Quem para o galo?



            O Atlético-MG começou a libertadores arrasador. Com duas vitórias em dois jogos, o time de Ronaldinho Gaúcho se tornou o favorito de muitos torcedores para a conquista do torneio sul-americano. Após uma bela campanha no brasileirão do ano passado, a qual lhe conferiu o vice-campeonato e uma vaga direto para a fase de grupos do maior campeonato da América latina, os fanáticos do galo sonhavam em serem campeões continentais pela primeira vez. E, mesmo que ainda seja cedo para qualquer previsão, já é possível vislumbrar o clube de belo horizonte levantando a taça, visto o futebol apresentado pela equipe.

            Comandado por Cuca, o Atlético-MG não perde em casa desde agosto de 2011. São quase quarenta jogos de invencibilidade como mandante, e o número impressionante reflete a qualidade do treinador, muitas vezes subestimado pela mídia. Após liderar a campanha histórica do Fluminense em 2009, fugindo do decesso e ainda chegando à final da Copa Sul-Americana, repetiu o feito de evitar o rebaixamento pelo Galo, em 2011, após boa passagem pelo Cruzeiro. Mantido para o ano seguinte, Cuca conduziu seu time ao título invicto do campeonato mineiro, e munido de contratações como Ronaldinho Gaúcho e Jô, armou sua equipe de forma ofensiva e organizada, resultando no vice-campeonato brasileiro.

            A veia ofensiva continuou neste ano, e após a badalada contratação do atacante Diego Tardelli, o trio de ataque se transformou em quarteto. A movimentação dos homens de frente do atlético, Bernard, Ronaldinho, Jô e Tardelli promete deixar muitas defesas perdidas, assim como a do São Paulo ficou na Arena Independência, duas semanas atrás. Os cinco gols marcados pelo Galo na Argentina, contra o Arsenal de Sarandi, comprovam o potencial ofensivo da equipe. Mas a constante troca de posições não é a única característica desse ataque. Todos voltam para marcar, compondo a linha do meio campo ou contendo o avanço dos laterais. Tal ação ajuda a não sobrecarregar os bons volantes Pierre, que atua mais recuado, como primeiro marcador do meio campo, e Leandro Donizete, dono de boa saída de jogo.

            Já a linha defensiva conta com a melhor dupla de zagueiros do campeonato brasileiro do ano passado, como foram eleitos pela revista placar e pelo prêmio craque do brasileirão. Os seguros Leonardo Silva e Réver estão muito bem entrosados e devem garantir solidez. Na lateral direita, Marcos Rocha também possui os dois prêmios, e Júnior César, pela esquerda, é uns dos melhores em sua posição, hoje, no Brasil. Em baixo das traves, o bom goleiro Victor, ex-Grêmio, está cada vez mais acostumado com seu ‘‘novo’’ clube.

            No banco, boas opções como Gilberto Silva, Luan, Alecsandro e Richalyson oferecem ótimas peças de reposição ao belo time que Cuca tem nas mãos. Sem medo de ser ofensivo, o Galo oferece espetáculo a quem assiste a seus jogos, sem abrir mão da organização e eficiente marcação que o futebol atual exige. Com o Corinthians se tornando uma incógnita ao jogar sem torcida em seus jogos, o Atlético-MG é o principal favorito não só ao título da Libertadores, mas também para devolver aos brasileiros, o jeito ofensivo e atrativo de se jogar futebol.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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O intocável Muricy


            Faz tempo que o Santos não convence. O atual supercampeão da América, embora tenha ganhado dois títulos na temporada passada, não apresenta um bom futebol há algum tempo. Em 2012, já campeão de duas competições e sem pretensões no brasileiro, a equipe tinha suas más exibições justificadas pela ‘‘falta de contratações’’ e pelas idas de Neymar à seleção brasileira. Verdade ou não, o fato é que, neste ano, cobranças existirão, e o técnico Muricy Ramalho poderá não ter mais vida fácil no comando do alvinegro praiano.

            O curriculum do treinador fala por si só. Tetracampeão brasileiro, sendo três destas pelo São Paulo, e campeão da Libertadores pelo próprio Santos, Muricy é sempre lembrado como um dos mais talentosos técnicos brasileiros, inclusive sendo, antes de Mano Menezes, chamado para comandar a seleção nacional. Porém, ninguém esta acima do ‘‘bem e do mal’’. Respeitar o passado não é sinônimo de ignorar o presente, e os feitos do técnico parecem blinda-lo de críticas, mesmo ele as merecendo.

           Em determinado momento do segundo turno do ultimo campeonato brasileiro, Muricy culpava a falta de contratações após a libertadores pelas más atuações. Quando estas vieram, a responsabilidade caiu na grande quantidade de atletas machucados. Sobrou até para a diretoria, a qual deveria ter autonomia de criticar, e não o contrário.  As ausências de Neymar, quando o craque atuava com a camisa da seleção brasileira também eram constantemente citadas. A validade de tal discurso não é uma discussão atual. O que se pode dizer sobre é que não há mais como usa-los. Citando somente as principais contratações, do final do ano passado e deste, Bruno Perez, Neto, Marcos Assunção, Renê Júnior, Cícero, Montillo, ‘‘Patito’’ Rodríguez, Miralles e André agregaram qualidade a um elenco já razoável. As desculpas, assim como o tempo, estão se esgotando para Muricy.

          O que era visível no ano passado continua na equipe santista. Não se detecta padrão de jogo, organização tática e nem uma ideia por trás da equipe que entra em campo. Com tantos nomes de qualidade, selecionar onze atletas e manda-los a campo não é – como nunca foi e nunca será - suficiente. Muitas vezes a responsabilidade caia nas costas de Neymar. Melhor jogador do Santos, era dele o peso de decidir, jogo após jogo. É muito pouco para um clube que manteve o atleta a peso de ouro. Muito pouco para um time comandado pelo intocável melhor técnico do Brasil.

            Se o problema não é o elenco, abastecido de contratações, nem a diretoria, que as fez com maestria, muito menos a torcida, o gramado, o centro de treinamento, as contusões e a camisa alvinegra... Parece que arrisco ser preso ao dizer que, o que sobra, é a cadeira de treinador. O lugar tão apedrejado em outros clubes parece ser blindado na Vila Belmiro. Contudo, após duas derrotas seguidas no paulistão para clubes do interior, a longa má fase parece se tornar evidente para o torcedor e a mídia. A pergunta que fica é uma só: até quando um grande clube brasileiro se sujeitará a ver sua equipe atuar muito abaixo da média? Até quando Muricy não poderá ser tocado, ou até mesmo, ouso dizer, criticado? Qual será o momento no qual o multicampeão será especulado em uma possível demissão? O mundo gira, e Muricy parece não estar mais no alto. Cabe ao Santos ter a grandeza de percebe-lo e tomar as providências necessárias, ou assim, cair, como o treinador.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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Para conquistar a América


            A Libertadores está de volta. Depois da ultima edição, na qual o Corinthians ultrapassou todas as dúvidas e desconfianças e se sagrou campeão, a América está novamente livre para ser reconquistada. Em 2013, os brasileiros são, novamente, favoritos. Não é exagero dizer que mais da metade das equipes capazes de levantar o troféu no fim do campeonato vêm do nosso país, e poderemos ter, pela primeira vez na história da taça, quatro títulos consecutivos de times nacionais.

            O atual campeão, o Corinthians, vem com tudo para conseguir o bicampeonato. Os outros grandes de São Paulo, logo após seus primeiros títulos, chegaram à final do ano seguinte. Santos e São Paulo repetiram a glória do ano anterior, enquanto o Palmeiras ficou com o vice-campeonato. O alvinegro, após manter o elenco campeão mundial e reforça-lo com três nomes de alto nível, Pato, Renato Augusto e Gil, possui o que é necessário para manter a tradição paulista.

Já o São Paulo está um pouco atrás dos outros concorrentes brasileiros, visto a necessidade ainda não cumprida de definir o esquema tático. Não se sabe se ganso será titular, se Jadson jogará pela direita - lugar que era de Lucas – e nem quem sairá da zaga para a vaga de Lúcio, uma das poucas contratações da temporada. Quando o time responder bem a alguma das ideias do treinador Ney Franco para resolver tais questões, o tricolor do Morumbi poderá tomar o rumo do troféu, caminho bem conhecido pelo clube.

Mas o São Paulo não será o único tricolor brasileiro capaz de ganhar a competição. O Grêmio, após uma sólida campanha no Campeonato Brasileiro e o confronto difícil contra a LDU (Equador), pela pré-libertadores, será uma grande força na Libertadores desse ano. Reforços como a nova dupla de ataque Vargas e Barcos, falam por si só, e a equipe contará com a força da torcida, agora em sua nova arena. No banco, além de boas peças de reposição, há Wanderlei Luxemburgo, que procura há algum tempo um título de expressão para se reafirmar no cenário nacional. Já o outro tricolor, dessa vez o Carioca, espera trazer o forte desempenho no título brasileiro do ano passado para a competição sul-americana, e procura o título, após cair para o Boca Juniors no ano passado.

Quem não deverá ameaçar é o Palmeiras. Com complicações no Paulista, os palestrinos perderam seu melhor jogador, Barcos, agora no Grêmio, o que não facilitará a tarefa alviverde. Avançar ao mata-mata já será grande coisa. O mesmo não pode ser falado do Atlético Mineiro. O Galo conta com um forte elenco e a genialidade jovem e experiente, respectivamente, de Bernard e Ronaldinho Gaúcho para conquistar o inédito título.

Com tantos sérios candidatos ao título vindos do nosso país, fica difícil não prever alguma dessas equipes na final do torneio, que poderá ser pela quarta vez seguida, pintado não com as cores de algum clube, mas de verde e amarelo.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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O dilema de Tite



            O técnico do Corinthians, Tite, parece atravessar um dilema que todos os treinadores gostariam de ter. Enquanto uns precisam se desdobrar para saber quem colocar em campo, pois a maioria de seu elenco não desfruta de bom nível técnico, o campeão mundial convive com o contrário. Como escolher apenas onze jogadores em um grupo de qualidade comprovada, no qual mais de 20 atletas seriam determinantes em qualquer clube do campeonato brasileiro?

            Tite certamente gosta da atual situação. Apesar da ocasional dor de cabeça que lhe deve ocorrer, o gaúcho agradece todos os dias pela qualidade do elenco com o qual trabalha. Grupo este, que o treinador vem formando desde a derrota para o Tolima, pela pré-libertadores de 2011. Após a eliminação, as estrelas saíram e outros atletas foram negociados. O paulistão, que veio logo na sequência, serviu de base para a construção de uma nova ideia, e o vice-campeonato foi uma espécie de ‘‘treino’’ para o time que no campeonato brasileiro daquele mesmo ano, seria campeão.

            Muitas vezes classificado como ‘‘time sem estrelas’’, o Corinthians de Tite chegou mais longe ainda. Já no ano seguinte foi campeão da Libertadores, após manter os jogadores do ano anterior e reforçar o elenco. E os reforços não pararam por ai. Quando muitos poderiam pensar que o grupo campeão da América era suficiente para tentar conquistar o título mundial – e realmente era -, o argentino Martines e o peruano Guerreiro agregaram o grupo alvinegro. O primeiro já foi negociado com o Boca Juniors, após uma passagem curta pelo parque São Jorge, já o outro contratado virou história.

            Sempre primando pela justiça e pela lealdade, Tite mantém o comando do elenco. Quando pode usar o time titular no Paulistão desse ano, colocou em campo a equipe que ganhou do Chelsea no Japão, com exceção dos contundidos. Com ações como essa, o treinador conseguiu criar um grupo sem vaidade. Todos sabem que terão sua chance como titular, caso trabalhem para tal e superem o seu concorrente. Isso ocorre no Corinthians pelos dois últimos anos, e não deverá ser diferente em 2013.

            Assim como ocorreu com Guerreiro, adquirido após a Libertadores e decisivo no mundial, as contratações pontuais de Pato – que já estreou marcando gol -, Renato Augusto e Gil provam que a diretoria corintiana quer melhorar cada vez mais o elenco. Com o gestor de grupo excepcional e o tático qualificado que o clube tem hoje como treinador, a temporada deverá ser do mais alto nível para o atual campeão mundial, que poderá terminar o ano mantendo essa descrição.
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Yuri Coghe Carlos Silva
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