Um pra lá, um pra cá


             No momento da contratação de Alexandre Pato pelo Corinthians, nunca um clube brasileiro havia investido tamanho montante para contar com um jogador. Um ano e dois títulos conquistados pelo clube depois, Pato foi trocado com um dos maiores rivais de seu ex-clube por um meia de 30 anos, antes encostado no agora novo contratante do ex-camisa 7 corintiano.

            Pelo Corinthians, Pato nunca foi propriamente titular. Ganhava jogos esporádicos, sequências ocasionais, mas não a confiança do ex-treinador, Tite, e da torcida, que teve a impaciência, por assim dizer, volumosamente aumentada durante a pífia campanha do clube no segundo semestre do ano passado, quando todo o time estava abaixo da média. A nota fiscal de 40 milhões de reais, valor de sua contratação, explica a cobrança exacerbada. O episódio do pênalti sofridamente batido contra o Grêmio, nas quartas de final da Copa do Brasil do ano passado, foi decisivo para a diretoria admitir a irreversível falta de identificação com o clube. Já em 2014, Pato comunicou ao Corinthians o desejo de se transferir após ser um dos principais alvos de repúdio dos vândalos que invadiram o centro de treinamento do clube. O Corinthians, então, pôs-se a tentar negocia-lo. O papo sobre a troca com Jadson com o São Paulo era antigo, e foi revitalizado após a ausência de interessados com boas propostas no atacante. O acordo foi selado pouco tempo depois.

          No aspecto técnico, ambas equipes se desfazem de ''pesos mortos'' em seus elencos. Pato não tinha mais clima no Corinthians, enquanto Jadson nem ao menos atuou pelo São Paulo neste ano. Em seus novos clubes, porém, os jogadores ganham vida nova. Jadson vem para suprir a falta de criatividade no meio-campo corintiano e ainda pode herdar a 10 de Douglas. O bom meia ainda tem lenha para queimar, e só não atuava mais pelo São Paulo por ter perdido espaço para Ganso, que parece contar com a relevante preferência do capitão são paulino. O jogador de 30 anos, que receberá seu salário de seu novo clube, vem para o Corinthians por empréstimo até o final de seu contrato. Depois de 31 de dezembro, já sem vínculo com seu ex-clube, Jadson assina com o em definitivo com o timão. O atleta pode jogar contra o São Paulo, mas só poderá estrear quando o Corinthians quitar sua dívida de R$1,5 milhão referente a direitos de imagens com Pato. O atacante, por sua vez, vai para o São Paulo por empréstimo de dois anos, não podendo atuar contra seu ex-clube sem o pagamento de uma multa de R$1 milhão. O novo atleta do Morumbi, que terá metade do seu salário bancado pelo Corinthians, não poderá atuar no campeonato paulista, por já ter sido relacionado em mais de três partidas. Alexandre, porém, ainda tem seu passe vinculado ao Corinthians, que tem liberdade para negocia-lo durante o período de empréstimo. O São Paulo terá direito a 10% de qualquer proposta que ultrapasse 15 milhões de euros, o que evidencia a vontade do Corinthians em vende-lo, além do preço que estampa sua etiqueta.

            A quantidade absurda de clausulas foi necessária para ambos times chegarem a um bom acordo. O Corinthians diminui em 50% os vencimentos do jogador, além de engatilhar uma negociação que lhe devolveria boa parte do que foi investido. O risco é vê-lo estourar pelo rival. Já o São Paulo receberá um bom atacante em troca de um meia que já estava fora dos planos. Para isso, precisou apenas trocar o salário de Jadson por metade do de Pato. Assombrosamente, o negócio foi bom para ambos os clubes e os jogadores, e ninguém dançou neste um pra lá, um pra cá.
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