quarta-feira, 3 de julho de 2013

O gigante acordou


        A derrota frente o Uruguai, que calou o Maracanã na decisão da Copa do Mundo de 1950, não é a única memória que ficou da Copa que poderia representar a primeira estrela na camisa do Brasil. A semifinal, jogada três dias antes no mesmo palco da fatídica decisão, credenciou a equipe nacional para a final após aplicar uma goleada de 6x1 na Espanha. Quando a partida estava 4x0, a torcida celebrou cantando a marchinha ''Touradas em Madrid'', em um episódio que ficou na história do futebol brasileiro.
        De lá pra cá, muito mudou no futebol, incluindo cinco Copas conquistadas pelo Brasil, o que transformou o país no mais respeitado quando o assunto é futebol. Gerações encantaram o mundo com equipes marcantes e jogadas que só a seleção canarinho era capaz de fazer. Após o tri da era de ouro do considerado país do futebol, 82 encantou, mas foi 94 que conseguiu o tetra. Oito anos depois, lá estava a seleção no alto, novamente, conquistando seu último título mundial até hoje, o exclusivo pentacampeonato.
        Nos anos mais recentes, contudo, outra seleção vem fazendo aquilo que o Brasil conseguiu por tantas vezes: encantar o mundo e dominar o cenário do futebol mundial. A caminhada da Espanha começou na Eurocopa de 2008, conquistada assim como na edição seguinte, em 2012. No meio das competições a fúria ainda conquistou seu primeiro mundial. O único título que faltava para essa vencedora geração, a Copa das Confederações, poderia ser tentada em 2013, e quis o destino que a decisão fosse justamente contra a única seleção de peso que a fúria ainda não havia enfrentado nesta recente história: o Brasil.
        Não existia palco melhor para a partida, e o mesmo Maracanã - ainda que reformado e parcialmente desfigurado - de 63 anos atrás estava lá para receber o atual bicampeão do torneio e dono da casa contra o ''o Brasil de hoje'', como supôs Fernando Torres, atacante da Espanha na véspera do jogo. A desconfiança da mídia e da torcida era grande, e a vitória estava imensamente longe de ser uma certeza. Mas, como nenhuma certeza entra em campo, o onze contra onze começou, e menos de dois minutos de partida depois, o Brasil já liderava o confronto. O domínio brasileiro permaneceu durante o resto do primeiro tempo, e no final deste o placar se alterava, ampliando a vantagem brasileira. No comecinho da segunda etapa a rede balançava novamente: Brasil 3, Espanha 0, resultado final.
        Acabando com a série de 29 jogos sem perder do adversário, o Brasil engoliu a Espanha por todos os 90 minutos e o 3x0 refletiu o domínio conseguido pela equipe brasileira. De um dia para o outro, a seleção havia recuperado o seu prestígio futebolístico no cenário mundial, fazendo qualquer um que assistiu à partida lembrar o que representa a eterna camisa amarela. A frase que mais ecoava do lado de fora dos estádios, durante manifestações que reivindicavam um país melhor, caiu muito bem para representar o 30 de julho de 2013. Dia em que, diante de uma histórica e vencedora equipe, o gigante acordou.

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