quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A semente: Quem manda no futebol brasileiro?


       Dentro de campo, Alex dispensa apresentações. O meia, após fazer história no Palmeiras e no Cruzeiro, desfilou seu futebol em gramados turcos por pouco mais de oito temporadas. Já com 35 anos, retornou ao clube que o revelou, o Coritiba, e vem conduzindo a equipe paranaense na campanha que coloca o time entre os quatro melhores colocados do Campeonato Brasileiro. No entanto, quem pensa que a complacência é o segredo de tanto sucesso, se engana. Alex, não tendo receio de expressar sua opinião, afirmou, em recente entrevista, que a CBF é apenas uma sala de reuniões, e quem realmente cuida do futebol brasileiro é a Globo.
       Entre outros desabafos concedidos ao diário Lance!, este se sobressaiu, por expor uma suposta e preocupante condição de nosso futebol, o qual, apesar de todo o potencial econômico e esportivo que apresenta, fica aquém do aceitável em quesitos de organização, estrutura, planejamento e formulação de um produto que interesse aos mais variados países fãs do esporte que o Brasil tem como preferido. Quando algo de positivo acontece, por aqui, o motivo de tal melhora costumeiramente está longe de ser uma ideia planejada pela Confederação Brasileira de Futebol, com o claro intuito de promover a evolução das competições nacionais.
       A ilustração desse lamentável panorama são alguns dos estádios construídos para a Copa do Mundo do ano que vem. O Brasil assistiu à reformulação do conceito de arenas futebolísticas ao redor do mundo calmamente, e só ''decidiu'' fazer parte deste movimento de modernização quando lhe foi imposto. Não há um projeto verdadeiramente funcional voltado ao desenvolvimento dos clubes, seja em suas estruturas, condução financeira ou venda de ingressos. A falta de metas a serem atingidas comumente pelos clubes e, assim, pelo futebol brasileiro como um todo, é grave e assusta.
       A situação é ainda mais alarmante, pois o problema dos estádios continua. Alguns dos recém construídos foram entregues a consórcios de administração privados. Altamente criticados, os grupos não são capazes de organizar simples partidas da liga nacional em suas posses - erguidas com dinheiro público, vale lembrar -, e aberrações, como o Consórcio Maracanã estudar devolver o estádio de mesmo nome ao governo do estado acontecem. Jogos com públicos pífios, algo corriqueiro, acontece até mesmo nas novas arenas. Um estádio de última geração abrigando uma partida com um décimo de sua capacidade total é a imagem perfeita do grande potencial que o futebol brasileiro possui, mas que lhe é negado atingir pelo descaso do órgão ''competente'', que trata o que deveria cuidar com enorme zelo com negligência, menosprezo e desdém.
       Ao expressar seu ponto de vista, Alex abre portas para um possível futuro em que pessoas realmente interessadas em cuidar do rumo de nosso futebol façam-no. Quem sabe, quando pendurar as chuteiras, o meia possa se aventurar no venenoso mundo que ajudou a expor, e ajudar a semente que plantou a não morrer no podre terreno contaminado por anos e anos de má gestão, desonestidade e completa negligência para com o futebol brasileiro.

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