O ‘‘erro’’ de Rosberg
O clima na equipe Mercedes
de F1 estava muito tranquilo para assim permanecer. Dominante na atual
temporada da categoria máxima do automobilismo, os carros da equipe alemã
lideraram todas as voltas dos seis grandes prêmios até agora disputados,
colecionando todos os troféus de primeiro colocado das corridas deste ano. A
situação é cômoda para os fãs da equipe, que cansam de ver a flecha de prata ganhar,
estabelecendo um início de temporada que Sebastian Vettel, atual tetracampeão,
nunca teve o privilégio de vivenciar. Nico Rosberg e Lewis Hamilton, porém, começam
a dar sinais do desgaste promovido pelo fato de um carro da Mercedes ser a única
competição que ameaça o outro carro da Mercedes.
A partir do momento que se
evidenciou o domínio da equipe germânica, um verdadeiro bombardeio da história
de Rosberg e Hamilton juntos foi promovido pela imprensa. Os atuais líder e
vice-líder do campeonato de F1, respectivamente, até competiram juntos no kart,
quando ainda estavam bem longe de ter uma habilitação, e mais distantes ainda
de dividir o Box de uma grande equipe de fórmula 1. A Mercedes aproveitava a
onda, e divulgava peças publicitárias que mostravam sua dupla de pilotos
sorrindo e brincando entre si. Aí chegou Mônaco.
Ao melhor estilo do seu
compatriota Michael Schumacher, que tem a frase ‘‘continue lutando’’ seguida de
seu nome estampada no carro da Mercedes – desejo o qual esta coluna
compartilha, bem como sua total recuperação – Rosberg ‘‘errou’’ em sua última
volta lançada da sessão classificatória do Grande Prêmio de Mônaco, saindo da
pista. A primeira posição, devido à volta anterior, era sua, e não mais seria se
Hamilton completasse sua volta rápida, ao que tudo indica. A bandeira amarela
causada pela escapada de Nico, ironicamente, o garantiu a comemoração da pole
position após o treino, enquanto o rosto de seu companheiro de equipe não
escondia o incômodo causado pela situação.
As aspas de Hamilton no
dia seguinte também denunciavam a nova situação da Mercedes. Para citar apenas
uma, Lewis disse ‘‘gostar da maneira que Senna lidou’’, referindo-se ao embate
Senna-Prost, que dispensa mais comentários ao definir até onde pode chegar
um confronto entre pilotos de uma mesma equipe, sugerindo que o leite cor-de-prata
da Mercedes pode azedar a tal ponto. O que é certo, porém, é que o clima na
virtual campeã de construtores de 2014 não é mais o mesmo. O verdadeiro paraíso
entre os dois pilotos que foi o início de temporada terminou, e Mônaco tem tudo
para se confirmar como o divisor de águas entre uma boa relação de amigos que
passam a ser somente companheiros de equipe.
O domínio da equipe alemã
é tão grande, que uma muito potencial guerra não deve evitar os títulos da
equipe e de um de seus pilotos, mas o campeonato de F1 de 2014, antes monótono,
ganha um ingrediente que o torna um dos mais atrativos dos últimos anos. Caso o
embate se confirme, não será possível prever o que cada corrida reserva na
disputa pessoal dos dois pilotos da flecha de prata, ainda mais com a última
etapa do ano valendo o dobro dos pontos. A Mercedes que não se meta a tentar um
‘‘jogo de equipe’’, dando ordens aos seus pilotos. Até porque, não há dúvidas
de que estas serão prontamente ignoradas. Sorte do telespectador.
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