Quatro vezes Vettel e contando


          36 vitórias, 43 pole-positions, 56 pódios e quatro títulos mundiais. Os impressionantes números se tornam ainda mais assombrosos pelo fato de Sebastian Vettel ter alcançado tais conquistas com 177 GPs disputados, o que lhe confere um aproveitamento de 30,7%, só atrás dos irreais números de Juan Manuel Fangio, que venceu 24 das 51 corridas que disputou na década de 50. Além de inegável fenômeno, o alemão também é prodígio, adjetivo que o acompanha desde a sua primeira corrida na categoria mais alta do automobilismo. Nela, a oitava colocação no GP dos Estados Unidos de 2007 garantiu ao piloto ser o mais jovem pontuador da F1, com 19 anos e 349 dias. Desde então, a trajetória de Vetel tem sido um prato cheio para qualquer amante do esporte que saiba reconhecer um gênio. O agora tetracampeão é o mais jovem piloto a conquistar tanto uma pole position quanto uma vitória e um pódio, no chuvoso e memorável GP de Monza de 2008. Já no ano seguinte, se tornou o mais jovem vice-campeão e, de lá pra cá, registrou seu nome como o mais jovem bi, tri, tetra e ''apenas'' campeão da categoria.
            Vettel é o quarto piloto que mais venceu corridas na história, atrás apenas dos grandes Ayrton Senna, Alain Prost e Michael Schumacher. Tetracampeão em sequência, feito que apenas Schumacher e Fangio tinham alcançado, Sebastian pode igualar dois recordes do compatriota heptacampeão ainda nesta temporada, caso vença as três corridas que faltam, totalizando 13 vitórias em uma temporada. O maior número de pódios e pole positions em um ano já é de Vettel. O marcante número de sete vitórias consecutivas, pertencente a Ascari e Schumacher, também pode ser derrubado, já que o atual número um vem de seis triunfos seguidos.
            Incontestáveis números e recordes servem para ilustrar o mágico talento de Vettel, porém, é ao assisti-lo pilotar que se é brindado pela chance de acompanhar o seu raro e grandioso talento. Sebastian oferece momentos únicos para o espectador, e emociona ao personificar a definição de pilotagem, como no último GP, na Índia. Ao cruzar a linha de chegada como tetracampeão, Vettel afirmou que ''um branco'' tomou sua mente, tirando-lhe as palavras. A ausência delas foi compensada na comemoração. O alemão brincou com o carro da Red Bull, levantando fumaça ao fazer ''zerinhos'' na reta do circuito. Enquanto o mundo saudava o tetracampeão, Vettel ajoelhava-se de frente para seu carro, aclamando a máquina que tão bem funciona como a extensão de seu corpo, que funde-se perfeitamente ao monoposto desenhado por Adrian Newey. A cena já faz parte da história do fenomenal alemão no livro das lendas das pistas, no qual o capítulo de Vettel está longe de ter um ponto final, assim como a sua parte no registro dos campeões do mundo. Neste, já pode-se ler o nome do grande piloto em alto e bom som por quatro vezes, em uma sequência que se assemelha ao cântico entoado por fãs do piloto e da Fórmula 1: Sebastian Vettel, Sebastian Vettel, Sebastian Vettel, Sebastian Vettel...
Read More

Mudar para não esgotar


      Há quatro semanas, classifiquei o momento do Corinthians como uma ''entressafra''. De fato, o segundo semestre do clube neste ano ofereceu poucas memórias positivas para o mesmo torcedor que comemorou dois títulos na primeira parte do ano, e a expectativa para a temporada seguinte, ainda que a não participação na Libertadores amargue certo vazio em cada adepto alvinegro, não assusta. Porém, para que a virada do ano traga uma nova era de bons resultados, o rumo a ser tomado pelo clube não pode ser o da omissão cega e crente na resolução dos problemas com o simples passar do tempo. Ao contrário da minha análise anterior, novas técnicas de plantio são muito bem vindas pela lavoura corintiana, que aparenta não ter mais de onde retirar nutrientes do solo arado por Tite.
      Definição do termo ''esgotado'', não parece haver mais uma gota de onde se extrair algo novo do atual Corinthians. Adversários já não são mais surpreendidos e a equipe não consegue reencontrar o futebol de outrora. Tite promete, em cada entrevista coletiva pós jogo, buscar uma novidade. A escalação e o esquema tático, contudo, mantêm-se os mesmos, além da incapacidade de criar de jogadas e de mudar o jogo desinteressante que acompanha o time recentemente. O que não muda, também, é o status de Tite como ídolo do clube. Este sim é intocável, e não o emprego do treinador. A grandeza de saber a hora de encerrar uma trajetória, por mais bela que seja, deve existir, e cabe à diretoria corintiana tomar o próximo passo.
      Parte da direção do clube está disposta a tal desde que o atual e o ex-presidente se distanciaram quanto a permanência do treinador. Andrés tem de reconhecer que não é mais o homem forte do Corinthians, enquanto Mário Gobbi não pode deixar que orgulho e demonstração de poder político interfiram em uma eventual importante decisão. Enquanto a situação da cúpula esquenta, o elenco também atravessa os efeitos do desgaste. Danilo e Emerson já não produzem tanto como em outros tempos, enquanto Cássio e Guerrero, contundidos, devem voltar só no ano que vem. Se o atual momento pede ação, assistir a crise não é remédio para cura-la. Escolhas são necessárias, e nomes tem de ser riscados caso o destino do clube seja, novamente, o topo.
      O ápice atingido por este Corinthians, no ano passado, não foi a última cartada da atual era do clube. Em 2013, a temporada rendia bons frutos até agosto, quando a queda de produção culminou na falta de vitórias que tomaram setembro. Desde então, Tite sobreviveu a duas reuniões que questionaram sua permanência no comando da equipe, e nada de o time responder em campo. Os nove pontos conquistados até o momento em outubro foram suficientes para aliviar a situação corintiana quanto a zona de rebaixamento, mas os números estão longe de serem satisfatórios. Eliminado da Copa do Brasil, o Corinthians agora espera o ano acabar em meio a uma crise cercada por mal futebol e por um cabo de guerra político, no qual a corda já arrebentou e atingiu em cheio o clube. Só mesmo os mandatários que não notaram.
Read More

Torcedores: contra ou a favor


      Ao ver o seu time bem, ganhando títulos e jogos e apresentando um bom futebol, os torcedores assumem papel essencial na boa fase da equipe, sendo presença constante na arquibancada, vibrando e apoiando o clube do coração. O amor, contudo, em uma má sequência de jogos, torna-se ódio e raiva. Não ao clube - o qual nunca perderá a estima que recebe -, mas a situação que este enfrenta. Um cenário como este, que passa longe de ser o único que motive brigas em um estádio, é a ocasião ideal para furiosos se juntarem com esquentados e protagonizarem não só uma lamentável cena que fere o bom comportamento e a ética esportiva, mas acaba por prejudicar o time que deveria estar sendo apoiado.
      Dentro dos estádios, confrontos não são raros e marcam indesejável presença nos campeonatos nacionais. Além das precauções que são tomadas pelos responsáveis pela segurança dos jogos, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), neste ano, não vem hesitando em punir a equipe dos torcedores envolvidos na confusão, o que ajuda a evitar os entreveros. Ao atingir o clube, a mensagem é passada aos que vão as partidas de suas equipes com a disposição de brigar. Ao faze-lo, estes serão causadores de árduas punições que prejudicarão os seus times. A ideia, pouco atrativa, acabará por se fixar na cabeça de quem frequenta as partidas, ainda que, para tal, este necessite ver a sua equipe perder alguns mandos de campo.
         Em 2013, o Corinthians foi quem mais sofreu com o punho firme das decisões do STJD. O clube, que no primeiro bimestre também foi punido na Libertadores, perdeu mandos de campo tanto no brasileirão, após a briga entre torcedores do alvinegro e do Vasco, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, como na Copa do Brasil. Nesta, a pena, aplicada por conta do uso de sinalizadores na partida de ida contra o Luverdense, foi retirada após recurso. Já na liga nacional, o campeão mundial só volta ao Pacaembu na 33ª rodada, contra o Fluminense, no dia 10 de novembro. Na Série B, o Palmeiras também não escapou das sanções após torcedores de duas organizadas do clube brigarem no jogo contra o Guaratinguetá, em julho. O clube perdeu o mando de duas partidas, ambas já disputadas, e só voltará a jogar no Pacaembu em 26 de outubro. O outro grande da cidade de São Paulo também pode ser punido, e não receber alguns jogos no Morumbi após o confronto entre torcedores do São Paulo e policiais militares no clássico contra o Corinthians, no dia 13.
       Todavia, não são apenas os torcedores que precisam entender que seus atos podem acarretar sérias consequências para seus times. As próprias entidades tem de sentirem-se responsáveis, até certo ponto, pelo comportamento de seus torcedores nos estádios. A dose de rigidez tomada pelo STJD tem de ser servida também aos clubes. Se a ideia é aniquilar as confusões nos estádios, emitir uma nota oficial que repudia as ações ocorridas e afirma não ter participação nas ações violentas cometidas por seus torcedores não é mais suficiente.
Read More

A passos largos



        Ronaldo avisou. Ainda que o agora empresário preferisse que a joia fosse para o maior rival de seu atual time, o ex-atacante deixou claro o seu ponto de vista. Mano Menezes, enquanto técnico da seleção brasileira, partilhava da opinião e, mesmo após sua demissão, reforçou a análise. Enquanto ambas declarações dividiram torcedores e analistas esportivos, Neymar deu fim as conversas sobre os prós e contras de sua ida para a Europa e assinou com o Barcelona para testar na prática os efeitos de atuar pela equipe catalã.
        Neymar saiu um ano antes do término de seu contrato, que sempre era dado como o prazo de validade do atleta com a camisa do Santos. A antecipação foi aceita por todas as partes envolvidas e caiu muito bem ao ex-clube do atacante, que não o deixou escapar sem nenhuma compensação financeira. Aos torcedores do alvinegro praiano, não houve resquícios de nada além da gratidão pelas alegrias trazidas pelo craque. Neymar saiu pela porta da frente e agora era hora de encantar a Europa.
        Era justamente essa a dúvida que pairava entre aqueles que defendiam a permanência do camisa 11, que questionavam se Neymar estaria preparado para encarar o futebol europeu, visto o distinto ritmo de jogo, a marcação diferenciada, o forte poderio físico e o fato de ter de recompor o sistema defensivo. A preocupação era legítima. Entregar o maior talento futebolístico brasileiro do novo milênio para os cuidados de outros sem ao menos levantar tais questões seria um tremendo descaso. Porém, a Europa vem se mostrando uma ótima escola para o craque, e seu ensino terceirizado parece ter sido a melhor escolha visando a Copa do Mundo do ano que vem.
      Inquieto, Neymar comandou as ações ofensivas na partida contra o Celtic, da Escócia, pela Copa dos Campeões. O atacante encantou os espanhóis ao cumprir o papel que foi lhe dado na ausência de Messi, ao iniciar a jogada do único gol da partida e motivar a expulsão de um atleta adversário, além de exibir seus característicos dribles. A atuação digna de homem do jogo é uma prova de que o atleta amadureceu o suficiente para ser um dos principais nomes do Barcelona e liderar a seleção brasileira. Quando atuava pelo Brasil, a capacidade do jogador para tal era colocada em xeque.
        Com a genialidade que possui, nada é exagero para Neymar. A boa adaptação à e ao Barcelona vem deixando o craque a vontade no time, e os grandes jogadores que atuam ao seu lado tem grande parte neste processo. Agora, resta ao Brasil acompanhar Neymar pela televisão, enquanto o camisa 11 desfruta de melhores gramados e estruturas de treinamento, calendário e campeonatos mais organizados, viagens mais curtas, um só treinamento por dia e menos compromissos comerciais, encantando não só a Europa, mas também os compatriotas que chegaram a questionar o potencial da estrela que hoje brilha longe e caminha a passos largos para ser o melhor do mundo.
Read More