O que vale é competir



Quem nunca ouviu esta frase, sobretudo, nos tempos de infância? Eu, contudo, nunca concordei com essa afirmação. Pensava que, ao entrar em uma competição de qualquer tipo, o objetivo é a vitória, e menos do que isso não serve para se sentir satisfeito. Não que a competitividade me cegava, longe disso. Apenas falhava em ver a lógica de sentir-se realizado quando a meta não tinha sido alcançada. Porém, a ideia do dito popular nunca caiu tão bem quanto nesta Copa das Confederações.
Convenhamos que o fato de sermos tricampeões do torneio não é lembrado como motivo de orgulho da seleção nacional por ninguém, ainda que todos comemorem o momento da entrega da taça para as mãos do capitão brasileiro. Por essas e outras, o mundo não estará acabado se o Brasil perder a final, no domingo, 30. De fato, tenho certeza que nenhum torcedor se importaria de assinar um contrato que confirmasse o vice campeonato para a equipe de Felipão, se uma das cláusulas do documento garantisse o título do mundial do ano que vem.
Não nega-se a importância de ser campeão deste torneio de cinco jogos. O título seria uma injeção de confiança na equipe e a confirmação que a direção tomada por Felipão é a correta, além de fazer o torcedor gritar ''É campeão'' por mais uma vez. Todavia, o que foi agregado à equipe pelo simples fato de competir é o grande legado que a Copa das Confederações deixa para a seleção brasileira, dentro das quatro linhas. A torcida comprou o papel de apoiar a seleção, e o show do público brasileiro já começa no hino, cantado a plenos pulmões antes da partida, enquanto a equipe brasileira, perfilada e unida pelos braços, também entoa o símbolo nacional com orgulho. Alguns jogadores até fecham os olhos. O calor sentido pelos atletas neste momento é fundamental para a raça e vontade de ganhar, visíveis durante a partida. A ligação gramado-arquibancada fortalece o time de uma maneira que só é possível quando se joga em casa, e a simbiose ainda acrescenta experiência e conjunto para o Brasil, ajudando Scolari a definir e trabalhar cada vez mais o esquema de jogo, os onze titulares e a equipe como um todo.
Cada vez mais, o grupo para a Copa do Mundo do ano que vem está fechado. Contudo, se olharmos um pouco para o passado, veremos que Felipão assumia a seleção brasileira sob dúvidas, com ''pouco'' tempo para trabalhar sua equipe. De alguma forma, quando chegarmos ao mundial de 2014, estaremos preparados dentro e fora de campo, sabendo o que fazer, com sede de erguer a taça e alcançar o sonho do hexacampeonato. Quando este momento chegar, a Copa das Confederações, independente do resultado da final, tem de ser olhada como o momento em que tudo virou. Foi ali que a camisa amarela começou a se tornar forte o bastante para caminhar de volta ao topo do mundo.
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Pra não dizer que não falei da Copa


        A veia revolucionária dos jovens sempre esteve presente. Tristes foram as épocas em que a chama da juventude anarquista e valente esteve apagada. Quando esta esteve acesa - quase na totalidade dos tempos -, foi justamente este calor que acendeu a vela da mudança, a qual rumou os barcos da história para a vontade do povo. Até pouco tempo, concebia as ''Diretas já'' como algo distante, que não consideraria minha geração capaz de realizar. Parece que estava errado, guardando as proporções. Uma revolta nacional iniciada pelo aumento das passagens de ônibus na maior metrópole da América latina se tornou muito mais do que isso. Um basta foi tomado. Não dava mais para aguentar passivamente notícias de abuso da população brasileira por parte dos governantes, nas diversas esferas que estas podem ocorrer. Era insustentável a bola de neve formada por ações estúpidas e descompromissadas com o povo, ao contrastar com a falta de infraestrutura do Brasil, como um todo. Era necessário um passo, tomado por quem? Os jovens.

        Estudantes (não somente, mas em sua maioria) tomaram as ruas de São Paulo, e quem não pode, acompanhava e se manifestava pelas redes sociais, seja por receio ou por distância geográfica. Outras capitais, como o Rio de Janeiro - onde se viu mais de cem mil pessoas protestando em vias públicas -, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília entraram na onda. O movimento cresceu para além do imaginado, cimentando o fato da revolta ser maior do que o aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus em SP.

        O curioso é o fato dos protestos acontecerem durante a Copa das Confederações. Não que exista momento melhor para faze-los, visto os gastos excessivos e superfaturados com estádios e obras do evento. Porém, o futebol, que sempre é tido como o culpado por distrair a população de fatos políticos e relevantes, está sendo ignorado pelos manifestantes, preocupados com o futuro do país. As principais manchetes não são referentes a competição, e sim, as reivindicações propostas nas ruas. O esporte, portanto, a partir desse marco, não pode mais ser visto como inimigo da utopia de uma população politizada. A paixão nacional pode até, inclusive, andar junto dos ideais de mudança.

Para o viés histórico, a Copa da Confederações de 2013 não significa nem uma pequena parte do que os protestos atuais podem vir a representar para o futuro do país. Conseguir a revogação do aumento da passagem em São Paulo e no Rio de Janeiro é apenas o primeiro passo, o início da mudança. O Brasil, como diz uma marcha cantada pelos participantes do evento, acordou, e isso vale mais do que o tão sonhado hexacampeonato mundial. Para não dizer que não falei da Copa das Confederações, o Brasil lidera o grupo A com 6 pontos, após vencer o Japão por 3x0 e o México, por 2x0.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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Falando de Copa


         O maior evento futebolístico a ser sediado pelo Brasil desde a copa de 1950 finalmente chegou. Após muitos meses de espera, seis sedes abrigarão a copa durante 15 dias. Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Salvador e Rio de Janeiro receberão oito seleções que se dividirão em dois grupos. Ainda que a seleção brasileira não convença ou encante, a atenção agora se volta para os gramados, pois, além de um título estar em jogo, a competição será um passo de grande importância para a preparação brasileira visando o sonho maior, o hexa campeonato em território nacional.

         O Brasil, atual campeão da competição, terá de enfrentar a desconfiança de sua própria torcida para progredir na copa, tentando montar um time competitivo para o verdadeiro objetivo do ano que vem. Os recentes amistosos serviram para dar um início de forma à equipe de Felipão, e a goleada contra a França parece ter funcionado para fazer as pazes com os apoiadores brasileiros nas arquibancadas. Agora que a troca de treinador foi realizada, assim como a convocação final, discutir tais fatores é inútil. O fato é que a competição chegou e nosso time tem condição de ganhar, caso coloque em campo o potencial que nele existe.

         Contudo, os adversários não deixarão o caminho fácil para os brasileiros, e a atual campeã do mundo, a Espanha, chega como favorita para conquistar o inédito título. Mesmo com a contusão do experiente volante Xabi Alonso, a ''fúria'' vem ao Brasil para espantar o fantasma de 2009, ano no qual a seleção foi eliminada pelos EUA na semifinal da competição. Já a maior campeã de Copas do Mundo depois do Brasil, a Itália, vem numa crescente que pode culminar com a conquista do torneio, enquanto nosso vizinho Uruguai, animado pela conquista da Copa América, pode acabar beliscando a taça, apesar de vir abaixo das seleções já citadas.

         A Nigéria é a seleção que disputará com o Uruguai a classificação para a segunda fase, pelo grupo B, afinal, a Espanha não deve encontrar maiores dificuldades na primeira fase, e o Taiti deve tirar boas férias, além de fotos no território brasileiro. Os africanos podem tirar proveito do mal momento dos pampas e conseguir uma classificação para o mata-mata. Já México e Japão, presentes no grupo A, de Brasil e Itália, podem aprontar pra cima dos campeões do mundo e, como qualificados adversários que são, tem todo o potencial de pintar na segunda fase.

         O momento chegou, e será interessante ver um clima de copa em nosso país, mesmo que a atmosfera do evento não se compare ao mundial do ano que vem. Os 15 dias servirão para ver grandes craques atuarem em gramados nacionais, além de amadurecer a equipe brasileira, que poderá sair fortalecida e até mesmo, pela quarta vez na história da Copa das Confederações, campeã.


Obs: Relatos diários serão publicados nesta seção do blog, que trará Informações, análises e curiosidades de forma diferente, fazendo do ''Falando de Copa'' a sua central  diária da Copa das Confederações. A cobertura começa no dia 15 de junho, dia que marca o início do evento.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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Seedorf e o caminho inverso

  Para o futebol brasileiro, o caminho mais comum nos mercados de transferências é a saída de craques. Nas duas últimas aberturas para contratações, por exemplo, Lucas e Neymar deixaram de abrilhantar os gramados do país, passando a agregar as ligas europeias. Porém, ainda que o caminho inverso esteja longe de virar realidade, já começamos a ver estrelas internacionais vestindo camisas de clubes brasileiros. É verdade que estes são poucos e vêm com a idade já avançada, mas fechar os olhos para o que Clarence Seedorf vem fazendo pelo Botafogo é ignorar uma bela história sendo construída diante de negociações mais badaladas.

  O holandês de 37 anos poderia se aposentar no Milan, clube pelo qual tem mais de 300 jogos. Poderia. Não satisfeito com a sua vitoriosa carreira, o meia assinou pelo Botafogo de Futebol e Regatas em julho de 2012, e após uma adaptação assombrosa para um jogador com 19 temporadas na Europa, Seedorf abraçou o desafio de ser grande em outro continente. Comandando o clube dentro de campo, o nível do futebol apresentado pela equipe subiu de imediato. A técnica imposta pelo craque, embora ainda no começo de trabalho, surtiu efeito no time carioca, embora este só iria colher os frutos na temporada seguinte.

  Em 2013, o treinador Oswaldo de Oliveira já tinha um time mais definido e conciso do que o apresentado no campeonato anterior. A estrutura estava formada e, Seedorf, principal jogador da equipe, liderou o clube da estrela solitária nas conquistas da Taça Guanabara e da Taça Rio, tornando desnecessária a final do Campeonato Carioca. O Botafogo havia ganhado tudo. O mesmo poderia ser dito do holandês, dono de carreira recheada de medalhas, mas para quem é realmente um vencedor, nunca falta espaço para uma conquista a mais. Lágrimas foram derrubadas pelo camisa 10, que não conteve a emoção ao se sagrar campeão, mais uma vez. Já nas partidas do campeonato brasileiro, Seedorf imprime um futebol extremamente técnico, tipo extremamente raro nos gramados brasileiros. Limitando-se a tocar na bola, o jogador distribui o jogo com facilidade digna de gênio, fazendo o time todo jogar. Toques secos e rápidos dão o tom da equipe, que parece envolver-se no alto nível do holandês. Confiante, o time responde, colocando o alvinegro carioca na grande lista de potenciais campeões da liga.

  Ao abraçar o desafio de entrar para a história de um dos maiores clubes do Brasil, Seedorf demonstra que não é suficiente ser o único jogador da história a ser campeão da Liga dos campeões da Europa por três clubes diferentes, sendo dois títulos pelo Milan e um por Real Madrid e Ajax. O também bicampeão da Holanda e da Itália, campeão mundial de clubes e espanhol, para citar algumas de suas inúmeras conquistas, prova que é um verdadeiro vencedor dos gramados, e permite que o Brasil todo veja de perto a fome de bola e de taças do craque que fez o caminho inverso, e mesmo perto de sua aposentadoria, continua fazendo o que melhor sabe: ser campeão.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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