quarta-feira, 19 de junho de 2013

Pra não dizer que não falei da Copa


        A veia revolucionária dos jovens sempre esteve presente. Tristes foram as épocas em que a chama da juventude anarquista e valente esteve apagada. Quando esta esteve acesa - quase na totalidade dos tempos -, foi justamente este calor que acendeu a vela da mudança, a qual rumou os barcos da história para a vontade do povo. Até pouco tempo, concebia as ''Diretas já'' como algo distante, que não consideraria minha geração capaz de realizar. Parece que estava errado, guardando as proporções. Uma revolta nacional iniciada pelo aumento das passagens de ônibus na maior metrópole da América latina se tornou muito mais do que isso. Um basta foi tomado. Não dava mais para aguentar passivamente notícias de abuso da população brasileira por parte dos governantes, nas diversas esferas que estas podem ocorrer. Era insustentável a bola de neve formada por ações estúpidas e descompromissadas com o povo, ao contrastar com a falta de infraestrutura do Brasil, como um todo. Era necessário um passo, tomado por quem? Os jovens.

        Estudantes (não somente, mas em sua maioria) tomaram as ruas de São Paulo, e quem não pode, acompanhava e se manifestava pelas redes sociais, seja por receio ou por distância geográfica. Outras capitais, como o Rio de Janeiro - onde se viu mais de cem mil pessoas protestando em vias públicas -, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília entraram na onda. O movimento cresceu para além do imaginado, cimentando o fato da revolta ser maior do que o aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus em SP.

        O curioso é o fato dos protestos acontecerem durante a Copa das Confederações. Não que exista momento melhor para faze-los, visto os gastos excessivos e superfaturados com estádios e obras do evento. Porém, o futebol, que sempre é tido como o culpado por distrair a população de fatos políticos e relevantes, está sendo ignorado pelos manifestantes, preocupados com o futuro do país. As principais manchetes não são referentes a competição, e sim, as reivindicações propostas nas ruas. O esporte, portanto, a partir desse marco, não pode mais ser visto como inimigo da utopia de uma população politizada. A paixão nacional pode até, inclusive, andar junto dos ideais de mudança.

Para o viés histórico, a Copa da Confederações de 2013 não significa nem uma pequena parte do que os protestos atuais podem vir a representar para o futuro do país. Conseguir a revogação do aumento da passagem em São Paulo e no Rio de Janeiro é apenas o primeiro passo, o início da mudança. O Brasil, como diz uma marcha cantada pelos participantes do evento, acordou, e isso vale mais do que o tão sonhado hexacampeonato mundial. Para não dizer que não falei da Copa das Confederações, o Brasil lidera o grupo A com 6 pontos, após vencer o Japão por 3x0 e o México, por 2x0.
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Yuri Coghe Carlos Silva

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