Redenção mineira
Em 2013, os dois títulos mais desejados pelos clubes brasileiros ficaram em Minas Gerais. No primeiro semestre, a Libertadores viu o Atlético Mineiro levantar a taça após emocionantes disputas de pênaltis na semifinal e na decisão. Na liga nacional, o Cruzeiro foi quem pode comemorar o título, tornando-se tricampeão brasileiro após uma campanha avassaladora. As conquistas devolveram não apenas troféus ao solo mineiro, mas também o ideal ofensivo nas campanhas campeãs de equipes brasileiras, apagadas nas trajetórias de Corinthians e Fluminense, que privilegiavam o setor defensivo nas mesmas competições, em 2012.
A veia ofensiva do quarteto de frente do galo foi o destaque do atual campeão da América em seu caminho para tal. A movimentação de Bernard, Ronaldinho, Jô e Tardelli deixou muitas defesas perdidas, além de fazer a torcida vibrar inúmeras vezes. Já o vizinho azul montou praticamente todo o seu time e elenco em 2013, sob a orientação do treinador Marcelo Oliveira, que também assinou em 2013. Nilton, Bruno Rodrigo, Ricardo Goulart, Dedé, Dagoberto, Éverton Ribeiro e Júlio Baptista são alguns dos nomes que chegaram neste ano ao Cruzeiro. Diego Souza, outra negociação badalada, não deu certo e foi trocado pelo ex-corintiano Willian - que se tornou importantíssimo na campanha cruzeirense - com o Metalist, da Ucrânia. O recheado plantel explica a principal característica da raposa no caminho para o título: a rotatividade do time titular. Os onze iniciais alteravam-se constantemente, apesar do técnico contar com uma base fixa.
No fechamento do ano, contudo, o tão esperado jogo Atlético vs Bayern de Munique acabou por não acontecer. À exemplo do Internacional, em 2010, o representante sul-americano do mundial de clubes não passou da semifinal e não pode medir forças com o campeão europeu, classificado para a decisão. Ainda que a derrota do galo para o Raja Casablanca, campeão Marroquino, por 3 a 1, não represente a falência do futebol brasileiro, como proposto por alguns, esta mostra que a vitória do congolês Mazembe em 2010 era mais do que um infeliz episódio isolado de pequena probabilidade de acontecer novamente. Assim como, em Copas do Mundo, nenhuma grande seleção pode encarar como fácil uma partida contra Chile, Nigéria, México, Japão ou Croácia, por exemplo, a semifinal do mundial de clubes mais ser tomada como preliminar. A preparação de um time brasileiro para o torneio deve ser para os dois jogos, e não somente para o possível, mas não garantido, confronto com o campeão europeu.
Deve entristecer-se sim, o torcedor atleticano. Porém, este deve também lembrar que esta mesma temporada abrigou a maior conquista de seu clube, e de maneira nenhuma as lágrimas de tristeza após a eliminação na semifinal do mundial devem ter mais significado do que as de alegria, derramadas pelo título da Libertadores. Se o futebol brasileiro continua no mesmo degrau, o de Minas Gerais subiu algumas escadas em 2013. Enquanto as taças não ganham outro dono, poderá se ler na bandeira do futebol mineiro a frase ''Libertadores e brasileirão também''.