Três vezes Cristiano Ronaldo


Em 2014, não teve pra ninguém. Cristiano Ronaldo encheu os olhos de todos que o viram jogar futebol, e arrebatou pela terceira vez – a segunda consecutiva – o prêmio de melhor jogador do mundo, concedido, atualmente, pela FIFA e pela revista France Football. Para quem amargou a sombra por quatro anos seguidos quando o assunto era ser o melhor do mundo, afinal Messi levou os troféus pra casa de 2009 a 2012, os anos de 2013 e 2014 elevaram o astro português a outro patamar no esporte mundial. Após as duas conquistas, o atacante soma três vitórias no prêmio, estando ao lado dos gênios da bola Ronaldo e Zidane. Acima do trio, só Lionel Messi.

Mas, se depender de Cristiano, não será por muito tempo que o argentino será o único tetracampeão do prêmio. No próprio palco, em seu discurso após ter sido anunciado como o vencedor, a principal estrela do Real Madrid campeão europeu e mundial no ano passado disse em alto e bom português: seu objetivo era “apanhar” Messi na quantidade de troféus. O camisa 10 do Barcelona, por sua vez, parece iniciar a curva descendente de sua carreira. Engana-se quem pensa, porém, que a trajetória do vice-campeão do mundo em 2014 tenha deixado de ser um prato cheio de genialidade para se acompanhar. De fato, Messi é tão espetacular que pode adicionar um quinto troféu à sua coleção antes mesmo de Cristiano chegar no quarto título.

Diferente de sua última conquista, na qual Ronaldo tirava um peso enorme das costas por não conquistar a honra desde 2008 – e não ter conseguido levar a bola de ouro para casa desde que chegou ao Real Madrid no ano seguinte -, o que o fez chorar e protagonizar uma bonita cena quando levou seu filho ao palco, o mais novo três vezes melhor do mundo estava tranquilo. Com 61 gols em 60 partidas, seu ano tinha sido para ninguém botar defeito. Além da incrível quantidade de gols ser maior do que a de partidas, títulos e mais títulos rechearam o belo ano do Real Madrid: a primeira Champions League do craque lusitano com a camisa merengue, o mundial de clubes, a Copa do Rei e a Supercopa da Europa. Apenas na Copa do Mundo, quando jogou contundido, seu desempenho foi abaixo da média, e Cristiano deixou a competição com apenas um gol marcado.

E era esse justamente o único ponto que trazia dúvida acerca de quem seria eleito o melhor do mundo, e fez o nome a ser anunciado permanecer uma incógnita até o momento da abertura do envelope, embora fosse notório o favoritismo do português. Há quem defenda que, em ano de Copa do Mundo, um integrante da equipe vencedora do mundial deva erguer o troféu de melhor do mundo. Por isso, alguns queriam ver o goleiro Manuel Neuer levando a honra.

O pensamento purista é um ledo engano, e não há como fugir do lugar comum para rebater tal tese. No futebol atual, os grandes clubes são verdadeiras seleções, e torneios como a Champions League se tornam igualmente ou até mais importantes no cenário mundial. Necessário fosse mais um argumento, bastaria dizer que a equipe campeã da Copa faz apenas sete jogos. Não é justo oferecer uma honra tão importante como uma singela homenagem à um dos titulares da seleção que adicionou mais uma estrela na camisa, em detrimento de quem foi constantemente supremo durante todo o ano. Ao melhor do mundo, o que é dele de direito, portanto, e que Cristiano comemore e continue a agraciar o mundo com seu talento. 
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Megalomanias fracassadas


             As contratações de Alexandre Pato, pelo Corinthians, e Leandro Damião, pelo Santos, podem ser descritas como completos fracassos. Os jogadores não corresponderam dentro de campo, acabaram negociados com rivais de campeonato brasileiro e viraram uma dor de cabeça para as diretorias dos clubes, que têm de correr atrás para fazer o prejuízo ser o menor possível.

             Pato veio ao Corinthians por 15 milhões de euros, o que representava cerca de R$ 40,5 milhões na época da transação, em janeiro de 2014. Cercado de desconfiança devido aos problemas físicos que enfrentou em sua passagem pela Europa, o jogador foi curado pelo Corinthians. O problema foi dentro de campo. Tendo de disputar posição com o ídolo Paolo Guerrero, já que o esquema de Tite possuía apenas um atacante, o recém-contratado tinha de cair pelas pontas, posição que está longe de ser sua especialidade, ou se contentar com poucos minutos em campo, geralmente no fim das partidas.

             Ainda que marcasse um gol aqui e outro ali, o camisa 7 não tinha tranquilidade para trabalhar. A etiqueta de R$ 40 milhões que estava colada em si era o principal motivo. A equipe, também, não ajudava. Sem criatividade e com pouquíssimos gols marcados, o segundo semestre de 2013 foi marcado por um futebol patético no Corinthians. Se nem Tite resistiu, não era Pato que iria. No fim do ano, o clima do atleta era zero. A torcida questionava o “desperdício” que tinha sido a sua contratação e cobrava mais comprometimento. Já os jogadores do elenco campeão da Libertadores e do Mundial em 2012 queriam mais reconhecimento, e viram em Pato a representação física do oposto disso. Afinal, era dele o foco da imprensa e dos esforços financeiros do clube.

             Mais melancólica que sua passagem pela equipe, só mesmo a saída. Após ter sido oferecido a inúmeros clubes, o São Paulo foi o que restou. A única solução foi negocia-lo com o rival, e vê-lo fazer boas partidas pelo tricolor do Morumbi enquanto metade de seu salário, cerca de R$ 500 mil, eram bancadas pelo Corinthians. Quando o contrato de empréstimo vencer em dezembro deste ano, o alvinegro terá de procurar um destino para o jogador, procurando vende-lo pelo valor mais alto possível, a fim de minimizar ao máximo o prejuízo.          

              São poucas as diferenças na história de Damião. Trazido por um grupo de investidores, a ideia era que o centro-avante brilhasse no Santos e fosse vendido por altos valores, gerando lucro. Descobriu-se, depois, porém, que o Santos teria de arcar com o valor cheio da transação, com um “bônus” de 10% ao ano. O camisa 9 repetiu a fraca temporada que fez pelo Inter em 2013, passando longe de encantar a torcida do alvinegro praiano. Agora, emprestado ao Cruzeiro, a aposta santista é que o artilheiro dos Jogos Olímpicos de 2012 reencontre o seu melhor futebol, percorrendo caminho similar ao de Marcelo Moreno, que veio por empréstimo do Grêmio para ser um dos destaques do tetracampeonato cruzeirense no ano passado. O Santos conta com a vitrine da Libertadores para que o jogador se valorize no mercado, e, assim como Pato no Corinthians, uma boa venda faça o prejuízo ser o menor possível.

             Só quem pode se beneficiar de tais megalomanias fracassadas são dirigentes de outros clubes, caso percebam que não se pode trocar as mãos pelas pernas e aprontar loucuras financeiras para adicionar apenas mais um jogador ao plantel.




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