia, caso a paixão pela Fórmula 1 se perpetue por mais uma geração em minha família, já tenho história para contar. Se meu pai enche os olhos de lagrimas e diz que viu Ayrton Senna, eu já posso encher o peito e dizer: Eu vi Sebastian Vettel.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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A demissão de Mano Menezes




            A política é, senão o maior, um dos assuntos mais polêmicos nos dias atuais. Visões diferentes de membros da população, discordâncias em determinada ideologia e escândalos recentes agitam o cenário nacional, por exemplo. No entanto, o futebol não fica longe. Embora menos ‘‘sério’’, e faço questão das aspas, o mais belo esporte é responsável por inúmeras discussões por parte de apaixonados torcedores, que vão desde um pênalti mal marcado a um ato suspeito de determinada direção de um clube. Porém, o que acontece quando os dois assuntos se misturam? O presidente da CBF, José Maria Marin, fez questão de exemplificar.

            É inegável que o trabalho de Mano Menezes a frente da seleção brasileira era questionável. O treinador enfrentou, em seu curto período como técnico do Brasil, duas competições importantes, das quais não saiu vitorioso. Na Copa América de 2011 a jornada estava apenas começando, é verdade, mas o fiasco foi gigantesco. Já nas Olimpíadas desse ano, a medalha de prata não foi suficiente para conter as críticas justificáveis à convocação e escalação de alguns atletas. Porém, quando o assunto não é resultado, e sim o futebol apresentado, Mano parecia oferecer algo novo e diferenciado, pelo menos nos últimos meses de cargo. Um estilo de jogo fluido e ‘‘brasileiro’’ começava a ser implantado, e quando este parecia render frutos em 2013...

            Mano Menezes foi demitido do cargo, em uma das decisões mais amadoras e irresponsáveis do nosso futebol. Apenas não cravo tal escolha como primeira da lista porque a competição é grande, infelizmente. Poderia falar aqui dos motivos futebolísticos pelo qual considero a demissão ridícula, contudo, os fatores levados em conta pela cúpula da CBF foram outros. Mostrar poder. Eliminar do caminho um dos últimos resquícios visíveis ao público da administração Teixeira. Bancar para si uma mudança de rumo. Marcar território. Marin, dividindo a decisão (ou talvez apenas respondendo por) com Marco Polo Del Nero, vice-presidente, e deixando claro que Andrés Sanches, diretor de seleções, foi voto vencido, confirma a cartada política e deixa o diretor com os dias contados no órgão máximo do futebol brasileiro.

            A data da demissão, dia 23 de novembro, pode ser considerada o dia ‘‘D’’ para aqueles que achavam que os dias de coronelismo na CBF haviam acabado. Enquanto houver gente da política, e não do futebol, no comando da entidade, estamos sujeitos à decisões assombrosas como esta. Desse jeito, fica difícil ganharmos a copa de 2014. Fica difícil acreditar em mudanças estruturais, cada vez mais necessárias em nosso futebol. Fica difícil torcer pelo Brasil.            
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Yuri Coghe Carlos Silva
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Palmeiras de volta à série B



O Palmeiras retornará, no ano que vem, à segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Dez anos após a primeira queda, o clube não conseguiu se reestruturar como grande, e teve de amargar mais um rebaixamento em sua história. O recesso, confirmado na última rodada, era questão de tempo, visto a incapacidade de reação demonstrada pelo elenco. Isso é confirmado pelo fato do time ter passado vinte e nove rodadas na zona de rebaixamento, das trinta e seis disputadas até o momento.

A atual temporada, que começou sem grandes expectativas por parte da torcida palmeirense, trouxe uma surpresa positiva. O título da Copa do Brasil não apenas carimbava o ano de 2012 como ‘‘bom’’, mas também dava ao clube a oportunidade de disputar a Libertadores do ano seguinte. Porém, daquele momento em diante, o Palmeirense só lamentou. O time se viu afundado na zona de rebaixamento, e rodada após rodada, não conseguia sair.

Ainda faltando seis pontos para serem disputados no campeonato, o rebaixamento foi confirmado matematicamente. A campanha palmeirense na Série A desse ano foi um fracasso, e inúmeros erros podem ser apontados para explica-la. O preferido da torcida, a má administração da diretoria, é um deles. Certamente o trabalho não foi exemplar, e os bastidores quentes do clube paulista não ajudaram em nada o elenco, que já não conta com tamanha qualidade. A perda de quatro mandos de jogos e a troca tardia de treinador também entram na somatória.

Contudo, para o Palmeiras se reerguer e assumir seu papel de direito no cenário do futebol brasileiro, o foco tem que ser o futuro. Uma administração competente e voltada ao clube tem de ser criada, além da condução de uma vasta renovação do elenco, para se cumprir o objetivo de curto prazo, a volta à primeira divisão. O retorno do estádio Palestra Itália, o qual deverá ocorrer em meados do próximo ano, deverá ajudar a torcida a cumprir o seu papel de apoiar e incentivar a equipe com mais vigor. Somente desta forma, com trabalho, seriedade e profissionalismo, o torcedor alviverde poderá sonhar com seu clube ocupando novamente a lista dos maiores do Brasil.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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O Fluminense e sua brilhante e contestada campanha



            O Fluminense se consagrou, neste domingo, campeão brasileiro. O gol de Fred, no final do segundo tempo, desempatou o 2x2 do placar e garantiu os três pontos contra o Palmeiras, retirando uma já remota possibilidade do clube ser alcançado na tabela por qualquer um de seus adversários. O futebol do clube, em certos momentos, foi criticado por torcedores e parte da mídia, porém, os números, mais do que expressivos, confirmam a brilhante campanha protagonizada pelo mais novo tetracampeão brasileiro.

            O tricolor carioca tem o melhor ataque e a melhor defesa da competição. Feito que somente o São Paulo, no ano de 2006, alcançou, nos dez anos de pontos corridos no campeonato brasileiro. O recorde de vitórias na liga, desde que o número de clubes participantes se tornou 20, também é do clube do Morumbi, com 23. O Fluminense tem 22, a três rodadas do término da competição, e se evitar a derrota nas partidas restantes, baterá outra marca, o de menor número de derrotas no campeonato, com apenas três.

Contudo, dentro das quatro linhas, o time foi frequentemente criticado, e torcida e mídia alegavam que o time não encantava. É inegável a tendência de ‘‘fechar o time’’ após conseguir o resultado que o Fluminense apresentou neste campeonato, mas atributos como marcação, controle de jogo e maturidade, sobraram à equipe.

O futebol apresentado pelo Fluminense pode não ter sido o mais vistoso, nem o mais atraente dos pontos corridos, entretanto trouxe a melhor campanha já vista nesse sistema de disputa, no Brasil. O time mais efetivo do nosso futebol, atualmente, parece estar pronto para encarar qualquer adversário, seja fora ou dentro de casa.

Mas o segredo não está apenas no campo de futebol. Dos quatro títulos do Fluminense na competição, os dois mais recentes vieram nos últimos três anos, o que resulta do bom período administrativo e financeiro do clube, que conta com um parceiro de peso. Fora do campo, o Fluminense pensa em si próprio, e colhe os benefícios disso. Sem maiores polêmicas, boas condições de trabalho são oferecidas a um belo grupo de jogadores e um ótimo técnico, razões pelo qual o torcedor tricolor pode gritar a plenos pulmões: ‘‘É campeão’’.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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Para poucos: Neymar é ovacionado pelo adversário





            Depois da bela atuação de Ronaldinho Gaúcho contra o Figueirense, há poucas semanas, no estádio Independência em Belo Horizonte, foi a vez de outro grande craque que atua no Brasil ter um dia inesquecível em sua carreira futebolística marcado no mesmo campo. Neymar, do Santos, não só teve uma atuação de gala, como essa foi enaltecida pelo adversário.

            À medida que o Santos entrava em campo, já era possível dizer que aquela não era uma noite qualquer. O camisa 11, enquanto dava seus primeiros passos no gramado, foi abordado por uma criança com a camisa do Cruzeiro, o adversário da equipe santista. O menino levantou o uniforme azul do clube mineiro e revelou, por baixo, a camisa branca do Santos, a qual Neymar autografou.

            Na partida em si, Neymar deu um show. Diferentemente de outros jogos desse campeonato brasileiro, não estava visivelmente cansado, e já no primeiro tempo, tinha marcado dois gols, deixando a torcida do Cruzeiro furiosa com o próprio time. Na etapa complementar de jogo, mais duas mudanças no placar saíram dos pés do atacante. Uma assistência para Felipe Anderson e outro gol, completando seu ‘‘hat-trick’’.

            Vendo seu time ser goleado em casa, os adeptos cruzeirenses criticaram seu time de forma inusitada, enaltecendo a exibição do craque santista. Tal fato emocionou Neymar, que chegou a declarar que, por dado momento, sentiu-se em sua segunda casa.

            Por mais que o que tenha realmente provocado a manifestação da torcida foi a atuação do próprio time, o talento e a atuação de Neymar foram enaltecidos pelo adversário, e é isso que entra para a história. O craque que muitas vezes é hostilizado por torcidas de times que enfrentam o Santos, agora foi apreciado, numa de suas mais belas histórias como jogador do Santos.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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Arbitragem brasileira: Até quando acerta, erra


           Os telespectadores que acompanham o campeonato brasileiro se acostumaram com os erros de arbitragem, tendo em vista a frequência com que eles ocorrem. Muitos desses erros têm uma vasta repercussão, mas nenhum foi mais polêmico do que o ocorrido no Internacional e Palmeiras do último sábado. Na ocasião, o arbitro acertou, mas para tal usou de um recurso não autorizado pela FIFA.

            No segundo tempo, após cobrança de escanteio, o atacante argentino Hernan Barcos, do Palmeiras, ao perceber que não conseguiria marcar o gol com a cabeça, usou a mão para desviar a bola para as redes. Ato não permitido em um jogo de futebol. O arbitro da partida, Francisco Carlos Nascimento não viu, e o gol foi validado. Após muita reclamação dos jogadores do Inter, Francisco voltou a decisão, anulando o gol.

            Se o gol de mão não vale, tampouco uma informação externa interferindo na decisão do juiz. A FIFA não permite que o arbitro, assistentes de lado e de fundo e também o quarto arbitro sejam influenciados por dados provenientes de outros. Esse sexteto está lá para acertar, e não perceber que o gol foi ilegal é um grave erro, que fere as regras das quatro linhas. Porém, a partir do momento em que se aceita voltar a decisão após intervenção de fora, as regras feridas são as da arbitragem, o que torna o fato ainda mais grave.

            Por esse motivo o Palmeiras requisitou a impugnação da partida ao STJD, que pediu à CBF que suspendesse o resultado da partida. Os pontos referentes ao jogo foram retirados da tabela do campeonato até a data do julgamento e se a interferência for confirmada, o jogo será cancelado. A arbitragem nega a informação externa, enquanto o Palmeiras aguarda a decisão final. O Inter promete se movimentar para impedir o cancelamento da partida.

            A arbitragem brasileira é tão mal preparada que até quando acerta, causa polêmica. Esse caso atingiu não só as regras do jogo, mas também as da arbitragem, elevando o erro a outro nível. Caso o jogo seja impugnado, pode se tornar comum ver clubes pedindo tal decisão aos órgãos competentes. Porém, caso a partida não venha a ser cancelada, árbitros podem começar a usar o recurso externo para fazer algumas decisões, interferindo não só na regra do futebol, mas também na regra legal da arbitragem.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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Ditadura no futebol brasileiro: Tem até censura



Em uma ditadura é comum o líder ficar muitos anos no poder, acumulando mandatos. Embora a CBF tenha um novo ‘‘presidente’’, José Maria Marin, seu antecessor permaneceu no cargo durante longos vinte e três anos usando e abusando do poder. Tudo indica que sentiremos os efeitos dessa gestão por vários anos.

Mas a CBF não é a única entidade envolvida com futebol que partilha de alguns princípios totalitaristas. O STJD, órgão que faz julgamentos de casos esportivos, parece usar a censura para punir e se defender.

No confronto entre líder e vice-líder do último domingo, Atlético-MG e Fluminense se enfrentaram em Belo Horizonte. A torcida do galo preparou um protesto contra um possível favorecimento da arbitragem ao clube carioca, que teve suas cores usadas em um mosaico com a sigla CBF. O que aos olhos de alguém sensato é uma atitude aceitável e inofensiva, foi visto como um potencial causador de violência pelo STJD, que julgará e poderá punir o clube mineiro.

Recentemente outro clube também foi julgado pela mesma ‘‘infração’’. Torcedores do Náutico, irritados com alguns erros de arbitragem que prejudicaram seu time, levaram ao estádio uma faixa com os dizeres: ‘‘Não irão nos derrubar no apito’’. O arbitro da partida pediu para que a faixa fosse retirada, e posteriormente o tribunal decidiu não punir o clube.

No primeiro caso, a decisão ainda está por vir, e no segundo, embora sem punição, o recado foi passado. Qualquer tentativa de reivindicar uma maior qualidade na arbitragem brasileira, ou até mesmo critica-la, pode terminar sendo censurada pelo STJD, pelo simples fato de desafiar a autoridade desse órgão máximo. A imprensa ainda não foi afetada, mas impedir torcidas de se manifestar pode ser o primeiro passo para que a censura no futebol brasileiro ajude a tornar não só o STJD, mas também a CBF, em entidades intocáveis.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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O mais belo show de Ronaldinho Gaúcho



              Comumente, as rodadas de final de semana do campeonato brasileiro têm seus jogos no sábado e no domingo. Porém, essa não era uma rodada como qualquer outra. Nela, algo especial estava reservado. Devido às eleições municipais, haveria jogos na quinta-feira, dia 4, e no sábado, dia 6 de outubro de 2012. Dentre os sete jogos deste dia, um dos mais atraentes era, certamente, Atlético Mineiro e Figueirense, no estádio Independência. Estádio esse, recém-reformado pelo seu proprietário América Mineiro, porém já agraciado com belas atuações de um dos maiores gênios do futebol mundial de todos os tempos, Ronaldinho Gaúcho.

            O galo, que passou muitas rodadas na liderança e agora perseguia o novo líder, Fluminense, tinha como adversário o Figueirense, vice-lanterna da competição, que perseguia uma remota chance de escapar do rebaixamento. Parecia ser um jogo fácil para o Atlético, e a vitória era apenas uma das certezas.

               Outra certeza do jogo era uma grande atuação de Ronaldinho Gaúcho, não fosse o falecimento de seu padrasto, Vanderlei, na véspera da partida. Ronaldinho pôs fim às dúvidas sobre sua participação decidindo que iria jogar, o que por si só já valeria uma menção honrosa pelo profissionalismo demonstrado pelo jogador. Contudo, não haveria como prever se o melhor do mundo em duas oportunidades conseguiria juntar forças e atuar bem.

            Não somente relacionado, mas nos 11 iniciais, o camisa 49 entrava em campo visivelmente abalado. O sorriso de sempre, que lhe acompanhou durante toda a longa e vitoriosa carreira, não estava presente. Ao contrário. Os característicos dentes a mostra davam lugar a um olhar triste, deprimido, que olhava para o estádio como se procurasse um determinado espectador. Porém, tal torcedor estava acompanhando a partida de outro lugar, assistindo e vibrando de camarote.

             O questionamento sobre a atuação do meia demorou pouco mais de 10 minutos. Após articular boas jogadas no meio campo, Ronaldinho viu seu time conseguir um escanteio pela esquerda, e la foi o craque para a cobrança. Grande oportunidade para se levantar a bola na área? Não para Ronaldinho. O presente que ele guardava para Vanderlei estava longe de ser previsível. A cobrança se deu com um toque curto para Bernard, que logo devolveu a bola aos pés do astro da noite. E que astro.

              Ronaldinho, com a bola na entrada da área pelo lado esquerdo, corta para o meio. Nenhum torcedor presente no estádio seria capaz de imaginar o que estaria por acontecer. Com toda a classe costumeira, Ronaldo dá um belo chute de perna direita, fazendo a bola cruzar a área. Os jogadores que nela estavam não são capazes de fazer nada, senão observar a história sendo feita. Como se uma mão divina a conduzisse, a bola encontra o destino tantas vezes dado pelo craque, nos mais belos palcos do futebol mundial. O gol.

   Ronaldinho fez seu brinquedo favorito cruzar a área e aterrissar no ângulo esquerdo do goleiro, acordando a coruja que la dormia, e fazendo-a alçar voo em direção aos céus, para contar a Vanderlei a pintura que seu filho de criação acabara de fazer. Voo desnecessário, afinal Vanderlei havia visto. E se emocionado. Emocionado por saber que dentre todas as obras de arte compostas por Ronaldinho, esta era sua.

   Mas Vanderlei não era o único emocionado. Ronaldinho, no gramado, colocava um joelho no chão, e se apoiava na coxa da outra perna. Desabando em lágrimas. O gênio que já havia visto tudo no futebol, vestido as camisas de grandes clubes como Barcelona, Flamengo, Milan, Paris Saint Germain e Grêmio, conquistado a Copa do Mundo e a Champions League, agora se rendia a mais pura emoção. À medida que se levantava, evidenciavam-se as lágrimas nos olhos do craque, que olhava para o céu e apontava.

   Na direção em que o dedo de Ronaldinho apontava, estava Vanderlei, feliz, honrado e agradecido. Não apenas pelas lágrimas e lamentações, mas por ter recebido um presente único, especial e maravilhoso, que todo pai se orgulha de receber do filho. Um golaço de futebol.



P.S: Ronaldinho Gaucho terminou esse jogou com mais dois belos gols, totalizando três gols e duas assistências na goleada de 6x0 do Atlético Mineiro perante o Figueirense.

P.S 2: Ronaldinho nunca terá a chance de ouvir de seu padastro um ‘‘obrigado’’ pelo gol. Porém, deixo meus agradecimentos em nome dos amantes do mais belo esporte, por ter nos lembrado do que o futebol realmente é feito.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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Ganso: Último capítulo

           

Ganso surgiu verdadeiramente para o futebol junto com Neymar e André, no Santos campeão do paulistão e da copa do Brasil de 2010. Naquele ano, o jogador era visto, por alguns, como um ‘‘camisa 10 à moda antiga’’, como já não se vê mais no futebol atual. Era mais certeza que Neymar na Copa do Mundo de 2014, e certamente atrairia o interesse de clubes europeus em um curto período de tempo.

Tratado como pérola, chegou a receber uma proposta de contrato similar ao que Neymar possui. Porém, Paulo Henrique recusou. Desde tal episódio, Ganso tem sido especulado em negociações, e as tentativas da diretoria do Santos em renovar o vínculo de jogador foram em vão.


Nem mais dois campeonatos paulistas e uma libertadores conquistadas trouxeram paz de volta ao meia. Muitas contusões afastaram-no dos gramados por vários meses, e a camisa 10 da seleção brasileira foi repassada à Oscar, após belas atuações do meia, atualmente no Chelsea, da Inglaterra.

Ganso não apresentava mais as mesmas atuações dentro de campo, e fora dele, o grupo DIS, dono de 55% de seu passe, tentava a qualquer custo lucrar com o jogador, procurando uma negociação. Tal situação causou um desgaste com a torcida santista, e a perda de paciência por parte da diretoria do clube.

Porto (Portugal), Internacional, Corinthians, Anzhi (Rússia), Grêmio e São Paulo foram especulados. Este último, após meses de ‘‘novela’’, acabou contratando o jogador, pagando a devida multa contratual ao Santos. Ali acabava o reinado de Paulo Henrique Ganso com a camisa que Pelé se consagrou, a 10 do Santos.


O trecho acima é um resumo da ''Novela Ganso'', cujo final pode ser considerada bom para todos os lados. A DIS finalmente conseguiu tira-lo do alvinegro santista, que, por sua vez, recebe 23,9 milhões de reais e vê esse imbróglio se resolver. O São Paulo recebe o jogador que desejava e, por fim, Ganso pode finalmente se concentrar em jogar futebol, o qual não fazia há um bom tempo.


Entretanto, a negociação demonstra que o jogador não possui a ‘‘cabeça’’ que demonstrou ter quando surgiu no Santos. Ganso deixou-se tratar como mercadoria e teve voz nula enquanto empresários decidiam seu destino.


Quando Ganso surgiu, seu futebol e sua ‘‘cabeça’’ encantavam não só torcedores do Santos, mas também admiradores de seu jogo. O tempo não confirmou a primeira expectativa, e sua capacidade mental já não é colocada como ponto forte do jogador. Contudo, Ganso tem a chance de jogar por outro grande clube, reafirmar-se como bom jogador e vingar na seleção brasileira. Mas o mesmo tempo poderá dizer que não somente estávamos errados em relação á sua cabeça, mas também, com seu futebol.
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Yuri Coghe Carlos Silva

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Nunca esteve tão difícil para o Barcelona


O time de Peppe Guardiola não precisa provar mais nada para ninguém. Com títulos atrás de títulos, recordes atrás de recordes, e gols atrás de gols, o atual Barcelona já garantiu seu lugar entre os melhores times de todos os tempos. Porém, no momento decisivo da atual temporada, a equipe catalã se encontra, talvez, na posição mais difícil desses tempos de gloria.

No campeonato espanhol o Real Madrid lidera com quatro pontos de vantagem sobre o barça. Neste sábado os rivais se enfrentam no Camp Nou, e o dono da casa pode se aproximar do líder madrileno e ficar a apenas um ponto de diferença, a três rodadas do fim. Em contra partida, uma derrota significa dar adeus ao sonho do tetracampeonato, conseguido apenas uma vez na história do clube.

Pela copa do rei, em final em jogo único, o adversário é o Atlético de Bilbao. O time Basco vem surpreendendo na liga Europa, eliminando nomes como Manchester United e Schalke 04, semifinalistas da ultima champions. Comandado por ‘‘El Loco Bielsa’’, técnico argentino o qual em certo momento chegou a ser cogitado para substituir Guardiola em uma possível saída, o clube basco, a exemplo de seu adversário, é adepto do futebol ofensivo e de toque de bola. Se tornando assim, mesmo sem contar com o favoritismo, grande desafio para a equipe de Messi.

Na champions league a situação também não é das melhores. Após perder para o Chelsea, fora de casa, pelo placar mínimo, o Barcelona tem o fator casa para reverter o resultado, sendo que uma vitória por um gol de diferença não é suficiente. Caso avance para a final, o barça enfrentará o Real Madrid, maior rival, ou o Bayern de Munique, que jogaria em sua cidade. Tarefa que não é das mais fáceis.

Embora as condições não estejam favoráveis, o Barça continua como favorito em todos os confrontos, o que reflete o status alcançado pela equipe nos últimos anos. Status esse que não será perdido caso o Barcelona não alcance esses objetivos. Entretanto, visto a dificuldade, a cada conquista do atual campeão mundial na atual temporada, o mundo do futebol deverá se curvar, novamente, ao melhor time do mundo.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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