Família Scolari: A nova geração


            Decisão acertada ou não, Felipão é o técnico da seleção brasileira, pela segunda vez. As atenções foram voltadas, logo no inicio, para a primeira convocação, que revelaria a ideia central a ser trabalhada pelo treinador. Após esta, três amistosos contra boas equipes nacionais eram aguardados com ansiedade pelos torcedores. Porém, com estes eventos já ocorridos, não há muito que se comemorar.
            Mesmo mantendo a base de seu antecessor, Mano Menezes – escolha acertada, diga-se de passagem-, Felipão não deixou de trazer alguns nomes ‘‘novos’’ para seu time. Resgatando jogadores como Júlio César, Filipe Luís, Luís Gustavo e Hernanes, Scolari mostra-se atento ao futebol mundial, além de não temer críticas da mídia sobre atletas já testados e, em alguns casos, reprovados. Dante e Fernando também receberam merecidas oportunidades. Douglas Costa, entretanto, não deverá ser um nome o qual veremos repetidas vezes com a camisa amarela.
Alterações foram feitas após o empate na estreia, contra a Inglaterra. Algumas por opção, como a não convocação de Ronaldinho Gaúcho, e outras forçadas, como a troca da dupla de volantes, Paulinho e Ramires, contundidos, por Fernando e Hernanes. Os jogadores da dupla anterior têm as mesmas características de condução de bola e polivalência defensiva e ofensiva. Essas são importantíssimas em uma equipe, porém a variedade proposta por Felipão, em uma segunda estância, parece-me mais interessante. Fernando, na contenção, e Hernanes fazendo a saída de jogo são mais completos e qualificam mais o time.
            Na segunda fase de amistosos, esperava-se comemorar a primeira vitória de Scolari no comando da seleção brasileira, nesta segunda passagem, porém, ainda não foi a hora. Na boa atuação no primeiro tempo com a Itália, o Brasil abriu vantagem de dois gols, mas permitiu o empate dos tetracampeões em pouco mais de dez minutos da segunda etapa. Sem capacidade de reação para voltar ao jogo, só restava ver a Itália quase alcançando a virada. Já no outro jogo, a pressão inicial da Rússia surpreendeu o time canarinho, mas o gol só veio no segundo tempo, após uma humilhante troca de passes dentro da área brasileira. O terceiro gol de Fred no terceiro jogo de Felipão garantiu mais um empate.
            Por mais que o Brasil possua qualidade, isto não será suficiente para maiores voos nas competições que se aproximam. O tempo está cada vez mais curto, e o período gasto no passado fará falta para a preparação da nossa seleção. Antes de olhar para os nomes convocados e extrapolar esquemas táticos e estratégias, é um bom exercício refletir sobre nossos futuros adversários, muitos com bases mais sólidas do que as nossas. Montar um time demanda tempo, e não basta juntar apenas alguns bons nomes, principalmente quando tais nomes não passam de apostas.
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Champions League: Mais próximos do troféu




           Se por aqui o Campeonato Brasileiro nem começou, a maior competição de clubes do mundo já está na fase quartas de finais. Com o sorteio para definir os confrontos já realizado, os espectadores do torneio mal podem esperar para que chegue a hora de assistir os jogos, agora, cada vez mais decisivos. Oito times restaram e, com alguns gigantes de sempre e também algumas surpresas, a Champions League promete continuar oferecendo espetáculos nessa fase final.
            No dia 2 de abril, enfrentam-se, na França, Paris Saint-Germain e Barcelona. Após passar heroicamente de fase contra o Milan, goleando para reverter o 2x0 que levou fora de casa, a equipe de Messi vem animada para a partida. Mesmo sem Puyol e Adriano, machucados, o Barça é favorito, depois de provar que ainda é capaz de repetir as atuações que o consagraram campeões de duas das quatro últimas edições da competição. O PSG ainda briga para contar com Ibrahimovic, suspenso para a partida. Sem o sueco, as chances francesas diminuem ainda mais. Sem tradição na competição, o rico clube ainda precisa de mais alguns anos para ser considerado um dos favoritos, o que não significa que o time de Lucas não possa surpreender.
            No mesmo dia, teremos o jogo mais competitivo dessa fase, Bayern de Munique e Juventus, da Itália. Não há tamanha igualdade em qualquer outro confronto das quartas de finais, o que deve garantir boas partidas de futebol nos dois jogos. Apesar da derrota para o Arsenal, nas oitavas, o Bayern fará páreo duro para os italianos, que levam ligeiro favoritismo, devido ao time organizado que domina o futebol de seu país desde a última temporada. Porém, caso os alemães consigam a vaga na semifinal, não será surpresa para grande parte do público.
Na quarta-feira, 3, o Real Madrid entra em campo frente o turco Galatasaray.  Os merengues tem tudo para decidir o confronto logo na primeira partida, em casa, e a maior zebra possível das quartas de finais é o avanço dos turcos. Na procura pelo décimo troféu da Liga dos Campeões, é certeza que o Real achou o sorteio simpático, e vai fazer de tudo para que Sneijder, Yilmaz e Drogba não surpreendam o lado espanhol. Já no outro jogo do dia, enfrentam-se Borussia Dortmund e Málaga. Os alemães vêm de grande campanha na Champions, e podem ir ainda mais longe visto o adversário que enfrentarão. Jogando o segundo jogo em casa, seria surpreendente se o Dortmund não conseguir a vaga para a semifinal. Mesmo com o favoritismo do outro lado, o Málaga vai querer ir ainda mais longe na primeira vez em que disputam tal competição. Ainda que as quartas de finais sejam um lugar louvável, Isco e companhia vão tentar voar mais alto.
Os jogos de volta serão dia 9 e 10 de abril, e nesses dias saberemos os quatro clubes classificados para as semifinais. Enquanto isso, resta esperar pelos confrontos citados acima, que envolverão algumas das maiores estrelas do velho continente.
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Lágrimas incessantes



‘‘Receio de um futuro o qual nem mesmo Barão salva’’, assim terminei o artigo de semana passada. Tratei o precursor do automobilismo brasileiro pelo seu apelido, pelo fato deste não precisar de apresentações, as quais, realmente, não eram necessárias. O ‘’regresso infinito’’, ao qual me referi no título, representava o Brasil com apenas um piloto na F1 depois de 30 anos. Já na última linha, alertava que o retrocesso poderia ser ainda maior, até comparável com o período ‘‘pré-Barão’’. Porém, por mais que o receio se confirmasse, não seria tão lamentável quanto o ocorrido desta semana, a razão das já citadas lágrimas.
Morreu, na segunda-feira, 11, Wilson Fittipaldi. Aos 92 anos, o ‘‘Barão’’ interrompeu as citações para dar capítulo final ao mais importante livro do automobilismo brasileiro, o seu. Nele, cada página representa um avanço monumental na história desse esporte no Brasil, que será eternamente grato pelas glórias que este, subsequentemente, proporcionou.
Pioneiro. Não há palavra que descreva melhor o fundador da Confederação Brasileira de Automobilismo, Wilson Fittipaldi. A partir dela que ele inaugurou provas, como as mil milhas brasileiras. Como se não bastasse criar, ele divulgava. Radialista, trabalhou por muito tempo na Rádio Panamericana. O momento mais marcante de sua carreira no microfone foi a narração do primeiro título mundial de F1 de seu filho, Emerson. ‘‘É o Brasil campeão do campeonato mundial de automobilismo. Venceu Emerson Fittipaldi. Venceu o Brasil, minha gente!’’, narrou e imortalizou Barão. Se, depois de tal, o automobilismo brasileiro deslanchou, o trabalho, visão e as conquistas de Wilson foram diretamente responsáveis.
Wilson Fittipaldi proporcionou muito mais para nos alegrar, do que para chorar. Mesmo assim, a morte de um ícone representa um marco, e com Barão não foi diferente. Um de seus últimos discursos, em prol da revitalização do autódromo de Jacarepaguá, infelizmente, foi em vão. O mesmo não pode ser dito das vitórias de Wilson em um tempo longínquo. Os frutos dados ao automobilismo brasileiro são gigantescos, e poucos países pode se orgulhar de ter algo parecido. A missão que fica é a de dar prosseguimento a isso. Apesar de já termos uma bela história na F1, temos de cuidar para que o ‘‘regresso infinito’’ não se confirme, e as ‘‘lágrimas incessantes’’ sejam de alegria e memória do grande homem que Barão foi.
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Regresso infinito


            A temporada de 2011 marcou a última corrida de Rubens Barrichello na Fórmula 1. Já com 19 anos no circo, Rubinho encerrou na Williams a sua longa e importante carreira na maior categoria do automobilismo. No ano seguinte, Bruno Senna herdou a vaga do compatriota veterano, e seus 31 pontos no mundial de pilotos não foram suficientes para mante-lo como titular para o próximo ano. Para a temporada de 2013, o cenário para os pilotos brasileiros não parecia tão bom, até que Luiz Razia, vice campeão da GP2, foi anunciado na modesta Marussia. 25 dias depois, a segunda parcela do pagamento da vaga não entrou nas contas da equipe, que repassava a vaga, outrora brasileira, para o francês Jules Bianchi.
            Tal fato deixa o Brasil com apenas um representante entre os 22 pilotos de fórmula 1 da temporada 2013. Felipe Massa terá de carregar sozinho a bandeira brasileira na categoria, o que não se via desde 1978, quando Emerson Fittipaldi fez 10 corridas sem nenhum compatriota no grid de largada.
Tido como o pai do automobilismo brasileiro, Fittipaldi abriu as portas para que outros pilotos de sua nacionalidade fossem vistos com bons olhos pela categoria. Depois de seus dois títulos é que vieram os tricampeões Nelson Piquet e Ayrton Senna. Emerson também foi um dos grandes responsáveis pela entrada do GP do Brasil no calendário, e dono da única equipe brasileira que já correu pela F1. Após tantas conquistas, parece que voltamos no tempo.
O mais revoltante não é termos apenas um piloto na temporada de 2013, mas sim como isso ocorreu. Razia tinha sua vaga, perdeu-a por falta de pagamento. É lamentável que o ‘‘pague e corra’’ ocorra tanto na Fórmula 1 atual, porém, para ter a oportunidade de pagar e correr, o piloto tem de demonstrar o seu valor. Isso, Razia fez com maestria. Porém, na hora em que precisou de algo mais, não viu sua nação atrás de si. Viu-se sozinho e sem vaga. Viu um país desinteressado, mesmo com uma história tão rica na categoria. Viu através do tempo, mais precisamente, 1978.
Porém, naquela época, ao menos tínhamos perspectiva. Certo narigudo marcou época e abriu caminho, muito bem seguido por dois aprendizes bem distintos. O resto é história. Hoje, com as categorias nacionais sucateadas, pilotos sem apoio ou interesse de patrocinadores, o resto é receio. Receio de o regresso continuar, e o futuro parecer mais com um passado onde nem se sonhava em ver a bandeira verde e amarela na Fórmula 1. Receio de um futuro o qual nem mesmo Barão salva.
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